Era Uma Vez um Estúdio (Once Upon a Studio, 2023). Dir: Dan Abraham e Trent Correy. Disney+. Belo curta metragem de 13 minutos homenageando os 100 anos dos Estúdios Disney, completados hoje. Um conceito bem simples mas eficiente; depois que os funcionários (humanos) deixam o estúdios, Mickey e Minie saem de um quadro na parede e começam a chamar pelos personagens dos filmes Disney para tirar uma foto. São mais de 500 personagens, de clássicos feitos à mão como "Branca de Neve", "Peter Pan", "Fantasia" e "Pinóquio" a animações 3D como "Zootopia", "Big Hero 6" ou "Detona Ralph". Impossível não se emocionar quando começam a cantar "When you wish upon a star", da trilha de "Pinóquio", que é usada na vinheta do estúdio há anos (e Spielberg usou em "Contatos Imediatos do Terceiro Grau"). Achei curioso que a "Pixar" ficou de fora... mas faz sentido. É outro estúdio e, desde os anos 1990, revolucionou a indústria da animação e a própria Disney. Muito bom. Disponível na Disney+.
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domingo, 22 de outubro de 2023
Elementos (Elemental, 2023)
Elementos (Elemental, 2023). Dir: Peter Sohn. Disney+. Como vários dos últimos filmes da Pixar, parece que faltou a "Elementos" aquela revisão final no roteiro, aquele esforço extra que sempre elevou as animações do estúdio acima dos concorrentes. "Elementos" é melhor, porém, do que se falou por aí. O filme teve uma estreia ruim nos cinemas e considerado um fracasso mas, aos poucos, conseguiu se manter em cartaz e fazer uma bilheteria considerável.
A trama parece ter saído do fundo do baú de ideias do estúdio. Depois de perguntar "o que aconteceria se brinquedos tivessem sentimentos?" (substitua "brinquedos" por peixes, insetos, carros, monstros... e os próprios sentimentos, para os outros filmes da empresa), a Pixar apresenta agora o que aconteceria se os quatro elementos fundamentais, Água, Fogo, Terra e Ar convivessem em uma terra fantástica.
A criação de mundo não faz muito sentido. Vemos uma família de Fogo chegar à cidade dos Elementos; aparentemente, o Fogo é uma "raça" discriminada e eles quase não conseguem se estabelecer. Anos depois, Pai e Mãe Fogo têm uma loja em um bairro da cidade. O sonho do Pai é que a filha, Faísca, assuma a loja e, aham... "carregue a chama" da família. Faísca é uma garota esquentada que acaba conhecendo um membro do elemento água, Gota, por quem ela vai se apaixonar mas, antes... um MONTE de coisas vão acontecer. Há uma questão de um vazamento que pode destruir a loja; há um problema burocrático que, também, pode levar ao fechamento da lojinha; há uma sequência passada em uma espécie de partida de basquete, com a torcida fazendo a "onda" (entendeu?). Em suma, há um bocado de complicações que o roteiro coloca na sua frente até que, depois de quase uma hora de filme, ele se lembra que é um romance e, meio aos trancos e barrancos, Água e Faísca começam a se apaixonar.
Como disse, várias coisas não fazem muito sentido. A mãe do Gota diz à Faísca que os prédios do centro da cidade são todos feitos de vidro, o que pressupõe que o Fogo deveria ser bastante importante nessa sociedade, e não marginalizado. Fica difícil também entender o que é inflamável ou não...em algumas cenas tudo que Faísca toca se transforma em cinzas; em outras, não. Os prédios (os que não são de vidro) precisam de Terra e Água para serem construídos, mas isso nunca é mencionado. Eu sei que é um "filme para crianças", mas esse tipo de detalhe e comentário social é algo que a Pixar, nos velhos tempos, era craque em fazer, e o conceito parece desperdiçado aqui.
Mas é um filme bonitinho. Quando o romance finalmente engrena, com todas as complicações esperadas, "Elementos" fica melhor e tem um final satisfatório, embora tranquilo. Disponível na Disney+.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2022
Andor (2022)
Andor (2022). Dir: Tony Gilroy. Disney+. Escrevendo sobre algumas séries e filmes que vi este ano antes que ele acabe. "Andor" é, de longe, a melhor série baseada no universo Star Wars já feita. Esqueça fan service desnecessário, esqueça piadinhas bobas, esqueça até dos Jedi e dos sabres de luz. Não deveria ser surpresa, pois ela é baseada no melhor filme derivado de Star Wars, "Rogue One", dirigido por Gareth Edwards em 2016. O ás na manga aqui está no roteirista/produtor/diretor Tony Gilroy; diz a lenda que Gilroy resgatou "Rogue One", que tinha um roteiro perdido e sem foco, reescrevendo grande parte do filme e criando um final emocionante. Deu certo.
"Andor" volta alguns anos na história de "Rogue One" e apresenta o surgimento de um de seus heróis, Cassian Andor (Diego Luna), que está mais para um anti-herói, na verdade. Andor é um órfão que vive de golpes e pequenos roubos. Ele não tem aquele ar "perfeito" de um Luke Skywalker, muito pelo contrário. Como visto em "Rogue One", ele não pensa duas vezes antes de matar alguém a sangue frio, se isso for necessário. A série também foca no início da Rebelião contra o Império, uma época entre os três primeiros episódios de Star Wars e a trilogia composta por "Uma Nova Esperança", "O Império Contra-Ataca" e "O Retorno de Jedi".
A Rebelião é representada por um ótimo novo personagem, Luthen, interpretado pelo grande Stellan Skarsgård. Luthen é idealista, mas é também um personagem bastante ambíguo. Curiosa a participação de uma personagem secundária dos filmes originais, a Senadora Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), que é colocada em evidência aqui. A série é bastante "pé no chão"; há a sensação (bem-vinda) de que personagens importantes podem morrer a qualquer momento. A série, com 12 episódios, é dividida em alguns "blocos"; há uma história que parece ter saído diretamente de algum filme de 2ª Guerra Mundial (tipo "Comando 10 de Navarone"), quando Andor se junta a um grupo que pretende atacar uma represa e roubar uma fortuna do Império. Há também um "bloco" passado em uma prisão em que conhecemos outro bom personagem, Kino Loy, interpretado por Andy Serkis (a voz de Gollun, de "O Senhor dos Anéis"). Há episódios que lidam com os bastidores da política em Coruscant, a capital do Império, em que vemos a senadora Mothma tentando levantar dinheiro para a Rebelião; e assim por diante.
