A Testemunha Ocular (The Public Eye, 1992). Dir: Howard Franklin. Netflix. Lembro vagamente de ter visto este filme em VHS há um tempão. Joe Pesci é um fotógrafo freelancer conhecido como "O grande Bernzini". São os anos 40, em Nova York, e Bernzini vira as noites tirando fotos de assassinatos, incêndios, brigas familiares... qualquer coisa que renda uns trocados ao vender para os jornais. Como todo bom filme "noir", há uma "mulher fatal" chamada Kay (Barbara Hershey), que pede um favor ao fotógrafo; ela herdou uma casa noturna do marido e tem recebido ameaças veladas de vários membros da Máfia. Ela quer que Bernzini descubra o que há por trás das ameaças e a trama se complica, envolvendo disputas entre as "famílias" italianas de Nova York, uma investigação do FBI e um esquema de corrupção envolvendo vales de combustível (estamos em plena 2ª Guerra Mundial).
O filme é escrito e dirigido por Howard Franklin (que tem o roteiro de "O Nome da Rosa" no currículo) e produzido por Robert Zemeckis ("De Volta para o Futuro", "Forrest Gump"). Joe Pesci está ótimo como "o grande Bernzini", um fotógrafo obcecado pelo seu trabalho; o personagem foi baseado em uma pessoa real chamada Arthur Fellig (conhecido como Weegee). É curioso encontrar, entre os coadjuvantes, atores como um jovem Jared Harris (das séries "Chernobyl", "The Crown" e "Mad Men"), interpretando o porteiro da casa noturna. Richard Schiff (de "The West Wing" e "The Good Doctor") tem uma aparição rápida como um fotógrafo concorrente. Stanley Tucci interpreta um mafioso, assim como Jerry Adler e Dominic Chianese (ambos da série "The Sopranos").
A recriação de época é bem feita e o filme tem boa direção de fotografia. Há várias cenas em preto e branco, filmadas do ponto de vista do fotógrafo, mostrando como ele enquadra as imagens conforme anda pelas ruas de Nova York. Mark Isham compôs a boa trilha sonora. Não é nenhum clássico do gênero mas é bem feito e vale uma olhada. Tá na Netflix.
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domingo, 25 de julho de 2021
sábado, 30 de junho de 2012
Para Roma, com amor
O prolífico Woody Allen tem o costume de alternar grandes filmes com outros mais simples, e depois do ótimo "Meia-Noite em Paris" (Oscar de Melhor Roteiro Original) era de se imaginar que "Para Roma, com Amor" fosse um filme "menor" do mestre. Sim e não. Sem dúvida é um roteiro mais solto, mais "brincalhão", sem as ambições e referências artísticas que Allen imprimiu em seu filme anterior. Há, no entanto, idéias boas de sobra na nova comédia do diretor, que escolheu Roma como cenário.
O filme é composto por várias histórias independentes. Woody Allen interpreta um produtor musical aposentado que vai à Roma conhecer o noivo da filha, um advogado comunista chamado Michelangelo (Flavio Parenti). Allen, como sempre, interpreta a si mesmo, paranoico e egocêntrico (e muito engraçado). Ele odeia estar aposentado e quando conhece o pai de Michelangelo, um italiano simples que adora cantar óperas no chuveiro, acha que descobriu o novo Luciano Pavarotti. O problema é que o pobre homem só canta bem quando debaixo d´água, o que gera cenas hilariantes quando Allen, mesmo assim, resolve ir em frente com o sonho de transformar o sogro em um astro.
Outra história é uma crítica irônica ao mundo das celebridades e dos paparazzi, figuras que o genial Fellini explorou em seus filmes. Roberto Benigni é Leopoldo, um homem comum que leva uma vida rotineira com a esposa, dois filhos e um trabalho inexpressivo. Um dia ele acorda e, surpreendentemente, descobre que virou uma celebridade. Dezenas de paparazzi o perseguem pelas ruas e repórteres de televisão lhe fazem perguntas sobre as coisas mais banais, como o que ele comeu no café da manhã ou de que modo costuma fazer a barba. Claro que é uma alegoria. Leopoldo não entende o porquê de ser famoso e, por um tempo, até aproveita a badalação e as mulheres que se atiram a seus pés. Depois de um tempo, porém, não aguenta mais ser seguido por todos os lugares e com a perda da privacidade.
Há também a história dos recém casados Milly (Alessandra Mastronardi) e Antonio (Alessandro Tiberi), que vêm à Roma de uma cidade do interior para que Antonio apresente Milly à família; se tudo correr bem, ele pode conseguir um lugar nos negócios dos tios. Acontece que Milly sai para passear por Roma e se perde. Enquanto isso, Antonio é surpreendido no quarto por uma estonteante prostituta chamada Ana (Penélope Cruz), que obviamente está no lugar errado. Os tios dele o encontram com Ana e acreditam que ela é a esposa dele, e está armada a confusão.
A quarta história envolve uma viagem emocional de John, um arquiteto americano interpretado por Alec Baldwin, que havia morado em Roma quando jovem. Ele vai visitar sua antiga rua e conhece um jovem, também arquiteto, chamado Jack (Jesse Eisenberg). Allen usa um recurso bem interessante em que, aos poucos, o espectador descobre que Baldwin e Eisenberg podem ser versões da mesma pessoa em idades diferentes. Jack mora com Sally (Greta Gerwig) mas se apaixona pela amiga dela, Monica (Ellen Page), uma jovem extremamente manipuladora. Há bons momentos em que Baldwin interage com sua versão mais nova, tentando fazê-lo ver que Monica vai lhe causar muito sofrimento, mas o jovem não consegue evitar que a história se repita.
"Para Roma, com amor" tem bela fotografia de Darius Khondji (o mesmo de "Meia-Noite em Paris"), que mostra a Cidade Eterna em um colorido quente. O roteiro pode não estar na mesma altura de outros trabalhos de Allen, mas é superior a muito do que há nas telas ultimamente. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
Câmera Escura
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