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terça-feira, 21 de abril de 2015
Chappie
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domingo, 18 de dezembro de 2011
Borboletas Negras
Na década de 60, na África do Sul, as leis segregacionistas do Apartheid ficaram ainda mais fortes, impedindo os negros da liberdade de ir e vir sem um salvo conduto, de circular em meios de transporte público e de se expressarem livremente. A poetisa Ingrid Jonker (pronuncia-se "ionker") e um grupo de escritores protestavam contra a segregação através de poemas, livros e peças de teatro, frequentemente censuradas pelo governo branco. Depressiva, Jonker cometeria suicídio aos 31 anos jogando-se no mar em 1965. Quando Nelson Mandela assumiu o poder na década de 90, ele leu um dos poemas de Jonker ("A Criança Morta de Nyanga") em seu discurso ao Parlamento.
A vida de Jonker é contada no cinema com direção de Paula van der Oest. A produção segue basicamente as regras das cinebiografias de artistas autodestrutivos; a vida da poetisa, segundo o filme, foi uma mistura de consciência social alimentada por traumas de infância, problemas com um pai dominador e distante, alcoolismo e promiscuidade. A atriz holandesa Carice von Houten (de "A Espiã") interpreta Ingrid de forma convincente e o grande Rutger Hauer interpreta o pai dela, Abraham Jonker, um homem religioso e racista que chefiava o departamento de censura na África do Sul. A visão política da filha lhe era constante forma de embaraço, e ele via a obra dela como mera forma de lhe atacar. Jonker, de fato, responde aos problemas com o pai autoritário envolvendo-se com homens muito mais velhos e tentando chamar a atenção através de um comportamento destrutivo. Ela é salva de um afogamento logo no início do filme pelo escritor Jack Cope (Liam Cunningham, que está muito bem e lembra o ator inglês Rex Harrison), com quem começa a ter um caso. Jack tem idade suficiente para ser pai dela, tem dois filhos e está se divorciando. Ingrid também é recém divorciada e tem uma filha pequena, Simone, que carrega para cima e para baixo, como um pacote, o filme todo.
Passado na Cidade do Cabo, a produção é muito bem feita, com bela fotografia de Giulio Biccari, que compõe os planos através de janelas, reflexos ou plantas, como que mostrando que tanto os problemas políticos do país quanto os problemas psicológicos de Jonker estão escondidos. A poetisa tem mudanças de humor constantes e a tendência de afastar todos à sua volta. Ao abortar clandestinamente um filho de Cope, ela associa o próprio ato com os assassinatos cometidos pela polícia branca contra os negros dos guetos, o que serve de inspiração para o poema narrado por Mandela citado anteriormente. Von Houten é uma atriz muito boa e sua espiral descendente à loucura é bem interpretada. Não é um filme confortável de se assistir. O padrão suicida de Jonker se torna repetitivo e, a bem da verdade, a descrição de sua vida depressiva acaba por tirar a atenção dos acontecimentos políticos que acontecem nos bastidores e, até, levantando questionamentos sobre sua obra. Jonker segue um padrão romântico estabelecido por vários poetas na história da literatura, que aparentemente precisavam destruir as próprias vidas para conseguir produzir sua obra. O filme é válido como mensagem anti racismo e é bom ver atores adultos representando papéis sérios. Como cinebiografia, porém, "Borboletas Negras" acaba por reduzir a obra de Jonker a delírios produzidos em meio a álcool e depressão. Visto no Topázio Cinemas, Campinas.
domingo, 31 de janeiro de 2010
Invictus

A primeira cena explica muita coisa. De um lado da rua há uma escola rica para brancos, que treinam rugby no belo gramado. Do outro lado da rua há um pobre campo de futebol onde jogam os negros. Brancos e negros são atraídos por uma carreata que passa na rua. Um dos carros carrega Nelson Mandela, recém libertado da prisão. O rugby era o jogo preferido dos brancos da África do Sul. As cores verde e ouro do time estavam associados ao regime racista do aparthaid e eram odiadas pelos negros. Com a vitória de Mandela nas urnas, esperava-se que o time de rugby (chamado Springbok, que é uma espécie de antílope, símbolo do time) mudasse suas cores, seu emblema e seu nome. Mandela, político inteligente, foi contra. "Não vamos nos tornar aquilo que os brancos esperam de nós", diz ele. Ao invés de dissolver o time, Mandela se tornou um fã do esporte e viu na Copa do Mundo de Rugby, que aconteceria em 1995 na África do Sul, uma oportunidade de unir brancos e negros e mostrar ao mundo o que o país era capaz de fazer. Mandela então pede a ajuda do capitão do time, François Pienaar (Matt Damon), para tornar o esporte mais popular entre os negros e servir de inspiração para o país.