Como disse, não há em "Andor" espaço para aparições de Darth Vader ou Obi-wan Kenobi. Não há versões fofinhas de um bebê Yoda. Não há cenas com Luke Skywalker rejuvenescido em computação gráfica. O que temos é uma série com roteiros sólidos, boas interpretações e a sensação de que há realmente algo em jogo. Muito bom. Disponível na Disney+.
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segunda-feira, 14 de março de 2022
Red: Crescer é uma Fera (Turning Red, 2022)
Red: Crescer é uma Fera (Turning Red, 2022). Dir: Domee Shi. Disney+. Mais uma animação da Pixar que está indo direto para o streaming; dizem as más línguas que a Disney está tentando "enterrar" a marca Pixar... será? De qualquer forma, "Turning Red" é a estreia na direção de longa metragens de Domee Shi, que ganhou um Oscar pelo ótimo curta-metragem "Bao" (que falava sobre uma mãe que sentia falta do filho, que havia saído de casa). Aqui o tema é parecido, embora toda a sutileza do curta tenha sido trocada por um estilo acelerado e frenético.
A personagem principal é uma garota de treze anos chamada Meiling (voz de Rosalie Chiang). Ela é de uma família chinesa (olha a Pixar mirando no mercado da China) que mora em Toronto, Canadá. A mãe (voz de Sandra Oh) é super controladora e a menina faz de tudo para ser "perfeita"; só que ela está com 13 anos e os hormônios começam a tomar conta. A trama é bastante feminina, de forma até ousada para os padrões da Pixar (não estamos mais no mundo de "Monstros S.A."). O caso é que a menina é "abençoada" por uma magia familiar que faz com que as mulheres se tornem um grande panda vermelho quando atingem a puberdade. A metáfora com a menstruação é bem óbvia (a mãe controladora chega a envergonhar a menina levando absorventes para a escola, na frente de todos os colegas).
A trama é passada em 2002 (ou seja, é um "filme de época", socorro, estou velho), mas algumas gírias e atitudes me pareceram bem atuais. Mei tem três amigas que, como ela, são apaixonadas por uma "boys band" chamada "4 Town", e tudo o que elas querem é ir ao show que eles vão fazer na cidade. Só que Mei se tornou um panda vermelho gigante... e agora? Pode parecer simples, mas debaixo da edição frenética, das músicas pop da trilha (compostas por Billie Eilish) e do colorido de "anime" há uma trama emocionante sobre uma menina querendo se tornar uma mulher independente. Não é um conceito novo, longe disso, mas é bem feito. Tenho a sensação de já ter visto parte desta história antes, seja em "A Caminho da Lua", animação de Glen Keane, ou no filme da Awkwafina, "A Despedida", ambos falando sobre uma garota chinesa lidando com a família controladora. É um dos filmes mais adolescentes (e femininos) da Pixar. Disponível na Disney+.
sábado, 5 de março de 2022
Luca (2021)
Luca (2021). Dir: Enrico Casarosa. Disney+. Ok, eu estava errado. Resolvi rever "Luca", da Pixar, despreocupadamente e o achei bem melhor do que da primeira vez. Como disse no outro texto, o nome "Pixar" levanta muitas expectativas, o que me fez achá-lo simples demais, feito só para crianças. Não é bem assim. Retiradas as expectativas, "Luca" é simples, sim, mas de forma singela; os personagens poderiam ter mais profundidade (sem trocadilhos), mas há uma leveza e inocência que eu não senti na primeira exibição.
Ao contrário da maioria dos roteiros da Pixar, que são sempre muito bem construídos (situação "A" leva a situação "B" que se resolve lá para o final, etc) em "Luca" as situações parecem que simplesmente vão acontecendo. Há uma questão de pai ausente que não se explica ou parece sem resolução, mas na verdade o garoto Alberto acaba ganhando um pai adotivo no pai da garota Giulia. Ainda acho que o vilão Ercole merecia uma história de fundo para explicar suas motivações, mas ele é simplesmente uma figura patética de um rapaz que já não é mais criança e age como um garoto mimado.
Por fim, tecnicamente o filme é muito bonito, a animação em computação gráfica chegou a um nível em que parece realmente desenhada e pintada à mão, os garotos têm um visual "cartunesco" que é interessante e aquela vila de pescadores é simplesmente linda. "Luca" está indicado ao Oscar de Melhor Animação, mas tudo indica que vá perder para o (muito) inferior "Encanto". Disponível na Disney+.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
Eternos (Eternals, 2021)
Eternos (Eternals, 2021). Dir: Chloé Zhao. Disney+. Acho que o título apropriado seria "EternoZZZzzzzz...". Tentativa da Marvel de fazer um filme de heróis mais "artístico", "Eternos" decepciona pelas oportunidades perdidas. É certamente ambicioso... o roteiro tenta abarcar uma história de 5 mil anos em que os tais "eternos" foram enviados à Terra para lutar com os "Deviantes" (monstros CGI que me lembraram "Depois da Terra"). Há tramas envolvendo seres "celestiais", a influência que "deuses" teriam na evolução do ser humano, etc, tudo embalado em belíssimas paisagens filmadas em IMAX. A câmera de Chloé Zhao emula Terrence Malick e abusa de planos em grande angular, flutuando sobre dunas, florestas, cidades. Lindo.
O problema é que o roteiro tenta abarcar mais do que consegue. O tom varia muito; logo depois que uma personagem importante morre e o filme deveria ficar sério, vemos várias sequências "cômicas" envolvendo um "eterno" que virou um astro do cinema indiano em "Bollywood". Pouco depois estão todos fazendo piadas ao redor de uma mesa, citando "Os Vingadores". Discussões sobre a influência maléfica da tecnologia (e uma cena da destruição atômica em Hiroshima) fazem par com uma cena ridícula em que uma "eterna" mostra a outro um app que deixa o rosto dele mais velho.
