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sábado, 14 de agosto de 2010

Os Mercenários

Em uma cena de "Rambo II", de 1985, Sylvester Stallone está em um barco com uma agente vietnamita. Ela lhe pergunta o porque dele ter sido enviado para lá. Ele responde que ele é "expendable" (dispensável, desnecessário). Vinte e cinco anos depois, Stallone está de volta em um filme chamado "The Expendables" (chamado aqui de "Os Mercenários"), que é um curioso exemplo de filme anacrônico, espécie de homenagem aos filmes "macho" dos anos 1980. Stallone recentemente trouxe de volta os personagens que fizeram sua carreira, como Rocky e o próprio Rambo. Desta vez é como se ele tivesse resolvido fazer o filme "macho" por excelência, reunindo em uma só produção praticamente todos os atores de ação de hoje e de ontem. Só faltaram Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal e Chuck Norris. Há mais testosterona (embora um tanto envelhecida) na tela de "Os Mercenários" do que em um Maracanã lotado.

Stallone também trouxe de volta um olhar xenófobo e etnocêntrico com relação a tudo que não é americano e não seja falado em inglês. No mundo preto e branco que vivíamos na Era Reagan de Rambo, não havia lugar para o meio termo. Bush Jr e o 11 de setembro recuperaram um pouco deste olhar.

"Os Mercenários" tem Sylvester Stallone como produtor, ator, roteirista e diretor, fazendo dele um dos casos mais estranhos de "cinema autoral" de todos os tempos. A seu lado temos astros da pancadaria como Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgreen, Steve Austin e Randy Couture, além de Mickey Rourke e Eric Roberts. E há uma cena que seria bem mais interessante se o trailer não a tivesse mostrado tanto, que junta na mesma tela Sylvester Stallone, Arnold Swarzenegger e Bruce Willis. Stallone e Swarzenegger eram "rivais" do cinema brucutu com seus Rambos, Comando, Conan, Rocky e Exterminador. Bruce Willis foi lançado ao estrelato com a série "Duro de Matar", também retomada recentemente.

Em meio a todo este "renascimento" oitentista fica difícil imaginar um roteiro que fosse de alguma forma original, e o que Stallone apresenta em "Os Mercenários" é rigorosamente clichê. Os mercenários do título são contratados por um homem misterioso (Bruce Willis) para derrubar (em outras palavras, matar) um ditador de uma ilha na América Central. O grupo de Stallone vai até a ilha e ele é recebido por uma bela mulher local, interpretada pela brasileira Giselle Itié. Tanto o ditador quando seus homens são patéticos, abusando da população local e servindo de capacho para um ex-agente da CIA interpretado por Eric Roberts.

E não há muito mais o que falar do roteiro. Há as perseguições, cenas de luta e tiroteio esperadas. Em alguns momentos se tenta explorar o carisma do elenco (sendo que Statham e Jet Li são os que se saem melhor). Mickey Rourke faz uma espécie de figura paterna, o homem sábio a quem Stallone recorre quando precisa filosofar sobre a vida. É na oficina de tatuagem de Rourke, aliás, que todos se reúnem para agir como "homens", falar alto, exibir os músculos e brincar com facas. Várias sequências foram filmadas no Brasil e, recentemente, Stallone cometeu uma gafe ao querer elogiar o país; muitos, sofrendo de complexo de vira-lata, ficaram ofendidos, prometendo boicotar o filme. A julgar pela sala lotada, isso foi esquecido.


domingo, 2 de maio de 2010

Homem de Ferro 2

O primeiro Homem de Ferro foi uma boa surpresa quando saiu dos quadrinhos empoeirados e se transformou em um grande filme de ação e aventura. Robert Downey Jr, que quando jovem era um ator promissor, havia aparentemente se destruído com as drogas e várias passagens pela prisão. Em um bom exemplo de renascimento, Downey Jr transformou o milionário playboy Tony Stark em um cara verossímil e humano, que descobre que armas e guerras não fazem parte do "caminho do bem". O filme foi um grande sucesso não só pelas cenas de ação e ótimos efeitos especiais, mas principalmente pelas relações humanas entre Downey Jr e bons atores como Jeff Bridges, Terrence Howard e Gwyneth Paltrow.

Sucesso estrondoso, é claro que uma continuação seria feita a toque de caixa, e o homem de lata está de volta aos cinemas. Infelizmente, como costuma acontecer, a continuação não está no nível do original. Há, claro, muito mais dinheiro envolvido. O filme é rico em cenas extravagantes que mostram o estilo playboy de ser de Stark, mais egocêntrico do que se julgava possível, abrindo uma feira mundial que leva seu nome, cheia de mulheres, luzes e bandeiras americanas. Um vilão surge na forma deformada de Mickey Rourke, ex-galã dos anos 80 que também renasceu há alguns anos no papel de "O Lutador", pelo qual foi indicado ao Oscar. Rourke interpreta um antigo fantasma da Guerra Fria, um vilão russo, com direito a sotaque carregado e corpo cheio de tatuagens, chamado Ivan Vanco. Apesar dele parecer um monstro descerebrado, o roteiro quer que nós acreditemos que ele é um físico capaz de construir um aparelho semelhante ao coração nuclear do Homem de Ferro. Vanco adiciona uns chicotes elétricos ao objeto e ataca Tony Stark em Mônaco durante uma corrida de automóveis. Stark sobrevive, claro, mas Vanco é contratado por um construtor de armas americano, Justin Hammer (o ótimo Sam Rockwell, feliz em ganhar um alto salário para interpretar uma caricatura), que quer construir réplicas do Homem de Ferro para o governo americano.

O elenco estelar ainda conta com Don Cheadle, substituindo Terrence Howard, e a presença sexy (mas não mais do que isso) de uma muda Scarlett Johansson. O diretor Jon Favreau, provavelmente apenas uma engrenagem em uma enorme máquina de marketing, brinca consigo mesmo interpretando um guarda costas de Stark. O filme nunca chega a decolar. Há uma série de cenas ensurdecedoras de ação entrecortadas por algumas tentativas de deixar o personagem mais sério. O coração tecnológico estaria contaminando seu sangue e Stark acha que está à beira da morte. A seriedade soa falsa e não combina com o estilo de Stark (muito mais verdadeiro no primeiro filme, quando se dá conta do mal que sua fábrica de armas causa).

Downey Jr ainda é a coisa mais interessante na tela, mas Homem de Ferro 2 é apenas diversão rasa, sem muito a oferecer.