terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Missão

A primeira vez que vi "A Missão" foi em 1987, quando estava no colegial. O filme, feito em 1986, havia saído em VHS e minha professora de literatura resolveu mostrá-lo para os alunos. Vinte de um anos depois, entrando em uma dessas lojas "express" das Americanas, encontro o filme em DVD Especial por meros nove reais e noventa centavos. Por algum motivo que não sei dizer, nunca mais havia tido a oportunidade de revê-lo, e minhas memórias eram escarsas. Eu me lembrava da sensacional trilha de Ennio Morricone e de Robert De Niro escalando as Cataratas do Iguaçu, mas não muito mais do que isso.

Pude agora revê-lo em "widescreen" e som 5.1 e é realmente impressionante. Não é apenas um filme histórico. Filmado em locações próximas aos locais onde realmente aquelas missões jesuítas existiram, o filme é como uma máquina do tempo nos transportando para o século 18, quando espanhóis e portugueses disputavam os territórios onde hoje fica a fronteira entre o Brasil, o Paraguay e a Argentina. É também um registro de como os filmes costumavam ser produzidos, fotografados e editados há vinte anos. Não é muito tempo, mas de lá para cá muita coisa mudou na maneira de se fazer filmes, pricipalmente nos recursos de efeitos digitais e trucagens. Dirigido por Roland Joffé, "A Missão" é um filme das antigas, feito realmente nas Cataratas do Iguaçu. Quando Jeremy Irons começa a subir a queda d´água, sobre pedras escorregadias, tem-se a impressão que ele realmente está correndo perigo de morte. O DVD contem um "lado B" com extras que ainda não conferi, mas que contém um making of.

Há várias belas passagens, mas uma das mais memoráveis é a transformação pela qual passa o personagem de Robert DeNiro. No começo do filme ele é Mondoza, um cruel traficante de escravos que caça e mata índios na floresta virgem para vender para os espanhóis. Após matar o próprio irmão em um duelo por uma mulher, Mendoza fica com remorso e vai para um convento jesuíta e se recusa a comer. O jesuíta Gabriel (Jeremy Irons) o força a sair da inércia e o desafia a enfrentar sua penitência. Na sequência seguinte nós os vemos subindo as Cataratas, DeNiro carregando um fardo enorme e pesado nas costas. Ele enfrenta as águas, a floresta e o barro e se recusa a aceitar ajuda. Finalmente eles chegam em contato com os índios Guarani, muitos dos quais haviam sido mortos por Mendoza. Ele acha que vai ser morto, mas eles o acolhem. Emocionado, ele chora abertamente e podemos ver sua transformação de cruel mercenário em um ser humano de verdade. O grande elenco ainda conta com Liam Neeson (de A Lista de Schindler), como outro jesuíta.

A fotografia deslumbrante de Chris Menges lhe rendeu o Oscar. Foi o único do filme (indicado a outros seis prêmios). A maravilhosa trilha de Ennio Morricone foi apenas indicada, mas é dos pontos altos do filme. Um clássico que valeu ser revisitado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu nunca vi esse filme, mas sempre tive vontade. Esse seu review me estimulou a procura-lo. Vou atras.
Abraco!
(a proposito, vi "Control" no aviao...pustaquelamercia, animal!!!)

João Solimeo disse...

Tudo bom, Maschetto? Ah, "Control" é muito bom, hein? O ator incorporou o Ian Curtis e o filme é um prato cheio para os fãs do Joy Division, futuro New Order.

"A Missão" tem uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi. Isso, e as paisagens, já são motivos para vê-lo.

Abraço.

Banda de Garagem - AKK disse...

Já vi esse filme há muito, mas visito a trilha sonora com frequência. Há uma, cujo nome não me recordo agora, com violão e oboé que é simplesmente mágica. O Morriconi soube criar climas para esse filme.
Abç