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terça-feira, 11 de março de 2014

Amor Bandido

O fugitivo Mud (lama, em inglês) é tão escorregadio quanto seu nome. Para os garotos Ellis (Tye Sheridan, de "Árvore da Vida") e Neckbone (Jacob Lofland) ele representa tanto uma fascinação quanto uma ameaça. A cena em que os dois garotos encontram Mud (Matthew McConaughey, de "Clube de Compras Dallas") pela primeira vez parece saída de algum sonho, ou pesadelo. Mud surge do nada na praia de uma pequena ilha do rio Mississippi. Os garotos haviam ido até lá ver um barco que fora carregado pela água até a copa de uma árvore. Mud já havia tomado posse do barco e o transformado em uma morada temporária. Quem é ele? Como foi parar sozinho naquela ilha? Por que ele carrega uma arma na cintura? Neckbone, o mais desconfiado, não quer ter nada a ver com ele, mas Ellis lhe promete voltar com comida e mantimentos. (leia mais abaixo)


"Amor Bandido" ("Mud", 2012) tem roteiro e direção de Jeff Nichols e lembra filmes como "Conta Comigo" ("Stand by me", de Rob Reiner, 1986), clássico juvenil com River Phoenix, Will Wheaton e Corey Feldman. Até o visual dos garotos lembram Phoenix (que morreu em 1993) e o filme também lida com pré-adolescentes de forma adulta e séria. Ellis e Neckbone têm 14 anos mas enfrentam problemas adultos no dia a dia. Ellis mora com os pais (Sarah Paulson, de "12 Anos de Escravidão" e Ray Mckinnon), que estão à beira do divórcio. Neckbone mora com um tio (Michael Shannon, de "Foi apenas um sonho" e "Homem de Aço") que vive de resgatar coisas do fundo do rio. O ambiente familiar fragmentado faz com que os garotos vejam em Mud uma espécie de figura paterna. Ellis, particularmente, é afetado pela história contada por Mud, que diz que está tentando encontrar uma namorada de infância, Juniper (Reese Whiterspoon) e fugir com ela. Ele é obcecado pela garota e está sendo procurado pela polícia pelo assassinato de um antigo namorado dela.

Ellis e Neckbone passam a ajudar Mud de diversas formas, inclusive se arriscando, pois um grupo de caçadores de recompensa chega à cidade (liderados pelo veterano Joe Don Baker). Estas sequências, aliás, são pouco verossímeis, e o filme se arrasta um pouco durante a segunda metade. Há um vai e vem entre a cidade e a ilha, com os meninos servindo ora como protagonistas, ora como garotos de recados. Há também um romance agridoce entre Ellis e uma garota mais velha que rende boas cenas, mas também desvia um pouco a trama. O grande Sam Shepard faz uma participação especial importante, particularmente nas sequências finais. Falando em final, "Amor Bandido" termina de forma um tanto aleatória, como se o diretor/roteirista não soubesse como finalizar a trama. É um bom filme, porém. Matthew McConaughey está muito bem e este é um dos exemplos recentes da sua escolha por filmes de qualidade.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Álbum de Família

"Álbum de Família" é baseado em uma peça de teatro escrita por Tracy Letts, que também assina a adaptação cinematográfica. O filme é dirigido por John Wells (que dirigiu vários episódios da série americana "The West Wing"), que tenta ao máximo transferir a trama para exteriores (as planícies do estado de Oklahoma), tentando tirar o que há de teatral no roteiro; o problema é que o elenco é composto por um grupo extraordinário de atores que estão ATUANDO o tempo todo. São bons atores, o que é um ponto a favor. O ponto contra é que o espectador é bombardeado por "grandes interpretações" durante todo o filme. Quase todos os atores têm seu monólogo de três minutos em que podem mostrar para a platéia o quanto eles são bons. E ninguém é considerado melhor do que Meryl Streep, que não consegue falar uma frase sem parecer que está em um clipe do Oscar. Streep é boa atriz, todos sabemos disso, e domina a técnica como ninguém. Mas um filme é feito por altos e baixos, por pontos intensos e pontos calmos. "Álbum de Família" grita o tempo todo para o espectador o quanto é "sério" e "profundo". Aliado a um roteiro que começa trágico e termina como uma novela mexicana, o resultado é discutível.

Meryl Streep é Violet Weston, uma matriarca que sofre de câncer na boca e é viciada em remédios. O marido (o grande Sam Shepard, que infelizmente desaparece logo no início) é um poeta alcoólatra que, cansado da esposa e da vida, larga tudo, vai passear de barco e morre afogado (possivelmente um suicídio). Toda a família então se reúne para o funeral. E que família. Julia Roberts ("Jogos de Poder") e Ewan McGregor ("A Toda Prova") vêm do Colorado acompanhados pela filha adolescente (a boa Abigail Breslin), uma adolescente de 14 anos. Chris Cooper (o ator mais equilibrado do filme) e a irmã de Streep, Mattie (Margo Martindale), trazem comida e o filho Little Charlie (o britânico Benedict Cumberbatch, de "Star Trek" e o "Hobbit", com um sotaque americano passável). Juliette Lewis (que andava sumida) aparece com o noivo rico da Flórida em uma Ferrari vermelha. Há também a filha tímida de Streep, Ivy (Julianne Nicholson), que está namorando o primo Charlie às escondidas da família. (mais abaixo)


Falta foco. O que começa como um filme sobre a doença de Violet se transforma em um roteiro sobre o funeral de Sam Shepard e então se torna sobre a dependência de drogas de Violet, as brigas homéricas entre ela e a filha Julia Roberts (e seu divórcio com Ewan McGregor) e, quando o espectador imagina que nenhuma outra tragédia possa acontecer, há uma revelação a respeito de um romance proibido que parece tirada diretamente de uma novela mexicana. Sim, é tudo muito bem interpretado; Meryl Streep conseguiu sua enésima indicação ao Oscar e Julia Roberts foi indicada como Melhor Coadjuvante. Para quem gosta de um dramalhão, é o filme certo.

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