E o filme é interminável. Não tenho problema nenhum com filme de super herói (me diverti muito com o último Homem-Aranha) ou com filmes com ambições artísticas ("Duna" é maravilhoso), mas "Eternos" não é direito nem uma coisa, nem outra. "Eternos" levou uma surra de crítica e público e eu achei que o crédito final, que diz que eles vão voltar, foi otimista demais. Disponível na Disney+.
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terça-feira, 11 de janeiro de 2022
Encanto (2021)
Encanto (2021). Dir: Jared Bush, Byron Howard, Charise Castro Smith. Disney+. Animação bem fraquinha da Disney (o 60º longa metragem do estúdio). O filme ficou meio escondido do público e críticos até perto do lançamento (o que nunca é bom sinal), e mesmo colegas experts em Disney não faziam ideia sobre o quê era o animado. Bom, ele é sobre muita coisa... e sobre nada.
Na Colômbia vive a família Madrigal. Todos eles (menos uma pessoa) têm poderes especiais... uma mulher é super forte, outra pode curar doenças, um rapaz pode se transformar em qualquer outra pessoa, etc. De tempos em tempos há uma "cerimônia" em que um membro da família vai descobrir os poderes especiais que ele tem. Só que quando chega a vez de Mirabel (voz de Stephanie Beatriz), ela não recebe nenhum poder. Por que? Não se sabe direito; o caso é que os poderes dos outros também começam a falhar, a casa em que eles vivem apresenta rachaduras, um tio "desaparecido" reaparece misteriosamente, um pretendente à mão de uma irmã aparece na hora errada e... legal, mas porquê eu não estou nem um pouco interessado no que está acontecendo?
Há várias canções (do grande Lin-Manuel Miranda, que estava sem inspiração) bem chatinhas que surgem do nada e mais atrapalham do que ajudam. Não há um vilão nem muita razão para qualquer coisa acontecer, mas o roteiro tenta disfarçar com muitas cores, números musicais e um final com "mensagem". Bocejos. Disponível na Disney+.
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward, 2020)
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward, 2020). Dir: Dan Scanlon. Disney+. Confesso que conhecia pouco sobre esta animação. Foi lançada nos cinemas pouco antes da pandemia, fracassou nas bilheterias e foi parar na Disney+. Fiquei surpreso quando foi indicada ao Oscar de Melhor Animação. Resolvi visitar agora na Disney+ e me surpreendi positivamente. Não tem muito a "cara" de uma animação da Pixar, é mais urbana e adolescente, mas o roteiro é honesto e, coisa rara, ele melhora conforme avança.
A trama se passa em um mundo de fantasia em que a mágica se perdeu por causa das facilidades do mundo moderno, como lâmpadas elétricas, carros e outras comodidades. Ainda há elfos, centauros, dragões e coisas do tipo, mas estão todos "civilizados". O roteiro segue a vida de dois irmãos, Ian (voz de Tom Holland) e Barley (Chris Pratt); Ian, o mais novo, é tímido e inseguro. Barley, o mais velho, é confiante, falastrão e acredita piamente em magia e no poder dos velhos tempos. Os dois descobrem que o pai (que morreu quando Ian era bebê) deixou para eles um cajado mágico e um encantamento que permitiria que ele voltasse à vida por 24 horas. Só que a magia dá errado e apenas metade do pai (basicamente só as pernas) volta do além. Cabe aos irmãos partir em uma jornada atrás de uma pedra mágica que traria o pai, inteiro, de volta.
Como disse, o filme fica melhor conforme avança. A aventura dos irmãos é divertida e o filme, como todo produto Pixar, é tecnicamente muito bem feito. O bom trabalho de voz de Tom Holland e Chris Pratt é acompanhado por Julia Louis-Dreyfuss e Octavia Spencer, entre outros. Talvez não vire um clássico, mas é uma boa aventura. Disponível na Disney+.
A trama se passa em um mundo de fantasia em que a mágica se perdeu por causa das facilidades do mundo moderno, como lâmpadas elétricas, carros e outras comodidades. Ainda há elfos, centauros, dragões e coisas do tipo, mas estão todos "civilizados". O roteiro segue a vida de dois irmãos, Ian (voz de Tom Holland) e Barley (Chris Pratt); Ian, o mais novo, é tímido e inseguro. Barley, o mais velho, é confiante, falastrão e acredita piamente em magia e no poder dos velhos tempos. Os dois descobrem que o pai (que morreu quando Ian era bebê) deixou para eles um cajado mágico e um encantamento que permitiria que ele voltasse à vida por 24 horas. Só que a magia dá errado e apenas metade do pai (basicamente só as pernas) volta do além. Cabe aos irmãos partir em uma jornada atrás de uma pedra mágica que traria o pai, inteiro, de volta.
Como disse, o filme fica melhor conforme avança. A aventura dos irmãos é divertida e o filme, como todo produto Pixar, é tecnicamente muito bem feito. O bom trabalho de voz de Tom Holland e Chris Pratt é acompanhado por Julia Louis-Dreyfuss e Octavia Spencer, entre outros. Talvez não vire um clássico, mas é uma boa aventura. Disponível na Disney+.
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domingo, 20 de junho de 2021
Luca (2021)
Luca (2021). Dir: Enrico Casarosa. Lançado diretamente na Disney+, esta animação da Pixar realmente está mais para um "filme de TV" do que para um lançamento de cinema. O nome "Pixar" traz um monte de expectativas, claro, então talvez "Luca" receba uma crítica menos favorável minha do que se fosse de qualquer outro estúdio. O visual, claro, é lindo. Passado na costa da Itália, a animação mostra um mundo ensolarado, de cores quentes, em que a gente pode imaginar as pessoas vivendo dentro de cada casinha daquela vila de pescadores. O mundo submarino também é bonito, embora a Pixar já o tenha explorado melhor em "Procurando Nemo" (2003).
