Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives, 2022). Dir: Ron Howard. Amazon Prime Video. Eu me lembrava, de modo geral, desta história real ocorrida na Tailândia uns anos atrás. Um grupo de 12 crianças e seu treinador de futebol foram explorar um caverna profunda e acabaram presos quando ela foi alagada por fortes chuvas. O resgate destas treze pessoas mobilizou gente do mundo todo e o louvável nesta versão de Ron Howard é que ficamos interessados na trama mesmo sabendo (até certo ponto) como foi que tudo terminou. Howard já havia conseguido algo parecido quando filmou o acidente da Apollo 13 (a coincidência do número).
No caso de "Treze Vidas", havia a grande chance de que ele acabasse se tornando um daqueles filmes feitos para a TV (que eu chamo de "filmes de Supercine"). Howard conseguiu se safar disso ao juntar um bom elenco internacional e em trazer realismo na reconstrução do acidente e dos cenários. O filme foi feito na Tailândia (cenas externas) e na Austrália (para o trabalho de estúdio). Colin Farrell e Viggo Mortensen interpretam dois mergulhadores voluntários ingleses que vão até a Tailândia tentar ajudar no resgate dos meninos. Mortensen está muito bem, como sempre, interpretando um sujeito de poucas (e amargas) palavras. Quando ele e Farrell encontram os meninos em uma bolha de ar a 2,5 km de distância da entrada da caverna, todos comemoram, mas Mortensen diz: "Nós encontramos os garotos vivos, agora vamos vê-los morrer".
Joel Edgerton é trazido para a equipe de mergulho por causa de uma especialidade que poderia ajudar no resgate das crianças; confesso que não me lembrava como é que eles haviam conseguido transportar 13 pessoas por 2,5 km de túneis submarinos, mas a solução foi engenhosa. O filme talvez seja um pouco longo (duas horas e meia de duração), mas o roteiro usa bem o tempo para explicar detalhadamente as condições da caverna e as dificuldades que todos tiveram que enfrentar para efetuar o resgate. As cenas submarinas, em túneis apertados e cobertos por águas lamacentas, são um desafio para os claustrofóbicos. Disponível na Amazon Prime Video.
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domingo, 14 de agosto de 2022
Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives, 2022)
sábado, 14 de julho de 2012
Na Estrada
"On the road" foi lançado por Jack Kerouc em 1957, anos depois que seus manuscritos originais, datilografados nervosamente sobre rolos compridos de papel, foram escritos. O livro descrevia as aventuras de Kerouac e seu amigo Neal Cassady pelas estradas dos Estados Unidos. Era o final dos anos 40, o país vivia a euforia do pós-guerra e uma legião de jovens encontrava-se sem rumo. O jazz antecipava a revolução que seria incorporada pelo rock ´n roll e as drogas eram experimentadas em doses crescentes. A saga real de Kerouac e Cassady foi compartilhada com nomes como do poeta Allen Ginsberg e William S. Burroughs, mas todos tiveram seus nomes trocados por exigência das editoras.
O livro se tornou um marco da chamada "geração beat" e conquistou milhares de seguidores, imitadores e influenciou o movimento hippie dos anos 1960, assim como bandas de rock como "The Doors", nas letras de Jim Morrison. Francis Ford Coppola comprou os direitos para uma adaptação cinematográfica nos anos 80, mas só agora o filme foi feito, sob direção do brasileiro Walter Salles, que construiu uma carreira à base de "filmes de estrada" como "Central do Brasil" (1998) e, principalmente, "Diários de Motocicleta" (2004). Salles enfrentou uma tarefa inglória. Como agradar aos fãs de uma obra incensada por quase meio século? Exibido no último Festival de Cannes, "Na Estrada" foi em geral mal recebido pela crítica, com muitos torcendo o nariz para a visão de Salles das aventuras de Kerouac. Visto como cinema, colocando de lado toda a carga extra-filme que a história carrega, "Na Estrada" é uma obra tremendamente bem feita e ambiciosa. E o livro, sim, está na tela, em roteiro adaptado por Jose Rivera. Sal Paradise (o britânico Sam Riley, que foi Ian Curtis em "Control") é um aspirante a escritor que conhece o poético e hiperativo Dean Moriarty (Garrett Hedlund, de "Tron - O Legado") na Nova York dos anos 1940. Moriarty inspira Paradise a por o pé na estrada e partir para o mítico Oeste americano, vivendo a vida no limite. Há cenas bastante parecidas com o livro de Kerouac, como a que mostra Moriarty estacionando carros em alta velocidade em seu emprego de manobrista, e a edição de François Gédigier (que montou "Dançando no Escuro", de von Trier) tenta emular a técnica do fluxo de consciência usada por Kerouac.
Kristen Stewart, bem longe de suas interpretações insípidas da saga "Crepúsculo", é a jovem musa de Moriarty (e Paradise), Marylou. Ela é uma das forças inspiradoras que movem o insaciável Dean Estados Unidos afora, para Denver, São Francisco e dezenas de outros lugares pelo caminho. A outra mulher na vida de Moriarty é Camille (Kirsten Dunst), com quem tem uma filha e constantes brigas. A direção de fotografia de Eric Gautier (que havia trabalhado com Salles em "Diários de Motocicleta") é ótima, e a reconstituição de época de "Na Estrada" é uma verdadeira máquina do tempo, transportando o espectador para bares de jazz esfumaçados, rodovias cheias de carros antigos, paradas e ônibus, estações de trem e campos de algodão dos anos 1940. O design sonoro também é inspirado; o som duro da terra caindo sobre o túmulo do pai de Sal Paradise, as gotas de água batendo no pára-brisas do veloz Hudson com o qual eles cruzam o país, a respiração febril de Paradise, doente, no México.
