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sábado, 12 de março de 2022

Batman (The Batman, 2022)

Batman (The Batman, 2022). Dir: Matt Reeves. Outro filme do Batman, e com quase três horas de duração? Confesso que fui ver sem esperar grande coisa (apesar das boas críticas); mas é um filmão (com algumas ressalvas). Esta versão do Batman tem mais a ver com o personagem "detetive" do que com o "super herói". Interpretado por Robert Pattinson, Batman é um "vigilante" que trabalha à noite sob a constante chuva de Gothan City. Como um detetive de filme noir, este Batman narra em "off" seus pensamentos, dúvidas e medos. Há algo do gótico explorado pelas versões de Tim Burton, mas diria que este Batman está mais para filmes de David Fincher como "Seven" e "Zodíaco" do que para as versões do morcego de Christopher Nolan.

Gothan City está em ano eleitoral e um serial killer começa a matar pessoas importantes da cidade. Ele deixa para trás pistas e charadas para serem decodificadas pelo Batman. Robert Pattinson está bem como o homem-morcego, com um design ao mesmo tempo mais realista e mais "retrô". Seu vigilante aterroriza tanto bandidos comuns quanto criminosos poderosos da cidade. Seu único aliado, além do mordomo Alfred (Andy Serkis), é o Tenente (futuro Comissário) James Gordon (Jeffrey Wright), que não se intimida em pedir a ajuda do encapuzado quando necessário. Zoë Kravitz (Selina Kyle, a "Mulher Gato") mantém uma relação de amor e ódio com o morcegão, dependendo da situação.

O filme é bem lento (tem duas horas e cinquenta e cinco minutos de duração), pesado, escuro e chuvoso, mas a trama é interessante o suficiente para manter a atenção. Vilões famosos como o Pinguim aparecem em versões mais realistas (aqui ele é interpretado por um irreconhecível Colin Farrell, escondido sob camadas e maquiagem). O grande John Turturro é um chefão da máfia. O "Charada" é interpretado por um ator tão maluco quando o personagem (e sei que não é spoiler, mas não vou revelar quem ele é, porque eu não sabia e fui pego de surpresa). Como disse, em vários momentos me lembrei do "clima" de filmes pesados como "Seven" e "Zodíaco" (cujos enigmas claramente serviram de inspiração para este filme). A trilha sonora de Michael Giacchino é ótima tanto no tema do morcego quanto ao incorporar a "Ave Maria" de Schubert no tema do "Charada". A bela (e escura) direção de fotografia é de Greig Fraser, que já havia feito um trabalho incrível em "Duna". O filme é carregado de tons negros e vermelhos.

Quanto às ressalvas, não acho que o filme precisava ter quase três horas de duração. E quando chegamos ao terceiro ato, a história de detetive/máfia desaparece para dar lugar a um daqueles planos megalomaníacos (e absurdos) dignos de um vilão de James Bond. Por mais que Batman lute bem (e tenha a melhor roupa à prova de balas da galáxia), fica meio difícil de acreditar nas sequências finais. Isso posto, é um filme e tanto, um épico noir que é melhor do que eu esperava e, nessa era com tantos filmes de super heróis, consegue ter personalidade própria. Nos cinemas.  

sábado, 19 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas


Em meu texto sobre "Batman Begins", em 2005, eu terminei dizendo: "Em alguns anos, imagina-se, Batman estará de volta. Agora que seu início já foi contado, vai ser difícil fazer uma continuação tão interessante quanto este primeiro episódio". Eu estava enganado. Em vários aspectos, "Batman - O Cavaleiro das Trevas" é tão bom quanto seu predecessor. Em outros, é até melhor. Este é um filme mais pesado que o anterior. O diretor e roteirista Christopher Nolan resolveu explorar ainda mais o lado sombrio de seu personagem principal trazendo tons trágicos para a narrativa. O que inclui a morte de personagens principais, um clima de insegurança constante e a criação de dois personagens que são como os lados opostos da mesma moeda: o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart, muito bem no papel) e o vilão Coringa. Este último, para aumentar ainda mais o tom trágico do filme, foi interpretado por Heath Ledger, jovem ator que morreu de overdose de remédios pouco depois das filmagens. O ator estava com problemas pessoais (separação da esposa e filha) e a overdose pode não ter sido acidental. Há quem diga que interpretar o Coringa pode ter contribuído para sua morte. Jack Nicholson, que interpretou o mesmo personagem na versão de Tim Burton em 1989, ao saber da morte de Ledger, teria dito apenas: "Eu avisei ele".