Clint Eastwood dirige de forma competente, mas a verdade é que o filme é de Morgan Freeman. Ele está tranquilo como Nelson Mandela, de quem empresta o carisma e devolve sua calma dignidade como ator. O filme é lento e por vezes calmo demais. As melhores cenas, curiosamente, acontecem entre os coadjuvantes, os seguranças brancos e negros que são obrigados a conviver e planejar juntos a segurança do presidente. Matt Damon está bem como o capitão do time, embora um tanto distante do personagem, sem estar de corpo e alma no filme. Há várias cenas de jogos de rugby, com suas regras relativamente desconhecidas pelos brasileiros, em cenas passadas em estádios lotados por torcidas geradas em computação gráfica.
"Invictus" é uma curiosa mistura de biografia política com filme de esporte, com suas fórmulas conhecidas, cenas em câmera lenta e final festivo. Serve também como curiosidade, em pleno ano de Copa do Mundo (de Futebol), na África do Sul, ver um time ser campeão usando uniforme verde e amarelo.
"Invictus" - Clint Eastwood. Com Morgam Freeman e Matt Damon
Câmera Escura
"Invictus" - Clint Eastwood. Com Morgam Freeman e Matt Damon
Câmera Escura
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Distrito 9

"Distrito 9" é um dos filmes mais originais de ficção científica dos últimos anos. Ele tem todos os ingredientes do gênero, como espaçonaves vindas dos confins do Universo, extraterrestres, armas com alta tecnologia e efeitos especiais. Ao mesmo tempo, é uma alegoria bem bolada dos problemas que afligem o nosso planeta. Este é um filme de monstros em que os vilões, curiosamente, não vêm de fora. Os monstros somos nós. "Distrito 9" mostra como os seres humanos podem ser preconceituosos e violentos com o que é diferente. Os milhares de extraterrestres são mostrados em situações degradantes na grande favela que virou seu "campo de refugiados". Vivem procurando comida no lixo, inclusive "crianças pequenas", e sentimos repugnância pelo seu modo de vida. Feito como se fosse uma pseudo-reportagem, o filme lembra um pouco o estilo empregado em "Cloverfield", ano passado, que foi feito todo em "primeira pessoa", simulando um visual amador. "Distrito 9" é menos radical, mas o diretor Neill Blomcamp usa muito de câmeras operadas sem tripé e do ponto de vista de um repórter cinematográfico que foi chamado para acompanhar o "despejo" dos extraterrestres.
O resultado é um filme muito interessante, que ainda conta com entrevistas de "especialistas" como psicólogos, políticos e jornalistas. A companhia MNU é claramente baseada nas empresas militares privadas que os Estados Unidos tem usado em suas campanhas no Iraque. Composta por mercenários, eles são assassinos comandados pelo Coronel Koobus (David James). O personagem principal de Distrito 9 é Wicus van der Merwe (Sharlito Copley), genro do dono da MNU e o encarregado pela evacuação do Distrito para fora da cidade. Wicus é um burocrata da pior espécie, político e sorridente para as câmeras mas claramente um cafajeste. Ele toma uma dose do próprio remédio quando, infectado por um líquido estranho, começa a se tornar um extraterrestre. Ele é levado para o quartel general da MNU, que vê sua metamorfose com interesse, visto que as armas alienígenas só respondem ao DNA dos extraterrestres. Novamente, a situação é uma alegoria da ganância das empresas militares multinacionais, que fariam de tudo para lucrar com uma situação. A parte final é um pouco decepcionante, composta por perseguições impossíveis, explosões e tiroteios. "Distrito 9" foi produzido por Peter Jackson, de O Senhor dos Anéis, que também produziu todos os efeitos especiais. O título é uma menção ao "Distrito 6", região que teve muitos problemas, na Cidade do Cabo, durante os anos do Aparthaid.
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