segunda-feira, 14 de abril de 2008

Jumper

Para uma segunda feira à noite, chovendo e com cinema em promoção, "Jumper" não é de todo ruim. Claro que não dá pra levar a sério o roteiro, e a interpretação do elenco está sofrível. O diretor é Doug Liman, do celebrado "A Identidade Bourne", um dos melhores filmes de espião dos últimos tempos.

Mas, repito, o filme não é assim tão ruim. A premissa me lembrou muito um filme "B" dos anos 80 que acabou se tornando "cult" (e gerou péssimas continuações), "Highlander, O Guerreiro Imortal", dirigido em 1986 por Russel Mulcahy. "Highlander" tratava da história absurda de que havia no mundo uma classe especial de "guerreiros" que seriam imortais (a não ser que tivessem as cabeças cortadas), e cujo objetivo na vida seria se tornar o último Highlander vivo. O roteiro era bem ruinzinho, mas a direção criativa e o ótimo uso da edição de imagens (com algumas das melhores transições do cinema) e da trilha sonora do Queen garantiram a longevidade da fita.

A trama de "Jumper" me pareceu semelhante. O filme acompanha a história de David Rice (Hayden Christensen, bonitinho mas sofrível como seu Anakin Skywalker da série Star Wars), um garoto que era o "nerd" na escola e que descobre, um dia, que pode se teletransportar. No início ele não tem muito controle. O dom salva sua vida quando ele cai acidentalmente dentro de um rio congelado, e em seguida o livra de um confronto com o pai, mas David não sabe direito quais os limites do seu poder. Aos poucos ele vai pegando o jeito e começa a usar do teletransporte para invadir cofres de bancos e roubar dinheiro. Mas há um limite para seu dom: ele só pode se teletransportar para um lugar onde já esteve antes, o que não faz o menor sentido. Ele certamente nunca esteve dentro do cofre do banco, por exemplo... embora ele tenha estado perto dele, o que eu não acho que sirva.

O tempo passa e David se transforma em uma espécie de "playboy" cheio da grana, que pode tomar café no Rio de Janeiro, almoçar em Londres e dormir em Nova York em seu apartamento enorme. Com boa pinta e a carteira cheia de dinheiro ele consegue mulheres facilmente, mas seu coração pertence a uma antiga colega da escola, Millie Harris (Rachel Bilson, igualmente sofrível). Ele volta à sua cidade natal e tenta conquistar a garota levando-a para passear em Roma.

Tudo seria uma lua-de-mel se não fosse um porém: os "jumpers" têm um inimigo na forma de Samuel L. Jackson, desperdiçando seu talento interpretando um "paladino", o inimigo número um dos "jumpers". Os paladinos estariam em guerra com os jumpers desde a Idade Média.... certo? Conseguiu entender? Claro que não faz o menor sentido mas, pensando bem, não se poderia esperar muita lógica em um filme como este.

Há bons momentos. O filme se passa em vários países do mundo como Estados Unidos, Itália, China, Japão e Egito. Falando nisso, o filme repete diversas vezes o plano que mostra David em cima da Esfinge, com as pirâmides ao fundo. A cena se repete tantas vezes que vira uma espécie de piada. O diretor Liman, aparentemente, gostou das viagens que podia fazer com Jason Bourne e resolveu repetir a dose neste filme. Em alguns momentos parece que você está assistindo a algum documentário turístico. Hayden Christensen fica fazendo caras e bocas que se fazem passar por uma "interpretação", mas não convence. Há a participação enigmática de Diane Lane como a mãe de David, e Samuel L. Jackson tem seus momentos. Mas no geral o filme é uma sucessão de perseguições cheias de "pulos" de um ponto a outro do mundo.

Para uma segunda feira chuvosa, é um bom programa. Talvez seja até uma boa pedida em DVD. Mas não passa disso.

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