"Luca" trata de criaturas que são "monstros do mar" quando estão embaixo d´água, mas que adquirem a forma humana quando estão em terra. O personagem título, Luca (voz de Jacob Tremblay) é um garoto que (como a Pequena Sereia) sonha em conhecer o mundo terrestre. Assim como Ariel, ele coleciona objetos que caíram dos barcos, como um relógio, um copo, etc. Um dia ele conhece outro garoto chamado Alberto (Jack Dylan Grazer) que também é um "mostro do mar" mas que gosta de viver na superfície, em uma pequena ilha. Os dois formam uma grande amizade e sonham em ter uma Vespa (a icônica scooter italiana) para conhecer o mundo. Eles então partem para um vila próxima (chamada Portorosso, no que me parece uma homenagem à animação de Hayao Miyazaki, "Porco Rosso").
É tudo bem leve e, no mau sentido, "para crianças", coisa que a Pixar não costuma fazer. O roteiro lança um bocado de ideias que são esquecidas ou deixadas de lado (por exemplo, Alberto diz que seu pai simplesmente o abandonou e foi embora; por que? Quem era ele?). Há uma garota, Giulia (Ema Berman), que quer vencer uma competição local de natação, bicicleta e comer macarrão (risos); ela faz amizade com Luca e Alberto e os recruta para a competição, mas o roteiro parece usá-la mais para criar intriga entre os garotos do que para ser uma personagem de verdade. Há um vilão chamado Ercole (Saverio Raimondo), que é o valentão da cidade... e só. Roteiros da Pixar costumam ser muito mais elaborados (às vezes, até demais), mas aqui temos apenas motivações genéricas dos garotos (serem "livres"), da menina ("vencer") e do vilão (ser um vilão). Há quem diga que a trama é, no fundo, uma alegoria LGBT, e você até pode ver o filme por esta ótica (embora a amizade entre os dois garotos seja bem platônica).
Resumindo, "Luca" é visualmente belo e é "bonitinho", para crianças. Poderia ter sido muito mais. Disponível na Disney+.
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Moana (2016)
"Moana" é dirigido pelos lendários Ron Clemments e John Musker, que foram responsáveis pelo ressurgimento da Disney nos anos 1980 e 1990 com filmes como "A Pequena Sereia" (1989), "Alladin" (1992) e "Hércules" (1997). Eles dirigiram outros filmes juntos mas "Moana" é a primeira animação da dupla na era da computação gráfica e do 3D. Musker e Clemments trouxeram muitas das técnicas tradicionais da animação da Disney (da época em que ainda se desenhava com lápis e papel) e adaptaram ao novo processo em computação gráfica e o resultado é visualmente impressionante.
A trama, por outro lado, não é muito inovadora. Moana é uma garota que vive em uma ilha da Polinésia. Ela é filha do chefe da tribo e está destinada a ser a líder do grupo quando crescer. Mas (adivinhem?) ela sente que o destino dela está em outras paragens, além do horizonte infinito do mar, para onde ela sempre se sente atraída. Lendas também falam de um semi-deus chamado Maui que teria roubado uma pedra que seria o coração da criadora do mundo. Quando a colheita e os peixes começam a ficar escassos, Moana parte em um barco em busca de Maui para devolver a pedra à sua origem e trazer a fartura de volta ao seu povo.
Este primeiro ato, em minha opinião, é a melhor parte do filme. Os personagens são muito envolventes e há momentos bastante tocantes e mesmo épicos como quando Moana, auxiliada pela avó, descobre em uma caverna escondida na montanha que seu povo era originalmente formado por exploradores. No presente, no entanto, seu pai a proíbe de ir além dos recifes próximos.
Curiosamente, o filme perde um pouco do encanto quando Moana deixa seu lar e encontra Maui em uma pequena ilha no meio do oceano. Na versão original em inglês (boa sorte em tentar encontrar uma sessão que não seja dublada) Maui é interpretado por Dwayne Johnson, o "The Rock", o que deve fazer muita diferença na forma como o personagem é visto. Maui é convencido e orgulhoso, o que é interessante por alguns minutos, mas depois se torna repetitivo. O que havia de épico na jornada de Moana no primeiro ato se dilui com a chegada de Maui e o filme perde bastante do seu ritmo. Maui e Moana passam o resto do filme discutindo constantemente ou trocando piadas em longas cenas que, repito, chegam a cansar, o que é uma pena. Apesar disso, "Moana" ainda é uma animação acima da média e um filme bastante bonito e divertido.
Curiosamente, o filme perde um pouco do encanto quando Moana deixa seu lar e encontra Maui em uma pequena ilha no meio do oceano. Na versão original em inglês (boa sorte em tentar encontrar uma sessão que não seja dublada) Maui é interpretado por Dwayne Johnson, o "The Rock", o que deve fazer muita diferença na forma como o personagem é visto. Maui é convencido e orgulhoso, o que é interessante por alguns minutos, mas depois se torna repetitivo. O que havia de épico na jornada de Moana no primeiro ato se dilui com a chegada de Maui e o filme perde bastante do seu ritmo. Maui e Moana passam o resto do filme discutindo constantemente ou trocando piadas em longas cenas que, repito, chegam a cansar, o que é uma pena. Apesar disso, "Moana" ainda é uma animação acima da média e um filme bastante bonito e divertido.
João Solimeo
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terça-feira, 23 de junho de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Tomorrowland (2015)
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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Operação Big Hero
Parece que você está assistindo a dois filmes diferentes. "Operação Big Hero" (Big Hero 6) é, ao mesmo tempo, um terno filme sobre a amizade entre um garoto e um robô, por um lado, e um blockbuster de super-herói da Marvel, por outro.
Explica-se. A Disney comprou a Marvel há alguns anos e, precisando de conteúdo, pediu a seus executivos que vasculhassem o vasto arquivo da fábrica de heróis por alguma coisa que pudesse se transformar em um produto Disney. Encontraram "Big Hero 6", uma HQ produzida no final dos anos 1990 que só era conhecida pelos aficionados pelo gênero, o que dava carta branca para que a história original (que era adulta) pudesse ser mudada e adaptada para a sensibilidade dos espectadores dos estúdios Disney.
