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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ripley (2024)

 Ripley (2024). Direção: Steven Zaillian. Ótima minissérie em oito capítulos baseada em um série de livros escritos por Patricia Highsmith entre os anos 1950 e 1980. O primeiro livro teve várias adaptações, a mais famosa talvez seja "O Talentoso Ripley", dirigido por Anthony Minghella e estrelado por Matt Damon, Jude Law e Guinneth Paltrow. Esta nova versão da Netflix é esteticamente bastante diferente da do cinema. A série é filmada em belíssimo preto e branco com direção de fotografia de Robert Elswit, que fez vários filmes de Paul Thomas Anderson (Magnólia, Sangue Negro, etc). Steven Zaillian, que é um dos roteiristas mais ocupados de Hollywood (ganhou o Oscar com "A Lista de Schindler", de Spielberg), dirige "Ripley" como um filme dos anos 1950 e 1960. A câmera é quase sempre fixa e o movimento é dado pelos personagens, em tela. A edição também não é o corta/corta/corta das produções atuais.

Tom Ripley é interpretado por Andrew Scott, que já brilhou em séries como "Sherlock" e "Fleabag" anteriormente. Seu Ripley talvez seja mais velho do que o ideal, mas Scott está ótimo, sutil e quase sempre calado. Quando seu personagem fala, porém, é quase sempre uma mentira. A série tem um prólogo em Nova York e parte para as belas paisagens da Itália do pós guerra. Tom Ripley é enviado para lá para tentar convencer Robert Greenleaf (Johnny Flynn) a retornar aos EUA. O pai, construtor de navios, o quer de volta. Greenleaf, porém, quer distância da família, mas não do dinheiro deles. Ele diz que é "artista", mas pinta muito mal alguns retratos e paisagens. A namorada, Marge (Dakota Fanning), também tem dinheiro e diz que está escrevendo um livro. O personagem de Tom Ripley escancara a hipocrisia dessas pessoas, conquistando a amizade de Greenleaf e, aos poucos, criando raízes na Itália.

Há mortes e bastante suspense, mas Ripley não é exatamente um super vilão. Há um episódio inteiro dedicado a mostrar como é complicado se livrar de um corpo em Roma, por exemplo. Imagino que Ripley seria preso em questão de dias se vivesse na sociedade de hoje, com exames de DNA e técnicas forenses. Na época da série, um bom pano de chão resolvia bastante coisa. Os roteiros (todos adaptados por Zaillian) cobrem o primeiro livro e dá pistas para os seguintes. Eu li os dois primeiros e, além do filme com Matt Damon, vi também uma versão interpretada por John Malkovitch ("Ripley´s Game", de 2002), mas diria que esta minissérie traz a melhor versão do personagem. Tá na Netflix. 

sábado, 19 de março de 2022

Águas Profundas (Deep Water, 2022)

Águas Profundas (Deep Water, 2022). Dir: Adrian Lyne. Amazon Prime Video. Filme bobo sobre um casal bobo em um roteiro bobo, "Águas Profundas" marca a volta de Adrian Lyne à direção depois de 20 anos. Lyne ficou famoso com uma série de filmes nos anos 80 e 90 que, se não eram obras primas, ao menos eram interessantes, como "Flashdance"(1983), "Nove e meia semanas de amor" (1986), "Atração Fatal" (1987), "Alucinações do passado" (1990) e "Proposta Indecente" (1993).

Aqui ele dirige Ben Affleck e Ana de Armas em um suposto "suspense erótico" baseado em livro de Patricia Highsmith (da série de livros sobre Tom Ripley) de 1957. Affleck e Ana de Armas são um casal em crise. Ele é um milionário que ficou rico com a invenção de um chip usado em drones militares; ela é uma mulher vibrante que está sempre provocando o marido com uma série de "amigos" que ela traz para casa ou exibe para todo mundo. Affleck está em piloto automático, com aquele jeito Ben Affleck de interpretar; suas cenas mais "quentes" não são com Ana de Armas, mas quando ele está interagindo com sua criação de caracóis (sério). Ana de Armas está sempre ligeiramente bêbada, dançando, cantando ou tirando a roupa (em cenas breves, longe dos tempos em que Adrian Lyne fazia filmes com Kim Basinger ou Glen Close).

O personagem de Affleck finge não ligar para as infidelidades da esposa, mas não demora muito para alguns corpos começarem a aparecer. Oh, o suspense! Quem acaba roubando a cena (de todos os modos errados possíveis) é uma garota que interpreta a filha do casal, Grace Jenkins. Ela é uma garota precoce, que tem vários diálogos profundos com o pai ("Por que a mamãe age diferente quando está com outras pessoas?") e chega até a ganhar uma cena nos créditos finais, cantando e dançando. Disponível na Amazon Prime Video.