domingo, 21 de dezembro de 2008

Na natureza selvagem

Em 1990, o jovem Christopher McCandless (Emile Hirsch), recém graduado, aluno brilhante e de família de classe média alta americana, resolveu abandonar tudo e partir. Ele doou os 24 mil dólares que tinha em seu fundo universitário para a caridade e trocou a chance de estudar direito em Harvard pelo vento das estradas. Não era uma simples aventura. Era mais um suicídio cultural. Ou, quem sabe, um renascimento.
O ator e diretor Sean Penn queria realizar este projeto há mais de dez anos, mas só em 2007 conseguiu a autorização dos pais do verdadeiro Christopher McCandless. "Into the Wild" já havia se tornado um livro escrito por John Krakauer, no qual Sean Penn se baseou para escrever e dirigir o roteiro do filme. Há algo de "messiânico" na aventura de McCandless, e a brilhante interpretação de Emile Hirsch reforça isso. Hirsch, que já interpretou jovens ricos americanos em filmes como "O Clube do Imperador" e "Um Show de Vizinha", tem neste filme um constante brilho no olhar e uma entrega total ao personagem conforme ele se aventura Estados Unidos adentro. Com uma vaga idéia de querer chegar ao Alasca, Christopher vai cruzando o país e fazendo trabalhos temporários, como em uma fazenda ou em lanchonetes fast food. Encontrando o Rio Colorado, no Arizona, ele vai em sentido contrário ao Alasca e desce, em um simples caiaque, até o México. Ao voltar para a cidade grande, não consegue ficar nem uma noite e parte novamente em sua jornada para o norte.
É um filme de grandes paisagens, quase um documentário da vida selvagem americana. Mas há lugar também para os personagens que o rapaz encontra pelo caminho. Como um casal de "hippies" interpretados por Catherine Keener e Brian Dierker, com quem ele estabelece uma relação de pais e filhos. Há a jovem e bela Tracy (Kristen Stewart), que se apaixona por ele mas não consegue impedi-lo de partir novamente para o norte. Há Wayne (Vince Vaughn, em ótima participação), trabalhador da fazenda com quem estabelece uma forte amizade. E o velho Ron (o veterano Hal Holbrook, indicado ao Oscar pelo papel), um velho conservador que se apega ao rapaz e o ajuda.
A viagem é contada a partir do seu ponto final, na paisagem gelada do Alasca. No meio do nada, Christopher encontra um estranho marco da civilização: um ônibus abandonado, que já havia servido de abrigo para alguém no passado. O rapaz toma posse do lugar e passa a viver da caça e pesca. Flashbacks nos contam sua história pregressa, antes de chegar até lá. O filme é muito bem dirigido por Sean Penn, que lhe dá um ar nostálgico que lembra muito os anos sessenta. Destaque também para as canções originais compostas por Eddie Vedder (do Pearl Jam), que complementam e auxiliam o roteiro. O final mostra que tudo na vida tem seu preço, mesmo a "liberdade absoluta" buscada por McCandless. E ele também acaba por descobrir que a felicidade só é real quando compartilhada.


3 comentários:

Diego disse...

Assisti nesse feriado de natal o filme!

Muito bom!

João Solimeo disse...

Muito bom mesmo né?
Abs

Diana disse...

Já é agosto de 2009, mas preciso comentar nesse post. O filme é realmente muito bom, longo, mas envolvente demais para ter 1 momentinho sequer cansativo e com uma trilha sonora fantástica!! Fica dificil mesmo escrever uma critica sobre ele, só sei que dá vontade de pôr uma mochila nas costas e sair por aí, mas conhecendo o Brasilzão!! hehe..