O resultado é um filme vibrante, vivo e colorido, com fartas doses de influência oriental. A história se passa na cidade de San Fransokyo, uma interessante mistura da cidade costeira americana com a capital do Japão. A famosa ponte Golden Gate, por exemplo, tem formas orientais, os neons estão escritos em japonês e até os personagens têm nomes japoneses, como Hiro Hamada, um garoto prodígio de 13 anos que gosta de competir em lutas clandestinas de robôs.
Um dia seu irmão mais velho, Tadashi, o leva até uma universidade que é o paraíso dos nerds, em que adolescentes de várias idades desenvolvem bicicletas flutuantes e outras coisas do gênero. O projeto de Tadashi é um robô médico chamado Baymax, que se parece com um marshmallow gigante. Tudo no robô inspira calma e tranquilidade e a função dele é tratar da saúde das pessoas. (leia mais abaixo)
Após um prólogo relativamente longo uma tragédia se abate sobre Hiro, que perde o irmão em um incêndio e herda dele o robô de fala tranquila. A relação entre os dois é muito interessante e tem influências claras de histórias como "E.T.", "Meu amigo Totorô", "Gigante de Ferro", "Como treinar seu dragão", entre outras. O filme provavelmente poderia ter sido apenas sobre isto, mas a partir de certo ponto o roteiro parece se lembrar que é também uma aventura da Marvel e o tom do filme muda radicalmente para a ação desenfreada.
O design japonês me lembrou muito Osamu Tezuka, criador de Astro Boy e dezenas de outros personagens de mangás e animês. "Operação Big Hero" tem um pouco de tudo e certamente vai agradar a diversas plateias, de crianças a adultos. Pessoalmente preferiria que o filme tivesse ficado mais no lado dos sentimentos e menos no lado aventura da Marvel, mas é questão de gosto (e de mercado). Também acho que teria sido melhor, do ponto de vista do estúdio, lançá-lo como um produto da Pixar (que já fez o ótimo "Os Incríveis") do que interromper a tradição dos "filmes de princesas" da Disney. É um bom filme, com visual impressionante (San Fransokyo parece viva e pulsante como uma cidade de verdade) e bons personagens. Sem dúvida haverá continuações em breve.
João Solimeo
João Solimeo
segunda-feira, 17 de março de 2014
Walt nos bastidores de Mary Poppins
Há 50 anos, em 1964, os estúdios de Walt Disney lançaram "Mary Poppins", um musical estrelado por Julie Andrews e Dick Van Dyke. O filme rendeu mais de cem milhões de dólares, ganhou 5 Oscars e se transformou em um clássico infantil. Poucos sabem quem é a criadora original da personagem e o quão difícil foi para Disney conseguir os direitos para fazer o filme. Mary Poppins apareceu pela primeira vez em um 1934, fruto da imaginação da escritora P.L. Travers, uma mulher enigmática que se passava por inglesa mas, na verdade, era uma australiana chamada Helen Goff.
As filhas de Disney teriam se apaixonado pela história quando crianças e Walt passou os próximos 20 anos tentando convencer a escritora a lhe vender os direitos autorais. É preciso notar que Disney criou um império com animações baseadas em histórias de domínio público, como "Branca de Neve", "Cinderella" ou "A Bela Adormecida", e era um homem acostumado a ter controle sobre suas produções. P.L. Travers (interpretada muito bem por Emma Thompson) desprezava os desenhos animados de Disney (Tom Hanks, "Capitão Philips"), mas concordou em viajar para Los Angeles, em 1961, para se sentar com os roteiristas e tentar chegar a um acordo. Mas ninguém imaginaria com qual fúria Travers defenderia seu personagem. Segundo o filme, ela exigia que todas as reuniões fossem gravadas e implicava com tudo, do bigode usado pelo Sr. Banks até o uso da cor vermelha, que ela não permitia que fosse usada no filme; ela nem queria ouvir falar nas cenas com animações que Disney planejava fazer. (leia mais abaixo)
"Walt nos bastidores de Mary Poppins" (o título explicativo horroroso escolhido por aqui para "Saving Mr. Banks") é uma versão simpática (e bastante ficcional) do confronto entre estas duas mentes criativas e teimosas. O filme foi feito pelos próprios estúdios Disney, e era de se esperar que a trama fosse pintada com cores mais leves e otimistas do que deve ter sido a história real. O roteiro de Kelly Marcel e Sue Smith misturam, com diferentes graus de sucesso, a história da infância de Travers, na Austrália, com sua viagem para Hollywood. O pai da escritora (interpretado por um surpreendente Colin Farrell) era um homem sonhador que arrastou esposa e três filhas para uma zona rural nos confins da Austrália. Apesar de amoroso com as filhas, ele sofria com o alcoolismo, que destruiu sua vida. Estas cenas são intercaladas com cenas de Travers nos anos 1960, lutando por manter Mary Poppins intacta contra o que julgava ser uma "Disneyficação" da personagem. Após muitas discussões e uma boa dose de sacrifício do próprio Walt Disney, tudo termina em um obrigatório final feliz. Para este filme, funciona.
Quem pesquisar sobre a história real, no entanto, vai descobrir que não foi bem assim. A história de P.L. Travers renderia muito mais do que um problema freudiano com o pai alcoólatra. Em 1939, ela adotou um garoto de uma família irlandesa, mas não lhe contou a verdade. Segundo este bom documentário da BBC, quando P.L. Travers estava em Hollywood fazendo um filme sobre uma tradicional família inglesa, o filho adotivo estava preso na Inglaterra por dirigir embriagado. Há também rumores de que Travers era homossexual. Nada disso está no filme. A relação com Disney foi ainda mais complicada; Travers teria odiado "Mary Poppins" e, mesmo depois da première em Los Angeles, teria tentado fazer Disney tirar as sequências animadas. Por outro lado, o documentário conta que o contrato da escritora lhe dava direito a 5% da renda do filme, o que a deixou milionária para o resto da vida.
Como ficção, no entando, "Walt nos Bastidores de Mary Poppins" é agradável. O elenco é ótimo (apesar de Tom Hanks não parecer muito Walt Disney) e a recriação de época é bastante fiel. P.L. Travers, no entanto, teria odiado este filme.
