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sexta-feira, 16 de junho de 2023

Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water, 2022)

Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water, 2022). Dir: James Cameron. Disney+. O filme tem três horas e quinze minutos de duração que, confesso, assisti em três capítulos de uma hora, como uma série de TV. James Cameron lançou o primeiro Avatar em 2009, tanto tempo atrás, cinematograficamente falando, que sinceramente não imaginei que alguém ainda estivesse interessado no tema. Cameron tem a habilidade de provar que a gente está errado e, quem diria, muita gente foi assistir a esta continuação; não só isso, esses dias a Disney anunciou que o último filme da saga (a quinta parte, creio) vai ser lançada em 2031.

Ok, quanto ao filme. "O Caminho da Água" me pareceu mais um documentário da National Geographic sobre a vida marítima do planeta Pandora do que um filme de ficção. Há uma trama (bem leve) dramática, mas Cameron está tão apaixonado por seu planeta (e pelo aparato tecnológico necessário para criá-lo) que grande parte das três horas de filme é composta por longas sequências passadas nos oceanos de Pandora, observando sua vida marinha, seres que piscam e brilham no escuro, ou gigantescos animais chamados Tulkun, ou seres híbridos (marinhos e aéreos), que os habitantes usam para se locomover, etc. Há também todo um lado "espiritual" de propaganda do Boticário sobre a "Grande Mãe", e a comunhão entre todos os seres, e como o ser humano (chamado de Sky People) é uma espécie de praga que destrói tudo que toca.

O visual é realmente impressionante. A computação gráfica hoje pode criar qualquer coisa que você imaginar e Pandora é visualmente rica, cheia de cenários grandiosos, eclipses no céu e paisagens submarinas. Em meio a tudo isso, Cameron tem que contar uma história, que é bem simples; o vilão do primeiro filme (interpretado por Stephen Lang) está de volta a Pandora, só que agora habitando um corpo azul dos Na´vi, e ele jurou vingança contra Jake Sully. Jake pega a família e sai da região de florestas vista no primeiro filme e vai para a região aquática. Zoe Saldaña, que faz a esposa Na´Vi de Jake, Neytiri, fala bem pouco durante todo o filme (imagino que ela estava ocupada com outras produções e só seu avatar, literalmente, aparece aqui).

Cameron sabe criar boas cenas de batalha e perseguição e a hora final é composta por uma longa cena de luta. Há vários momentos em que ele recicla filmes anteriores, como "Titanic" (quando um grande navio militar está afundando e os personagens estão presos dentro) ou "Exterminador do Futuro" (o cenário clichê de luta em um ambiente escuro e industrial). Vale a pena assistir? Confesso que tive zero vontade de ver nos cinemas. Na TV, como disse, vi em capítulos. É visualmente bem feito e, naquele modo National Geographic de ser, tem belas imagens submarinas. Mas mal me lembro do nome dos personagens e, sinceramente, não me deixou com vontade de ver o que vai acontecer em seguida. Disponível na Disney+. 

sábado, 28 de janeiro de 2017

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, 2016)

O sangue tem um papel muito importante em "Até o Último Homem", o primeiro filme dirigido por Mel Gibson em dez anos. Quando Desmond Doss (Andrew Garfield) conhece a mulher que vai ser sua futura esposa, ele está coberto do sangue de um rapaz que havia sofrido um acidente. Ela é enfermeira e ele se apaixona imediatamente; para ficar um pouco mais de tempo com ela, diz que veio doar sangue. No primeiro encontro dos dois, no cinema, ele pergunta qual a diferença entre uma veia e uma artéria.

Mel Gibson, super astro de filmes de ação dos anos 1980 ("Mad Max", "Máquina Mortífera") e diretor vencedor do Oscar nos anos 1990 ("Coração Valente") ficou na "geladeira" em Hollywood por vários anos por conta de declarações racistas e anti semitas. O antigo galã de filmes de ação revelou um lado religioso até então desconhecido no blockbuster "A Paixão de Cristo" (2004) em que a morte de Jesus foi mostrada da forma mais sangrenta da história do cinema. Em 2006, lá estava o sangue presente em abundância nos sacrifícios humanos de "Apocalypto". Gibson retorna como grande diretor em um belo filme de guerra, naturalmente coberto de sangue, que conta a história real de Desmond Doss (Garfield), um Adventista do Sétimo Dia que, na 2ª Guerra Mundial, se recusou a tocar em armas. É o tema perfeito para o retorno de Mel Gibson, um filme que mistura religião, sacrifício e muita, muita violência.

Desde "O Resgate do Soldado Ryan" (Steven Spielberg, 1998) que a guerra não era mostrada de forma tão gráfica. Ao contrário do filme de Spielberg, Gibson não mergulha imediatamente na carnificina. O filme passa um bom tempo mostrando a vida de Doss antes da guerra, na Virgínia, em que as belas paisagens campestres contrastavam com a violência doméstica causada pelo pai bêbado (Hugo Weaving, em boa interpretação). Há também um bom período passado no treinamento no quartel e na luta ético/jurídica que Desmond enfrentou por causa de sua decisão de não só se recusar a matar, mas em sequer tocar em uma arma. Um bom grupo de coadjuvantes (liderado por Vince Vaughn e Sam Worthington) interpreta os companheiros de farda de Desmond e, a princípio, concordamos com eles que a atitude de Desmond parece uma maluquice. O bom roteiro e principalmente a interpretação de Andrew Garfield, porem, acabam por convencer a todo mundo que talvez exista lugar no campo de batalha para alguém que, ao invés de matar, quer salvar vidas (Desmond havia se alistado como médico, embora não fique muito claro o nível de conhecimento exigido para o trabalho, já que o filme o mostra como um auto-didata esforçado).

