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domingo, 22 de outubro de 2023

Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, 2023)

Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, 2023). Dir: Martin Scorsese. Um filme novo de Scorsese nos cinemas é um evento que deve ser visto em uma sala de cinema. Não pude fazer isso com seu último trabalho, "O Irlandês", que saiu na Netflix, e a diferença é considerável. "Assassinos da Lua das Flores" mostra um Scorsese maduro, ainda tentando coisas diferentes aos 80 anos de idade. A diferença aqui é o ponto de vista feminino, na forma de uma índia da tribo Osage chamada Mollie (Lily Gladstone). Sim, Robert De Niro está lá (excelente). DiCaprio está lá. Assassinatos, violência, gângsters... ingredientes de um filme "normal" de Scorsese, mas talvez com um toque extra de crueldade e tristeza.

A trama se passa nos anos 1920 em Oklahoma, EUA. Leonardo DiCaprio é Ernest, um soldado voltando da Primeira Guerra Mundial para trabalhar para o tio, Willian Hale (De Niro). Os índios da nação Osage ficaram ricos quando petróleo foi descoberto em suas terras. Aparentemente, eles vivem bem, têm casas enormes, carros, joias; mas uma das qualidades deste filme de Scorsese é como ele mostra, bem lentamente, que as aparências enganam. Não é segredo que este é um filme (bem) longo, são quase três horas e meia de duração. A editora habitual de Scorsese, Thelma Schoonmaker, faz um belo trabalho em apresentar os personagens e manter as tramas compreensíveis ao longo de vários anos (e longos minutos de filme), mas é discutível se qualquer filme precisa ter três horas e meia de duração, mas essa é outra questão.
Como disse, creio que o que chama atenção nesta obra é o modo como Scorsese apresenta o "mal". Sem entrar no terreno de spoilers, o filme é excelente em apresentar eventos que, mais tarde, descobrimos serem terríveis, mas que aparentam ser inocentes no começo. O mais desconcertante é o caso de amor entre o personagem de DiCaprio e Millie, cheio de camadas e nuances. Ela, forte, decidida, dona do nariz, mas humana. Ele, fraco, indeciso, aparentemente apaixonado por ela mas incapaz de ir contra um sistema que a vê como algo descartável.
O roteiro, inicialmente, daria ênfase aos agentes federais que vêm para a cidade investigar a morte de vários índios Osage. DiCaprio interpretaria um deles, em um papel mais heroico. Ele e Scorsese acabaram mudando o foco para o ponto de vista das vítimas e o filme ganhou muito com isso. É um trabalho de fôlego que vai colocar lenha na fogueira das premiações do ano que vem, que pareciam estar definidas entre a "Barbie" de Greta Gerwig e o "Oppenheimer" de Nolan.
Com relação à duração do filme, temos que levar em conta que ele foi coproduzido pela Apple para seu canal de streaming. O mesmo aconteceu com "O Irlandês' e a Netflix. Coincidência ou não, são dois filmes com três horas e meia de duração, o que leva a crer que foram editados mais com os serviços de streaming na cabeça do que as salas de cinema. Ridley Scott vai lançar seu "Napoleão" com duas durações, uma mais curta nos cinemas e outra mais longa no streaming. Seria uma nova tendência? É esperar para ver.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Amor e Morte (Love and Death, 2023)

 
Amor e Morte (Love and Death, 2023). Dir: David E. Kelley. HBO Max. Candy Montgomery (Elizabeth Olden) é uma cidadã modelo. Ela é mãe de dois filhos e esposa ideal. Candy canta no coral da igreja e é ativa na comunidade em uma pequena cidade do Texas. Um dia, durante um jogo de vôlei com a congregação, ela se sente estranhamente atraída por um colega da igreja, Allan (Jesse Plemons). Decidida e sem rodeios, ela se aproxima dele e pergunta se ele estaria interessado em ter um caso com ela.

Mais para frente, "Amor e Morte" vai se tornar uma série criminal mas, para mim, a parte mais intrigante é este começo. A minissérie da HBO está mais interessada, aparentemente, em pintar um retrato dessa comunidade americana no final dos anos 1970 do que com o crime e julgamento que vão tomar conta dos capítulos finais. Elisabeth Olsen e Jesse Plemons estão ótimos como pessoas comuns que resolvem ter um caso; o modo como eles lidam com isso é quase científico. Ao invés de partirem direto para a cama, Candy e Allan têm vários encontros que servem para eles pesarem os "prós e contras" de um relacionamento extraconjugal. Eles fazem listas (no topo de uma, está a regra de que eles não podem se apaixonar). Eles conversam sobre como o caso não pode causar sofrimento aos seus respectivos cônjuges. Candy se responsabiliza não só por reservar os quartos de hotel como em preparar o almoço deles. Quando eles finalmente acabam na cama, até a HBO, famosa por cenas de sexo quase explícitas, resolve se comportar e mostra o casal de forma respeitosa.

Há um ditado que diz que quando um homem faz um plano, o Universo dá risada, e claro que todo o planejamento de Candy e Allan acaba dando errado. A coisa se complica de vez quando um machado entra na equação e a série entra para o terreno criminal; os fãs de séries de crime podem então assistir às cenas esperadas de tribunal, advogados gritando "protesto!", provas sendo apresentadas e, no final, um veredito, mas acho que isso é o de menos. A minissérie tem sete capítulos e o último foi disponibilizado hoje na HBO Max.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Ataque dos Cães (The Power of the Dog, 2021)

Ataque dos Cães (The Power of the Dog, 2021). Dir: Jane Campion. Netflix. Este é para ficar pensando um tempo. "Ataque dos Cães" se passa no estado de Montada, EUA, nos anos 1920 (embora tenha sido filmado na Nova Zelândia). É um curioso estudo sobre masculinidade tóxica, alcoolismo e maternidade/paternidade. A australiana Jane Campion (de "O Piano") filma sem pressa, em belíssimas imagens capturadas pela fotografia de Ari Wegner. A trilha de Jonny Greenwood (de vários filmes de Paul Thomas Anderson) é bastante presente e ajuda na composição de um cenário ao mesmo tempo lindo e opressor.

A trama envolve primeiramente dois irmãos, George (Jesse Plemmons) e Phil (Benedict Cumberbatch), dois "cowboys" que estão completando 25 anos tocando gado juntos. Enquanto que George é elegante e suave, Phil é bruto, orgulhoso e "macho". Cumberbatch está soberbo no papel de um homem asqueroso e ciumento da companhia do irmão; ele fica ainda mais furioso quando George conhece Rose (Kirsten Dunst), uma viúva que trabalha em um restaurante de uma pequena cidade. George e Rose se casam e se mudam para o rancho da família. Phil não esconde seu desprezo pela cunhada e faz de tudo para fazer a vida dela um inferno.

Rose não é a única vítima de Phil. Ela tem um filho chamado Peter (Kodi Smit-McPhee), que está estudando para ser médico e é o oposto do que Phil espera de um "homem"; Peter é sensível, quieto, tímido e protegido pela mãe. O roteiro, baseado em um livro de Thomas Savage, consegue surpreender de forma sutil, subvertendo algumas expectativas (pense no que acontece com aquele coelho, por exemplo). Não é um filme muito fácil, é lento e os personagens não são muito simpáticos. É, porém, fascinante. Tá na Netflix.