Câmera Escura
Como ficção, no entando, "Walt nos Bastidores de Mary Poppins" é agradável. O elenco é ótimo (apesar de Tom Hanks não parecer muito Walt Disney) e a recriação de época é bastante fiel. P.L. Travers, no entanto, teria odiado este filme.
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terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Frozen: Uma Aventura Congelante
"Frozen" foi entusiasticamente recebido pelo público americano, o que fez os estúdios Disney soltarem não só um grito de alegria como de alívio. Desde a fusão com os estúdios Pixar a Disney anda com problemas de identidade. A empresa tem um longo e tradicional passado por trás mas, ao mesmo tempo, tenta ser moderna e revolucionária como a irmã mais nova. Não ajuda muito o fato de que John Lasseter, o gênio por trás de sucessos como "Toy Story", na Pixar, hoje comande as duas companhias. O sucesso inesperado de "Frozen" parece ter trazido novo fôlego ao estúdio. (O filme venceu o Globo de Ouro de Melhor Animação no último domingo, em uma manobra que colocou o principal concorrente, a animação japonesa "The Wind Rises", na categoria de "filme estrangeiro")
"Frozen" é colorido, muito bem feito e divertido, mas o roteiro está longe da inovação e ousadia de produções anteriores da própria Disney e da Pixar, como "Valente" ou "Enrolados". Seguindo a tradição dos "filmes de princesas", a trama é levemente inspirada em uma história infantil do dinamarquês Hans Christian Andersen, "A Rainha da Neve". "Frozen" apresenta duas princesas, a sonhadora Anna e a irmã Elsa, que tem poderes mágicos. Ela é capaz de congelar as coisas com as mãos e, em uma brincadeira com Anna, quando crianças, quase congela a irmã. Isso faz com que elas sejam isoladas uma da outra no grande castelo e acabem crescendo em separado. Anos depois, já crescidas, o castelo é aberto ao povo para a coroação de Elsa. Ela sempre usa luvas para evitar congelar as coisas, mas ela perde o controle quando descobre que Anna se apaixonou à primeira vista pelo Príncipe Hans. Elsa assusta a todos os convidados e, desesperada, parte para as montanhas para viver isolada, deixando todo o reino em um inverno perpétuo. Resta a Anna ir atrás da irmã para tentar trazê-la de volta e salvar o reino. (mais abaixo)
A animação é tecnicamente bem feita. Já há alguns anos a computação gráfica atingiu um nível em que quase não é mais possível distinguir personagens feitos no computador dos tradicionais desenhos feitos à mão dos antigos longas da Disney. É também um filme feito para garotas do século XXI, com muitas canções modernas que os personagens cantam de dez em dez minutos (o filme foi claramente pensado para se tornar um musical da Broadway). Muito se escreveu sobre a ousadia do roteiro mas, repetindo, havia muito mais vontade própria e determinação em Merida, a protagonista de "Valente", do que nas duas princesas de "Frozen". Elsa e Anna, aliás, poderiam render muito mais se o roteiro lhes desse mais espaço. O humor está garantido na presença de um boneco de neve chamado Olaf, que foi protagonista de um curta-metragem exibido recentemente nos cinemas. Falando em curta-metragem, antes da exibição de "Frozen" o público assiste a um ótimo curta estrelado por ninguém menos que Mickey Mouse, com um "design" que presta homenagem aos primeiros desenhos animados feitos por Walt Disney. Quanto a "Frozen", é diversão garantida para crianças, principalmente meninas. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
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sábado, 22 de junho de 2013
Universidade Monstros
Mike Wazowski e James Sullivan estão de volta. Doze anos depois de estrelarem o filme da Pixar "Monstros S.A.", a dupla retorna às telas em uma animação que os mostra durante a adolescência, quando eram universitários. Mike (voz original de Billy Crystal) sonhava em ser um "assustador" desde criança, quando foi visitar a "Monstros S.A." em uma excursão da escola. Um "assustador" é um monstro cuja profissão é entrar no quarto das crianças durante a noite e lhes dar um susto. O grito gera a energia que alimenta o mundo em que vivem Mike, Sullivan e milhares de outros monstros.
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domingo, 31 de março de 2013
Oz: Mágico e Poderoso
Na falta de ideias originais, Hollywood tem apostado não só em continuações, mas em "prequels", aquelas histórias que contam as origens de algum personagem ou mundo conhecido. Desta vez a Disney resolveu contar a história anterior aos eventos do clássico "O Mágico de Oz", musical da MGM lançado em 1939 com Judy Garland e dirigido por Victor Fleming. O filme clássico inovava em um aspecto técnico interessante: as cenas passadas no "mundo real", em Kansas, eram em preto e branco, enquanto que as passadas no mundo mágico de Oz eram coloridas. O truque é repetido nesta nova versão, dirigida por Sam Raimi (da série "Homem Aranha") que também imita todos os maneirismos do diretor Tim Burton, a ponto de usar o compositor Danny Elfman, que fez a trilha de praticamente todos os filmes de Burton (com exceção de "Ed Wood", de 1994). A única coisa que falta para "Oz: Mágico e Poderoso" ser um filme de Tim Burton é Johnny Depp no papel principal.
Oscar (James Franco, canastrão), também conhecido como "Oz", é um ilusionista barato de um circo itinerante em Kansas, EUA, em 1905. Como mágico ele é passável, mas sua principal habilidade é com as mulheres; ele coleciona uma série de corações partidos pelas cidades por onde se apresenta. Até que, em uma tarde de tempestade, ele tem que fugir de um amante enfurecido e embarca em um balão de ar que é tragado pelo mesmo tufão que, em 1939, levará Dorothy para o mundo de Oz. Sam Raimi filma os primeiros quinze minutos em preto e branco e na proporção "quadrada" do cinema antigo. A chegada em Oz transforma a tela em largo "cinemascope" e em um colorido tão impressionante que se consegue imaginar como a chegada da cor ao cinema, há mais ou menos 70 anos, encantou as plateias. A chegada de Oz no mundo que leva seu nome causa comoção aos habitantes. O mágico é recebido pela bela bruxa Theodora (Mila Kunis, de "Ted"), que se apaixona por ele e o leva à Cidade das Esmeraldas. Lá ele conhece a irmã de Theodora, Evanora (Rachel Weizs, de "360"); ela lhe promete o tesouro da cidade e a posição de "Rei", desde que ele destrua a bruxa Glinda (Michelle Williams, de "Sete Dias com Marilyn"). Os efeitos especiais são muito bons e dois personagens "virtuais" chamam a atenção: o macaco Finley e a Boneca de Porcelana. Ela teve as pernas quebradas durante o ataque dos "macacos alados" da Bruxa Má (cuja identidade permanece em segredo por grande parte do filme). Oz, um charlatão, consegue consertar as pernas da boneca usando cola, e sua reputação como mágico cresce a cada truque. Os cenários são apropriadamente exagerados e o efeito 3D é usado da forma de sempre, isto é, várias coisas são jogadas em direção da platéia para ressaltar as três dimensões.
