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domingo, 14 de agosto de 2022

Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives, 2022)

Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives, 2022). Dir: Ron Howard. Amazon Prime Video. Eu me lembrava, de modo geral, desta história real ocorrida na Tailândia uns anos atrás. Um grupo de 12 crianças e seu treinador de futebol foram explorar um caverna profunda e acabaram presos quando ela foi alagada por fortes chuvas. O resgate destas treze pessoas mobilizou gente do mundo todo e o louvável nesta versão de Ron Howard é que ficamos interessados na trama mesmo sabendo (até certo ponto) como foi que tudo terminou. Howard já havia conseguido algo parecido quando filmou o acidente da Apollo 13 (a coincidência do número).


No caso de "Treze Vidas", havia a grande chance de que ele acabasse se tornando um daqueles filmes feitos para a TV (que eu chamo de "filmes de Supercine"). Howard conseguiu se safar disso ao juntar um bom elenco internacional e em trazer realismo na reconstrução do acidente e dos cenários. O filme foi feito na Tailândia (cenas externas) e na Austrália (para o trabalho de estúdio). Colin Farrell e Viggo Mortensen interpretam dois mergulhadores voluntários ingleses que vão até a Tailândia tentar ajudar no resgate dos meninos. Mortensen está muito bem, como sempre, interpretando um sujeito de poucas (e amargas) palavras. Quando ele e Farrell encontram os meninos em uma bolha de ar a 2,5 km de distância da entrada da caverna, todos comemoram, mas Mortensen diz: "Nós encontramos os garotos vivos, agora vamos vê-los morrer".

Joel Edgerton é trazido para a equipe de mergulho por causa de uma especialidade que poderia ajudar no resgate das crianças; confesso que não me lembrava como é que eles haviam conseguido transportar 13 pessoas por 2,5 km de túneis submarinos, mas a solução foi engenhosa. O filme talvez seja um pouco longo (duas horas e meia de duração), mas o roteiro usa bem o tempo para explicar detalhadamente as condições da caverna e as dificuldades que todos tiveram que enfrentar para efetuar o resgate. As cenas submarinas, em túneis apertados e cobertos por águas lamacentas, são um desafio para os claustrofóbicos. Disponível na Amazon Prime Video. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Rush: No Limite da Emoção

Quarenta e dois dias depois de ter grande parte do corpo queimada em um violento acidente de Fórmula 1 e de ter passado por procedimentos médicos pesados (como enxerto de pele e limpeza do pulmão), o piloto austríaco Niki Lauda voltou às corridas. Seu objetivo: evitar que seu principal rival, o inglês James Hunt, vencesse o campeonato mundial de Fórmula 1 de 1976. Segundo Lauda, foram as imagens na TV de Hunt vencendo diversas corridas que o mantiveram vivo e com vontade de voltar a pilotar.

A história desta rivalidade é mostrada no filme "Rush", de Ron Howard ("Frost/Nixon", 2008). O filme transporta o espectador para a época em que as corridas de carros ainda eram tão "românticas" quanto perigosas, com a média de três pilotos mortos por temporada. Os carros não eram os computadores sobre rodas que existem hoje; eram tanques de combustível guiados de forma "analógica" por pilotos que tinham um tipo especial de loucura, uma paixão pelo perigo e pela velocidade que, muitas vezes, era fatal. A rivalidade entre pilotos sempre vendeu bem na Fórmula 1. Os brasileiros com mais de trinta anos se lembram dos duelos entre Nelson Piquet e Nigel Mansell pelo campeonato mundial de 1987 (vencido por Piquet) ou pela disputa acirrada entre Ayrton Senna e Alain Proust (mostrada no documentário "Senna"). Roward recria muito bem o clima da época, com direção de arte minuciosa e uma direção de fotografia (de Antonhy Dod Mantle, de "Quer quer ser um Milionário" e "127 Horas") que lembra a cor dos filmes em Super 8 dos anos 1970. Mas o principal acerto foi no elenco. Chris Hemsworth (de "Thor" e "Os Vingadores") está muito bem como James Hunt, um piloto tipo "playboy" que flertava com garotas, bebidas e drogas com a mesma intensidade com que gostava de pilotar automóveis. O espanhol Daniel Brühl está perfeito como o frio e metódico Niki Lauda; a semelhança com o piloto verdadeiro é impressionante, mesmo antes do acidente que distorceu seu rosto. O roteiro de Peter Morgan ("A Rainha", "360") repete a parceria com Ron Roward de "Frost/Nixon".



