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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Dois Estranhos (Two Perfect Strangers, 2020)

Dois Estranhos (Two Perfect Strangers, 2020). Dir: Travon Free e Martin Desmond Roe. Curta metragem (32 minutos) vencedor do Oscar, "Dois Estranhos" pega a premissa de "Feitiço do Tempo" (e vários outros filmes depois) e coloca forte componente social e racial. Um cartunista, Carter James (Joey Bada$$) acorda toda manhã ao lado de uma garota (Zaria), com quem ele passou a noite. Está tudo ótimo, Bruce Hornsby toca na trilha sonora, mas cada vez que ele tenta sair do prédio e ir para casa ele é interpelado por um policial racista chamado Merk (Andrew Howard). O resultado é sempre trágico, mas Carter acorda novamente com a garota, na mesma manhã, tenta ir embora...e assim por diante. Bastante bem feito e atual. Tá na Netflix.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Meu Pai (The Father, 2020)


O terror está nos detalhes. Na cor e posição de móveis. No tamanho de quartos, salas. Nos quadros da parede. De quem é este apartamento? Quem é essa pessoa? Quem sou...eu? "Meu pai" é, ao mesmo tempo, lindo e assustador. Ao nos colocar no lugar de um homem que, pouco a pouco, está perdendo a memória, o filme mostra como as aparências enganam e como tudo, no fundo, depende da interpretação que fazemos das coisas.

Anthony (um estupendo Anthony Hopkins) é um senhor que mora sozinho em um apartamento enorme em Londres. Sua filha, Anne (Olivia Colman, sempre certeira) vem visitá-lo todos os dias; ela está brava com ele porque ele não consegue se dar bem com nenhuma cuidadora que ela contrata. Ela também lhe diz que está de mudança para Paris porque ela conheceu um homem, com quem vai se casar. Só que, na cena seguinte, Anthony está conversando com um homem que diz ser marido da filha dele. Paris? Não, eles não vão a Paris. A filha chega das compras e Anthony não a reconhece.

"Meu Pai" é escrito e dirigido por Florian Zeller, baseado em uma peça escrita por ele. Não sei como era no teatro, mas Zeller faz um trabalho brilhante e bastante cinematográfico ao puxar o tapete debaixo de nossos pés cena após cena. Pequenas mudanças na direção de arte trocam a posição dos móveis e a cor das paredes. Assim como Anthony, ficamos perdidos espacialmente e, através da edição, temporalmente. Algumas cenas se repetem, com pequenas mudanças; a montagem não é linear.Nada disso funcionaria, porém, sem a brilhante interpretação de Anthony Hopkins, que passa toda gama de emoções através do olhar e da linguagem corporal. O elenco ainda conta com Olivia Williams, Rufus Sewell, Imogen Poots e Mark Gatiss em papéis que se alternam, dependendo da cena.

Este não é, porém, um filme "truque" tipo "Memento", de Christopher Nolan, onde o que importa é a forma. "Meu Pai" usa da técnica para criar empatia. É de cortar o coração, e assustador, ver como toda uma vida, memórias e a própria noção de quem você é vão se perdendo no final da jornada. A última imagem é muito triste, e muito bela. Por todo filme, Anthony fica obsecado por encontrar seu relógio de pulso, é como se ele tentasse segurar o Tempo com as mãos. "Meu Pai" recebeu seis indicações ao Oscar; filme, ator (merecidíssimo, para Hopkins), atriz coadjuvante (Colman), roteiro adaptado, edição e direção de arte. Disponível na Apple TV e, para quem quiser se arriscar, em breve nos cinemas.