

Senton Mello interpreta Benjamim, um palhaço de circo que acha que perdeu a graça. Seu pai, o palhaço "Puro Sangue", é interpretado pelo ótimo Paulo José. Selton é responsável pelo roteiro do filme (em parceria com Marcelo Vindicatto), pela direção, interpretação, co-produção e também fez parte da edição (com Marília Moraes). "O Palhaço", infelizmente, está longe da força de "Feliz Natal". O filme é muito bem intencionado e é louvável sua tentativa de resgatar uma época ingênua e lúdica, represantada pela trupe de artistas do circo "Esperança". Apesar das boas intenções, faltou ao filme um roteiro mais interessante. O caráter episódico fica evidente na participação especial de atores como Moacyr Franco, ótimo em uma sequência passada em uma delegacia de polícia, ou do ex ator infantil Ferrugem, engraçado como escrevente de um cartório onde Benjamim vai tentar tirar a carteira de identidade. Há uma boa sequência passada na casa do prefeito de uma das cidades por onde passa o circo, e um toque de romance é representado por uma fã que convida Benjamim para visitar a cidade. De resto, o filme se resume a longas cenas entre Selton Mello e Paulo José no picadeiro, fazendo números de pastelão que deveriam passar por engraçados, mas no máximo produzem um sorriso na platéia. Selton Mello é bom ator, mas não há nada de muito original em um palhaço triste. Há cenas que tentam evocar Charlie Chaplin e Buster Keaton, mestres do cinema mudo. Keaton, aliás, tinha como marca o fato de ser engraçado sem nunca esboçar um sorriso. O filme foi muito aplaudido no festival, mas como praticamente metade da platéia do teatro era composta pela equipe do filme, fica difícil entender a reação do público comum à produção de Selton Mello.