O filme tem um charme "retrô" interessante e belas imagens, mas peca pela longa duração (130 minutos). As interpretações também ficam aquém do esperado (os personagens virtuais interpretam melhor que os de carne e osso em grande parte do filme). A trama ganharia muito se tivesse uns 30 minutos a menos. O final, quando Oz usa de todos os seus truques "baratos" para tentar derrotar as bruxas más, lembra um pouco as cenas de Meliès em "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese. "Oz: Mágico e Poderoso" dificilmente vai entrar para a história do cinema como um clássico, mas tem seus bons momentos.
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Detona Ralph
"Detona Ralph" é fruto da geração fliperama, que gastava fortunas em fichas de "Pac Man" e "Space Invaders" antes que os consoles invadissem as casas. Ele tem como protagonista Ralph, o personagem de um jogo fictício aos moldes de "Elevator Action" e "Donkey Kong". Sua única função é "detonar" as janelas de um prédio de apartamentos, que são rapidamente consertadas por Felix, um rapaz com um martelo mágico. Ao final de cada jogo, Ralph é atirado de cima do prédio pelos moradores enfurecidos e passa a noite no lixão do mundo virtual. O começo do filme é bastante bom. Ralph é visto em uma reunião aos moldes dos "alcoólicos anônimos" em que ele fala de suas frustrações por ser um vilão. Jogadores vão reconhecer figuras famosas do mundo dos games como o fantasminha do jogo "Pac Man", do Dr. Robotnik (do "Sonic") e de outros vilões de jogos como "Street Fighter" e "Super Mario". Vilões e heróis dos vários fliperamas passeiam pelos fios de força entre as máquinas, todas ligadas em uma espécie de estação de trem central.
Ralph, chateado por não ter a mesma fama dos heróis, decide invadir um jogo de tiro, muito mais moderno, para conseguir uma medalha e provar para os companheiros do seu mundo que ele vale tanto quanto Felix, o herói. Ele é bem sucedido, mas ao ser atacado por um inseto estilo "Aliens" ele vai parar em outro jogo, bastante feminino e "fofinho", passado em um mundo feito de balas e doces. É então que o roteiro de "Detona Ralph" se perde completamente. O início é bastante promissor; a ideia de uma história passada dentro de um videogame não é nova, a mesma Disney fez "TRON" em 1982, mas era um filme adulto e cerebral. "Detona Ralph" prometia ser uma aventura divertida que, ao mesmo tempo que homenageava os jogos antigos, daria ao espectador uma viagem por dentro deles. Mas não é o que acontece. Personagens famosos dos games como os vilões já citados são acompanhados por aparições rápidas do porco-espinho Sonic, por exemplo, mas é de se perguntar porque os roteiristas do filme (o diretor Rich Moore, Phil Jonston, Jim Reardon e Jennifer Lee) resolveram passar grande parte da trama dentro de um mundo feito de chocolate, biscoitos e doces ao invés de em um mundo virtual quer realmente lembrasse um videogame. Neste mundo feito de açúcar, Ralph se torna aliado de uma garota irritante chamada Vanellope, que quer vencer uma corrida de carros para voltar a ser aceita como integrante daquele jogo (ela é considerada por todos um "bug" no sistema). O fato dela sequer saber dirigir só é uma desculpa para Ralph, que também não sabe, treiná-la por vários minutos do filme. Por esta descrição já dá para perceber o quanto os roteiristas se perderam.
"Detona Ralph" é, oficialmente, um produto dos estúdios Disney, embora tenha ficado confuso atribuir a autoria depois que eles se fundiram com os estúdios da Pixar. É um filme que deve agradar a crianças pequenas. Infelizmente, grande parte do público alvo (fãs nostálgicos dos games antigos) vá ficar entediado. Visto no Topázio Cinemas, Campinas.
PS: Antes do longa há a exibição de um ótimo curta-metragem animado chamado "Avião de Papel" (Paperman), dirigido por John Kahrs. Passado em Nova York, o curta conta a história de um rapaz que encontra acidentalmente uma moça em uma estação de trem e os dois se apaixonam, mas vão cada um para um lado. Quando o rapaz está no escritório ele vê a moça do outro lado da rua e tenta chamar a atenção dela com vários aviões de papel que ele faz com os formulários do trabalho. Muito bem feito (e bem melhor do que "Detona Ralph"). Clique AQUI para ler mais a respeito da técnica por trás deste curta.
sábado, 21 de julho de 2012
Valente
O estúdio Pixar se notabilizou por trazer à animação um sopro novo, fugindo das tradicionais histórias de princesas pelas quais Walt Disney construiu seu império. Filmes como "Toy Story", "Procurando Nemo", "Os Incríveis", "Monstros S.A", etc, eram não só tecnologicamente avançados como traziam histórias originais e divertidas. Os tempos mudaram. A Pixar cresceu tanto que acabou embarcando a Disney e hoje são um só gigante da animação, e a empresa vive uma crise de identidade. Se, por um lado, o ótimo "Enrolados" continuava a tradição dos filmes de princesa da Disney, os filmes da própria Pixar, como o desastroso "Carros 2" ou mesmo o bom "Toy Story 3" mostraram o desgaste do estúdio de John Lasseter. Entre os trailers para "Valente" estava um sobre uma continuação desnecessária de "Monstros S.A.", que não promete ser grande coisa. Será que a empresa perdeu a originalidade?