Gothan City está em guerra com os mafiosos, e Batman tem ajudado secretamente seu amigo Jim Gordon (Gary Oldman) a combater os criminosos. Mas agora há um rosto novo (e horrível) na cidade. O Coringa (cuja origem nunca é explicada direito) tem realizado grandes roubos do dinheiro da Máfia e o está usando para aterrorizar a cidade. Ele começa a matar inocentes e diz que só vai parar quando Batman revelar sua identidade. A cidade conta com a presença de Batman para ajudá-la embora, no fundo, ele seja considerado um justiceiro criminoso até pelo promotor Harvey Dent, que aparece como uma nova esperança. Dent é chamado de "cavaleiro branco" e há esta interessante oposição entre sua figura limpa e decente e a figura sombria e conturbada de Batman. O "Cavaleiro das Trevas", no fundo, está mais próximo do Coringa do que de Dent, e ele tem consciência disto. Christian Bale, novamente no papel de Bruce Wayne/Batman, é um ator completo, que consegue passar tanto a imagem do rico "playboy" que aparentemente não liga para nada quanto sua sombra vestida de morcego. Seu Batman parece uma máquina quando enfrenta os criminosos, e sua voz não soa humana. Mas o filme é plausível o suficiente para você acreditar que uma pessoa comum (extremamente bem treinada e equipada) poderia fazer o que Batman faz. Katie Holmes, atual senhora Tom Cruise, foi substituída no papel da promotora Rachel Dawes por Maggie Gyllenhaal, e foi uma boa troca. Ela é mais talentosa e serve como ponto de apoio entre Harvey Dent e Bruce Wayne.


O "fantasma" do 11 de setembro paira sobre o filme. O Coringa é chamado várias vezes de "terrorista" e certas cenas lembram o ataque que destruiu o World Trade Center. O próprio poster do filme (veja acima), me lembrou muito a imagem do avião invadindo as Torres Gêmeas (compare ao lado). O Coringa não está interessado em dinheiro. Como diz Alfred (o grande Michael Caine) a seu patrão, algumas pessoas só querem ver o circo pegar fogo. Heath Ledger desaparece na figura terrível do Coringa, cujas cicatrizes no rosto o deixam permanentemente com um sorriso macabro. A trilha sonora (de Hans Zimmer e James Newton Howard) criou uma nota distorcida que fica soando toda vez que o Coringa está em cena, e há a sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. O tema do antagonismo, da existência de lados opostos e da escolha permeia todo o filme. O Coringa representa o próprio "Medo" encarnado, a existência de um mundo sem ética, moral ou regra de qualquer espécie. Há uma cena em que Batman está batendo nele, tentando tirar uma informação, e ele diz simplesmente que não há nada que ele possa fazer para assustá-lo, pois ele não conhece limites. Até Batman tem limites e regras, como foi visto no primeiro filme (quando Bruce Wayne, em seu treinamento no Oriente, se recusou a matar um homem desarmado).
Há um ótimo símbolo no filme na forma de uma moeda que tem o mesmo desenho nas duas faces. É com ela que Harvey Dent aparentemente "tira a sorte" quando quer decidir alguma coisa. Mas o que aconteceria se esta moeda deixasse de ter apenas uma face? Será que ele se tornaria tão cruel quanto o assassino de "Onde os fracos não têm vez"? Não é sempre que um "blockbuster" de verão como este levanta questões tão interessantes sobre moral e ética. Christopher Nolan seguiu a cartilha de George Lucas quando criou "O Império Contra Ataca", o sombrio segundo capítulo da trilogia original de "Guerra nas Estrelas", em 1981.
"O Cavaleiro das Trevas" termina de forma depressiva, mas com a esperança de que, em um terceiro capítulo que certamente virá, as coisas melhorem.