sexta-feira, 12 de julho de 2013

O Homem de Aço

A cena mais interessante de "O Homem de Aço", infelizmente, é breve. A icônica figura do Superman é vista algemado e escoltado por soldados. Este é um ser com poderes quase infinitos que, em um momento que poderia ser chamado de "nobreza", decide se entregar à Humanidade. Ele saiu do esconderijo onde se manteve por 33 anos (a "idade de Cristo", em uma das várias referências religiosas do filme) em resposta à chegada à Terra do louco General Zod (Michael Shannon, de "Foi apenas um sonho", 2008). Mas estou me adiantando.
"O Homem de Aço" é mais um filme de super-herói a chegar ao cinema; dirigido por Zack Snyder (de "300" e "Watchmen") e produzido por Christopher Nolan (da série "Batman"), ele tem muito da seriedade e o suposto realismo imprimido por Nolan nos filmes do Batman, o que é uma vantagem e uma desvantagem. Foram-se os saudosos tempos do Superman de Christopher Reeve dos anos 1970, que voava com um sorriso no rosto, Louis Lane nos braços e embalado pela trilha de John Williams. O Superman do século XXI é um homem em conflito com suas origens e inseguro de seu lugar neste planeta.  É também um herói mais violento, que voa com uma expressão de raiva ao som ensurdecedor dos acordes onipresentes da trilha de Hans Zimmer. Interpretado pelo britânico Henry Cavill, Superman perdeu  a inocência. Por outro lado, perdeu-se também muito do charme e graça do personagem. Afinal, apesar do novo uniforme (que lembra o usado pelo herói nos clássicos desenhos animados produzidos pelos irmãos Max e David Fleischer nos anos 1940), Superman ainda é basicamente um cara com uma capa vermelha, um "S" no peito e que pode voar. 

Russell Crowe ("Intrigas de Estado") adiciona ainda mais seriedade ao início passado no planeta Krypton como Jor-El, pai de Kal-El, o primeiro bebê nascido naturalmente no planeta em séculos. Há uma subtrama confusa sobre um tal de "Codex", que conteria o código genético dos habitantes do planeta condenado, que é desejado pelo General Zod, mas é enviado à Terra junto com o bebê Superman. Kevin Costner, que andava sumido, interpreta com muita dignidade o pai adotivo terrestre de Kal-El, que ele batiza de Clark Kent, e Diane Lane interpreta sua mãe. O problema é que é tudo tão pomposo e sério que, estranhamente, o filme não emociona. Pior, a campanha de marketing massacrante revelou quase todas as boas cenas nos vários trailers lançados nos últimos meses, e "O Homem de Aço", por vezes, parece uma colagem de cenas que você já assistiu no YouTube. Você já sabe que Clark salva o ônibus escolar quando cai no rio, já sabe que, adulto, salva os trabalhadores de uma plataforma de petróleo. Você já ouviu Russell Crowe declamando suas mensagens para o filho ou escutou Michael Shannon gritando. Em um filme com 148 minutos de duração, você vai se surpreender com o quanto já viu dele na internet. Grande parte do filme, infelizmente, é dedicada a intermináveis cenas de luta corpo a corpo ou destruição geral da cidade de Nova York/Metrópolis. O som é tão ensurdecedor que é recomendável levar um protetor de ouvidos à sessão.

Há, também, boas cenas. A das algemas é ótima. O garoto Clark assustado em sala de aula, escutando tudo em volta e descobrindo que tem visão de Raio-X, é outra. Mas falta principalmente humor, coisa que a Marvel usa muito bem nos filmes do "Homem de Ferro", "Os Vingadores", "Capitão América", "Thor", etc. Os altos custos de produção e a bilheteria aquém do esperado podem ter posto fim às esperadas continuações, mas vai depender do desempenho do filme fora dos Estados Unidos.

Um comentário:

Suelyn Magalhães disse...

Foi uma pena mesmo, pois parecia que ia ser um super filme.
O diretor e os produtores se concentram muito nas cenas de ação e no 'insuportável''3D, e esqueceram o mais importante: o roteiro.
Kevin, Amy e Russel só se salvam, pois são acima dos demais... já o resto, sem comentários.