Chegamos então a "Valente", animação que, da Pixar, só tem a qualidade técnica excelente. Ele funciona melhor como filme de princesa da Disney, e deve ser encarado desta forma. Merida é uma princesa na Escócia medieval com longos cachos ruivos. Assim como a Pequena Sereia, ela não quer seguir a educação tradicional imposta pelos pais e vive brigando com a mãe, que é mandona e cheia de regras. Para complicar, três clãs rivais chegam ao reino com a intenção de disputar um torneio; a tradição diz que o primogênito do clã vencedor ganhará a mão da princesa. Merida foge dos pais e faz um pacto com uma bruxa que vive no meio da floresta. Um feitiço acaba transformando a mãe de Merida em um gigantesco urso pardo, o animal que o pai de Merida, o rei Fergus, mais odeia no mundo. Ele perdeu uma perna para um urso há muitos anos, quando a filha era criança, e havia jurado vingança.
"Valente" é escrito e dirigido por Branda Chapman e Mark Andrews; Chapman foi a primeira mulher a dirigir um longa-metragem de animação de um grande estúdio, o ótimo "Príncipe do Egito" (1998), na DreamWorks, e Andrews trabalhou como desenhista de storyboards em vários filmes. A técnica em "Valente" é excelente, embora o visual não seja exatamente original, lembrando muito "Como treinar seu dragão", filme da DreamWorks de 2010. Duas coisas difíceis de se fazer em computação gráfica, cabelo e água, em "Valente" são apresentados em sua melhor forma. O roteiro, que se arrasta um pouco na primeira parte, melhora bastante a partir da transformação da rainha em urso. Há uma cena muito boa (e tecnicamente impressionante) em que Merida tenta ensinar à mãe como pescar com as próprias mãos em um rio. Os três irmãos mais novos de Merida, gêmeos e ruivos como a irmã, servem para criar cenas engraçadas para as crianças da platéia. De inovação mesmo, "Valente" traz apenas o fato de que, produto genuíno do novo milênio, não há a necessidade de um "príncipe encantado" para criar um final feliz. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
PS: Antes do filme começar, há a exibição de um curta-metragem chamado "La Luna", sobre três gerações de homens que poderiam ser descritos como "faxineiros" da Lua. O curta de animação é muito bem feito e extremamente poético.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Os Muppets
Os Muppets foram criados na década de 70 por Jim Henson, mestre criador de bonecos que já havia marcado época com "Vila Sésamo". Os bonecos de Henson, apesar de serem fantoches básicos, pareciam ter vida própria e conquistaram o mundo. Vila Sésamo ainda é produzida em vários países e, entre os anos 70 e final dos anos 90, Os Muppets mantinham um show na televisão e fizeram vários filmes para o cinema (o último, "Muppets from Space", foi lançado em 1999).
Será que nesta era de computação gráfica e desenhos violentos Os Muppets teriam lugar? A resposta, felizmente, é sim. Caco, Miss Piggy, Ênio, Animal e todo elenco de bonecos está de volta em um longa produzido pela Disney, que comprou os direitos dos personagens. O filme é escrito e interpretado por Jason Segel, que é Gary, um rapaz comum de Smalltown (a típica cidadezinha americana) que tem um "irmão" chamado Walter. Os dois fazem tudo juntos desde crianças, mas há um problema: Walter não é humano, é um Muppet. Quando Gary decide levar a namorada Mary (Amy Adams) a Los Angeles para comemorar os dez anos de namoro (em camas separadas), Walter vai junto. Ele quer conhecer o decadente estúdio dos Muppets. Um velho guia (Alan Arkin, uma das várias participações especiais do filme) leva meia dúzia de turistas pelos prédios empoeirados, quando Walter entra no escritório do sapo Caco e descobre um segredo; um magnata do petróleo chamado "Tex Richman" (Chris Cooper, tirando sarro de si mesmo) quer destruir o estúdio para cavar poços no local. Se os Muppets não conseguirem levantar dez milhões de dólares em poucos dias eles perderão os estúdios para Richman.
A fórmula é antiga e já foi usada em diversos musicais; o grupo que não se vê há anos tem que se juntar para criar uma atração e ganhar o dinheiro necessário para comprar o estúdio (ou escola, orfanato, faça sua escolha) de volta. Walter, Gary e Mary (cada vez mais desconsolada pela falta de atenção do namorado) conseguem encontrar o sapo Caco e eles partem para reunir a turma. Caco, a propósito, está sendo chamado de "Kermit", seu nome original em inglês, na dublagem e material promocional do filme. É uma grande bobagem, provavelmente exigida pelo departamento de marketing da Disney (que não vai precisar mudar o nome escrito nos brinquedos vendidos mundo afora). Independente destas questões, o filme é bastante divertido e é assumidamente nostálgico. O veterano dos musicais da MGM, Mickey Rooney, de 91 anos, aparece durante um número no início do filme. Os estúdios dos Muppets estão cobertos com cartazes promocionais do antigo show, em que estrelas como Steve Martin, Elton John, Orson Welles, Julie Andrews e dezenas de outros apareceram. Há boas piadas, como na cena em que a turma vai procurar Miss Piggy em Paris e a encontram editora da revista de moda Vogue. A secretária dela, claro, é Emily Blunt, a secretária de Meryl Streep em "O Diabo Veste Prada". Jack Black aparece como ele mesmo em uma cena que, sutilmente, faz piada com os filmes em computação gráfica de hoje; quando os Muppets o encontram ele está em seu trailer vestindo uma daquelas roupas usadas para gravar em "motion capture", técnica em que os atores apenas fazem os movimentos que são capturadas por um computador. É um contraste interessante com a técnica simples utilizada para movimentar os Muppets.
O filme, dirigido por James Bobin, é simples, engraçado e apropriadamente ingênuo. O que não impediu a Fox News, nos Estados Unidos, de considerar os Muppets "comunistas", por sua mensagem aparentemente dirigida contra a indústria do petróleo. Para eles, um Manah Manah. (visto no Topázio Cinemas); Site oficial
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