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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Encontros (Encounter, 2021)

 
Encontros (Encounter, 2021). Dir: Michael Pearce. Amazon Prime. Hmmm, este é meio difícil de definir. Há várias coisas que podem ser vistas como "spoiler", talvez pelo fato de que o roteiro do próprio filme não sabe direito o que quer. Riz Ahmed, sempre bom, recém saído de uma indicação ao Oscar por "O Som do Silêncio", também da Amazon, interpreta aqui um pai ausente que foi Fuzileiro dos Estados Unidos. Ele entra na casa da ex-esposa uma noite e diz aos dois filhos que eles vão sair em uma aventura. Os três partem madrugada afora pelas estradas dos EUA. Ahmed diz aos filhos que a Terra foi invadida por seres extraterrestres que infectam os humanos através dos insetos. As primeiras imagens do filme, aliás, mostram "algo" entrando na atmosfera terrestre a partir do espaço e, em seguida, várias imagens de insetos devorando outros ou picando seres humanos.


O melhor do filme é a interação entre Riz Ahmed e os garotos (Lucian-River Chauhan e Aditya Geddada). Os meninos parecem mesmo filhos dele e li que as cenas entre eles foram bastante improvisadas. A direção de fotografia é boa e as belas paisagens americanas são acompanhadas por uma trilha "viajante" de Jed Kurzel. O clima de mistério e ficção-científica vai dando lugar a algo mais "pé no chão", mas o filme nunca mergulha de vez em uma coisa ou outra. Talvez o filme nunca deveria sair do foco em Ahmed e os garotos (a personagem de Octavia Spencer, por exemplo, poderia nem existir). Eu queria ter gostado mais. Riz Ahmed é bom mas, sozinho, não consegue segurar o filme. Disponível na Amazon Prime.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward, 2020)

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward, 2020). Dir: Dan Scanlon. Disney+. Confesso que conhecia pouco sobre esta animação. Foi lançada nos cinemas pouco antes da pandemia, fracassou nas bilheterias e foi parar na Disney+. Fiquei surpreso quando foi indicada ao Oscar de Melhor Animação. Resolvi visitar agora na Disney+ e me surpreendi positivamente. Não tem muito a "cara" de uma animação da Pixar, é mais urbana e adolescente, mas o roteiro é honesto e, coisa rara, ele melhora conforme avança.

A trama se passa em um mundo de fantasia em que a mágica se perdeu por causa das facilidades do mundo moderno, como lâmpadas elétricas, carros e outras comodidades. Ainda há elfos, centauros, dragões e coisas do tipo, mas estão todos "civilizados". O roteiro segue a vida de dois irmãos, Ian (voz de Tom Holland) e Barley (Chris Pratt); Ian, o mais novo, é tímido e inseguro. Barley, o mais velho, é confiante, falastrão e acredita piamente em magia e no poder dos velhos tempos. Os dois descobrem que o pai (que morreu quando Ian era bebê) deixou para eles um cajado mágico e um encantamento que permitiria que ele voltasse à vida por 24 horas. Só que a magia dá errado e apenas metade do pai (basicamente só as pernas) volta do além. Cabe aos irmãos partir em uma jornada atrás de uma pedra mágica que traria o pai, inteiro, de volta.

Como disse, o filme fica melhor conforme avança. A aventura dos irmãos é divertida e o filme, como todo produto Pixar, é tecnicamente muito bem feito. O bom trabalho de voz de Tom Holland e Chris Pratt é acompanhado por Julia Louis-Dreyfuss e Octavia Spencer, entre outros. Talvez não vire um clássico, mas é uma boa aventura. Disponível na Disney+.
 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, 2016)

"Estrelas Além do Tempo" conta a história de um grupo de mulheres negras que, nos anos 1950 e 1960, trabalharam na NASA como matemáticas. Em uma época em que só o fato de ser mulher já significava bastante preconceito, ser uma mulher negra era ainda mais complicado. O filme é gostoso de ver e muito bem interpretado por um bom elenco; o roteiro, no entanto, toma várias liberdades dramáticas. Falaremos sobre isso mais tarde.

No final dos anos 1950, os soviéticos estavam derrotando os EUA na chamada Corrida Espacial. Eles puseram o primeiro satélite artificial em órbita (o Sputinik, em 1957)  e lançaram o primeiro homem ao espaço (Yuri Gagarin, em 1961). Na NASA, um  grupo especial de matemáticas negras era mantido em uma sala segregada. O filme foca na história de três delas: Katherine Goble (Taraji P. Henson) era excepcional em matemática desde a infância e foi recrutada pelo Space Task Group para calcular as complicadas trajetórias dos foguetes que lançariam o primeiro americano a entrar em órbita terrestre, John Glenn. Ela é a única matemática em um grupo de homens brancos e tem que enfrentar o preconceito do superior direto, Paul Stafford (Jim Parsons, da série "The Big Bang Theory"). Kevin Costner está muito bem como o diretor do grupo, Al Harrison, que é aquele típico "ranzinza com coração de ouro". Octavia Spencer interpreta Dorothy Vaughan, a líder informal do grupo de matemáticas negras que também enfrenta preconceito diariamente de uma fria supervisora branca interpretada por Kirsten Dunst. Quando a NASA instala o primeiro computador IBM na empresa, Vaughan se apressa em se tornar uma das primeiras especialistas na linguagem de programação "Fortran", para não perder o emprego. Janelle Monáe interpreta Mary Jackson, uma mulher que através de constantes lutas judiciais conseguiu estudar ao lado de estudantes brancos na universidade e se tornar a primeira engenheira negra da história da NASA.

Uma simples verificação na Wikipedia (com os devidos links para o site da própria NASA e outras fontes, como este site), no entanto, mostra que foram tomadas várias liberdades criativas no roteiro do filme. Por exemplo, o personagem Al Harrison (Kevin Costner), o supervisor do grupo de estudos espaciais da NASA e muito importante no filme, simplesmente não existiu. Assim, a cena dramática em que o vemos pegando uma picareta e derrubando a placa do banheiro exclusivo para mulheres negras funciona muito bem como drama, mas provavelmente não aconteceu. Os personagens de Jim Parsons e Kirsten Dunst também são invenções dramáticas. O que não tira o mérito de "Estrelas Além do Tempo", desde que não seja encarado como um documentário. É certo que o trio retratado no filme (e milhares de outros negros na época) sofreram segregação oficializada pelo estado durante grande parte de suas vidas.

Como cinema, "Estrelas Além do Tempo" é um bom filme, divertido e muito bem interpretado. Está indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer).

João Solimeo