A carnificina começa quando os soldados desembarcam em Okinawa, Japão, e enfrentam um inimigo violento e obstinado. Gibson não desvia a câmera ao mostrar centenas de soldados sendo baleados, mutilados, atravessados por baionetas ou explodidos por granadas. Há um bocado de cenas mostrando vísceras e membros humanos espalhados pelo campo de batalha. Curiosamente, a origem sulista e o modo simples de Desmond Doss me lembrou de Forrest Gump. A sequência passada na Guerra do Vietnam, quando Gump volta continuamente para o campo de batalha para buscar companheiros feridos, aliás, parece uma sinopse do terceiro ato de "Até o Último Homem". A diferença é que Gump era um "idiota" que agia (ou melhor, reagia) ao mundo de forma inocente e sem conhecer as consequências de seus atos, enquanto que Doss sabe o inferno em que está se metendo cada vez que retorna para buscar mais um ferido.

"Até o Último Homem" foi indicado a seis Oscars, incluindo "Melhor Filme", "Melhor Diretor" (Gibson) e "Melhor Ator" (Garfield). 

João Solimeo

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Cake: Uma Razão para Viver



Jennifer Aniston, a eterna "Rachel" do seriado Friends, dá uma guinada na carreira e investe em um personagem sofrido, que lida com um trauma do passado. Aniston está bem no papel, pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro de melhor atriz dramática. Confira a crítica completa no vídeo.

domingo, 6 de junho de 2010

Fúria de Titãs

Os deuses gregos sem dúvida eram divertidos. Zeus resolveu experimentar uma de suas criações e desceu à Terra para dormir com uma mortal, o que acabou gerando um filho bastardo, o semideus Perseu. O marido traído jogou o corpo da esposa e do bebê no mar, mas Perseu foi pescado por Spyros (Pete Postlethwaite), que o criou como se fosse o próprio filho. Durante as noites de tempestade, o jovem Perseu ficava olhando os raios e sentindo que, um dia, ele seria alguém importante.

"Fúria de Titãs" é um remake "bombado" do clássico de 1981 dirigido por Desmond Davis, que contava com os efeitos especiais do lendário Ray Harryhausen. O filme dos anos 80 tinha aquele charme de Sessão da Tarde, com os efeitos em stop motion (animação quadro a quadro) de Harryhausen que não passariam vergonha nos dias de hoje. Esta nova versão, dirigida por Louis Leterrier, tem todos os vícios dos blockbusters modernos. Sofreu um "upgrade" acelerado e mal feito para 3D (para aproveitar a moda e render melhor nas bilheterias) e tem a sutileza de um ataque de Kraken. Mas não é necessariamente ruim. Apenas sofre de uma seriedade fora de lugar em um filme de aventuras como este, e um ator principal (Sam Worthington, o novo "queridinho" dos filmes de ação, de Exterminador do Futuro e Avatar) que, com seu cabelo estilo militar moderno e seu sotaque australiano, não combina muito com o papel de um herói grego.

A trama é a mesma do filme de 81. Os humanos, cansados de servir aos deuses, declaram guerra contra Zeus (Lian Neeson, em figurino reluzente de desfile de escola de samba). Mas quem quer se aproveitar da situação é o deus dos subterrâneos, Hades (Ralph Fiennes, desperdiçando talento), que decide ameaçar a cidade de Argos com sua criação, o monstro gigante Kraken. Cabe ao semideus Perseu partir em uma jornada para consultar as bruxas sobre como derrotar o monstro. No caminho ele e seus companheiros lutam contra escorpiões gigantes, enfrentam a ira de Hades e, finalmente, devem ir ao mundo dos mortos tentar cortar a cabeça da Medusa, a única chance dos humanos de derrotar o Kraken.

O filme tem um visual interessante, mas é prejudicado por uma edição mal feita e por uma total falta de ritmo. Momentos que poderiam render grandes cenas, como a destruição da estátua de Zeus e a morte dos pais adotivos de Perseu, por exemplo, são desnecessariamente acelerados. Não há espaço para nenhuma sutileza ou elegância nos poucos segundos que separam as declarações blasfemas da rainha Cassiopéia e o aparecimento de Hades, furioso, que vem lhe tirar a juventude. E fica difícil entender, na verdade, porque os humanos acham que teriam qualquer chance em uma guerra contra os deuses. Há algumas poucas (mas boas) referências ao "Fúria de Titãs" original, como um aparecimento rápido da coruja de metal do primeiro filme e no design reptílico da Medusa (que, apesar de toda tecnologia digital, não é tão eficiente quanto a versão em stop motion de Harryhausen).

E se o elenco do filme dos anos 80 contava com monstros sagrados como Laurence Olivier no papel de Zeus, Lian Neeson e Ralph Fiennes não estão muito a vontade em suas versões olímpicas. Fiennes, que também é o arquivilão de Harry Potter, está devendo papéis melhores na telona há um bom tempo.

Como filme de aventura, "Fúria de Titãs" tem seus bons momentos e serve como diversão passageira. Como curiosidade em ver com se faziam as coisas há 30 anos, baixe o filme de 1981, ou espere pela próxima reprise na Sessão da Tarde.