E há, claro, as corridas de Fórmula 1. A cena do desastre de Lauda em Nurburgring (vista no vídeo acima) foi recriada de forma idêntica pelos ótimos efeitos especiais do filme. "Rush" segue a tradição de grandes filmes de automobilismo como "Grand Prix" (1966) e "24 Horas de Le Mans" (1971), mas as câmeras (reais e virtuais) de Ron Howard e Anthony Dod Mantle não só nos colocam no cockpit do piloto como recriam toda uma época.

Câmera Escura

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Inquietos

Não há nada romântico a respeito do câncer, e este é o maior problema com "Inquietos", de Gus van Sant. Com produção de Ron Howard e Brian Grazer (de blockbusters como "Apolo 13" e "Cowboys e Aliens" ) o filme de Van Sant tem "alma" de filme independente. Atores relativamente desconhecidos, trilha sonora "alternativa" e assuntos considerados tabu no cinema americano, como morte e suicídio. O filme é "bonitinho" demais, o que compromete.

Enoch Brae (Henry Hopper, filho de Dennis Hopper) é um rapaz depressivo que gosta de entrar de penetra em velórios. Ele perdeu os pais em um acidente de carro e esteve à beira da morte por meses. Ele mora com uma tia em uma casa que é o protótipo da casa mal assombrada, grande e escura, e tem um amigo imaginário chamado Hiroshi (Ryo Kase), que diz ser o fantasma de um piloto kamikaze japonês. Enoch conhece Annabel (Mia Wasikowska, pense na garota mais gracinha que se pode imaginar) em um destes velórios e os dois se tornam amigos. Tudo no casal lembra a morte; Enoch apresenta seus pais a Annabel no cemitério, claro, e ela é interessada em insetos que se acasalam na carcaça de animais mortos. Annabel está morrendo; ela é paciente teminal de câncer e os médicos lhe deram três meses de vida. Junta-se um rapaz apaixonado por morte com uma moça que está para morrer e o resultado é difícil de classificar (uma "comédia romântica mórbida"?).

O elenco deve ser elogiado. O filho de Dennis Hopper é bom e sua interpretação ao lado de Wasikowska funciona bem. A amizade entre os dois logo se transforma em amor e, com três meses de vida, não há tempo a perder e o casal passa a maior parte do tempo juntos, seja em transfusões de sangue ou visitando o necrotério do hospital de Annabel. Nem tudo funciona no filme, no entanto. Sim, o casal é uma gracinha e há muita "nobreza" por parte de Enoch em aceitar o amor de Annabel nessas condições, mas se a "mensagem" do filme é contra o preconceito, o rapaz tinha que ser um suicida que tem conversas com pilotos kamikaze? Fica aparente também a tentativa de Gus Van Sant (ou dos produtores) em deixar tudo sempre o mais leve possível. Não há problema algum em encarar a morte com bom humor, mas o filme sofre de um excesso de "gracinha" que chega a incomodar. A trilha sonora de Danny Elfman (que já viu dias melhores em sua parceria com Tim Burton) e as canções "alternativas" tocam alegremente em qualquer situação que poderia ser mais dramática, como se o espectador tivesse que ser pego pela mão e não enfrentar o que, repito, não tem graça alguma: Annabel está morrendo de câncer.

Mia Wasikowska carrega o filme nas costas, mas sua personagem, que deveria ser o centro de atenção, é colocada de lado em sequências em que Enoch está brigando com seu fantasma imaginário ou agindo como um garoto mimado. E por que um filme que fala tanto sobre morte evita encará-la de frente no final? "Inquietos" é cheio de boas intenções, tem bom elenco e várias cenas interessantes, mas acaba se afogando no próprio açúcar. Visto no Topázio Cinemas.