O filme é um pouco arrastado para um público acostumado a blockbusters. E Salles talvez tenha posto muita ênfase à parte sexual da aventura, embora se possa imaginar, no livro, que grande parte do tempo de Paradise foi, de fato, passado escutando os gemidos de alguma parceira de Moriarty. Tanto Kristen Stewart quando a brasileira Alice Braga aparecem nuas e em cenas de sexo "ousadas" para o padrão do cinema atual. O elenco ainda conta com algumas participações especiais, a melhor delas feita por Viggo Mortensen como Old Bull Lee (na verdade, William S. Burroughs), em uma sequência passada no Sul americano. A mais bizarra é protagonizada por Steve Buscemi, que Salles declarou, em entrevista, ter escalado pois "não existe filme independente sem Steve Buscemi".
Se "Na Estrada" faz jus à geração beat, à contracultura, aos anos 1960 e todo esse caldeirão cultural é discutível (e, provavelmente, impossível para um único filme); mas é bom cinema, com interpretações competentes e parte técnica impecável. Visto no Kinoplex Campinas.
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sexta-feira, 23 de abril de 2010
A Estrada

Viggo Mortensen é um ator corajoso, que poderia ter explorado sua boa figura e seu sucesso na trilogia "O Senhor dos Anéis" para fazer filmes mais fáceis e lucrativos. Mas ele preferiu um caminho mais desafiador e tem trabalhado frequentemente com David Cronenberg. Aqui ele é "O Pai", um personagem sem nome que, após perder a mulher e o mundo que conhecia em um evento que destruiu a Terra (não se explica o que aconteceu), vive para seu filho único. Os dois partem para uma viagem na "Estrada", a caminho do mar, este eterno símbolo de volta ao útero materno. A relação entre pai e filho é tocante, e subverte a noção de ligação da criança com a figura da mãe. Ela é vista em flashbacks na figura de Charlize Theron que, ao contrário do Pai, não vê sentido em continuar vivendo, nem mesmo por seu filho. As memórias da esposa assombram os pesadelos de Pai e Filho na estrada, indo em frente sem saber exatamente o porquê. Há várias referências bíblicas e até uma afirmação "pró vida" no modo como o Pai trata do Filho. Embora seja uma relação complicada. Há uma clara referência ao mito bíblico de Abraão, que teria sido ordenado por Deus a matar o próprio filho. O Pai anda com uma arma com duas balas na cintura, uma para ele e outra para o filho, no caso da situação ficar insuportável.
"A Estrada" tem direção de John Hillcoat, que é corajoso o suficiente para não transformar o filme em uma simples "mensagem" de esperança. O Pai diz ao filho que eles devem continuar vivendo, e que eles fazem parte do grupo dos "bons". Os "maus" são homens que desceram ao nível mais baixo que um ser humano pode chegar, que é o canibalismo. Há várias sequências em que eles são vistos, às vezes perto demais, e há uma arrepiante cena de suspense quando o Pai vai verificar o que há no porão de uma casa. É também em um subterrâneo que Pai e Filho encontram um paraíso na forma de produtos que nós, vivendo no mundo moderno, não imaginamos a importância. O filme conta com a participação especial de coadjuvantes de alto nível. Tente reconhecer Robert Duvall ou Guy Pierce entre as poucas figuras encontradas durante a jornada de Pai e Filho em direção do mar.
É um bom filme, na mesma linha de Mad Max, Eu sou a Lenda, Filhos da Esperança e tantos outros. Mas lhe falta uma amarração melhor, algum senso de propósito ao final da jornada. É episódico e muitas vezes repetitivo. As interpretações, sem dúvida, são seu ponto forte.
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sexta-feira, 12 de junho de 2009
Appaloosa

Chega então à cidade uma mulher chamada Allie French (Renée Zellweger), que atrai a atenção de Hitch mas é Cole quem a conquista rapidamente, prometendo um lugar para ficar e um emprego como pianista no hotel da cidade. Já imaginamos o velho clichê em que a mulher vai terminar com a amizade dos dois homens mas, repito, o roteiro é mais inteligente do que isso. Allie é uma mulher que sabe usar sua suposta vulnerabilidade para conquistar o coração dos homens e pode ser vista como uma manipuladora ou simplesmente como uma mulher tentando sobreviver. Mas a ligação entre Cole e Hitch é tão grande que não é fácil de ser quebrada. Ed Harris dirige de forma brilhante e sua performance ao lado de Viggo Mortensen é ótima. Os dois são homens de poucas palavras, e em algumas cenas diálogos inteiros são substituídos por apenas um olhar rápido entre os dois. Seu relacionamento me lembrou o de Henry Fonda e Anthony Quinn em "Minha Vontade é a Lei" (Warlock, 1959), de Edward Dmytryk, em que Fonda era o pistoleiro famoso enquanto Quinn era seu guarda costas.
A fotografia de Deam Seamler, fotógrafo veterano que já havia feito faroestes como "Dança com Lobos", e que neste filme voltou a trabalhar com película depois de uma série de filmes rodados em suporte digital. A tela em widescreen é usada para capturar as largas paisagens americanas ou para enquadrar os poucos, mas eficientes, duelos do filme. Percebe-se um grande cuidado na reconstituição de época, figurinos, detalhes e na cenografia da cidade fictícia de Appaloosa, construída para a produção. O filme foi lançado em DVD e contém extras muito bons sobre os bastidores, entrevistas com o elenco e equipe técnica.
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