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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

For the Love of Spock (2016) - Netflix


"FOR THE LOVE OF SPOCK" é um documentário dirigido por Adam Nimoy, filho de Leonard Nimoy, que ficou famoso internacionalmente por ter interpretado o personagem Spock, da série Star Trek (Jornada nas Estrelas, no meu tempo).

O documentário foi produzido via crowdfunding no Kickstarter e conta com uma série de depoimentos de atores que contracenaram com Nimoy na série de TV e nos filmes de cinema, como William Shatner, George Takei, Nichelle Nichols e George Koenig, além dos atores dos novos filmes de cinema Simon Pegg, Chris Pine, Zoe Saldana, Karl Urban e Zachary Quinto. O filho de Nimoy narra e conduz as entrevistas com os atores e também com membros da família, fãs, diretores e produtores em geral.



Para quem é fã nível avançado (como eu, rs) o documentário não traz muitas novidades. Quem já leu os livros a respeito de Star Trek ou sobre Nimoy vai reconhecer as histórias de sempre, do começo humilde em uma comunidade judaica de Boston ao estrelato em Los Angeles nos anos 1960, a carreira bem sucedida no teatro, os filmes de cinema de Star Trek e uma competente carreira como diretor ("Três Solteirões e um Bebê", dirigido por Nimoy, foi o campeão de bilheteria de 1987).


De novidade mesmo é saber sobre a relação de Leonard Nimoy com o filho Adam, que visitava o pai nos sets de filmagem quando criança mas, com o tempo, acabou se afastando dele até perto do final da vida, quando retomaram o contato. Nimoy acabou morrendo em 27 de fevereiro de 2015, de complicações no pulmão causadas pelo fumo. "For the love of Spock" está disponível na Netflix.

João Solimeo

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Star Trek: Sem Fronteiras (2016)

"STAR TREK: SEM FRONTEIRAS" é o terceiro filme do reboot de J.J. Abrams para a clássica série de fantasia/ficção científica. Neste, Abrams está apenas como produtor e o filme é dirigido por Justin Lin, que faz um bom trabalho em comandar a nova safra de atores que vivem os icônicos personagens de Kirk, Spock e companhia.
"Sem Fronteiras", em minha opinião, não é melhor que o primeiro reboot mas, sem dúvidas, é melhor que o segundo (em que resolveram mexer com o clássico "A Ira de Khan", com resultados duvidosos). Há muito humor e várias cenas envolvendo a "Santíssima Trindade" da Enterprise, Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto) e McCoy (Karl Urban). Urban particularmente está se divertindo muito como o médico ranzinza da nave mais linda do Universo.
A trama (atenção SPOILERS SPOILERS SPOILERS) não é muito inspirada, mas ao menos não é uma reciclagem como fizeram com o segundo filme. Há um daqueles vilões genéricos com um plano de destruir a Federação, dezenas de sequências de ação em que não fica muito claro o que está acontecendo por causa da câmera nervosa de Lin e fugas mirabolantes da indestrutível tripulação da Enterprise. Ou melhor, do grupo principal, porque centenas de figurantes morrem como moscas neste filme. A própria Enterprise, coitada (e seguindo o que aconteceu com o terceiro filme do cinema) acaba destroçada em centenas de pedaços após enfrentar uma raça desconhecida de alienígenas.


A trilha de Michael Giacchino continua maravilhosa e além dele incorporar o tema original de Alexander Courage eu tive a impressão de escutar acordes da trilha que James Horner fez para Star Trek II e III dos filmes clássicos. Há uma sequência envolvendo a música Sabotage, dos Beatie Boys, que é ao mesmo tempo fantástica e ridícula, dependendo do ponto de vista.
Há uma cena envolvendo o jovem Spock remexendo nos pertences do velho Spock que se não tirar lágrimas do espectador é porque ele não é um verdadeiro fã da série. "Star Trek: Sem Fronteiras" está longe de ser perfeito, mas é uma space opera e tanto.

domingo, 2 de junho de 2013

Além da Escuridão - Star Trek

Impossível falar sobre este filme sem comentar detalhes na trama. Assim, AVISO DE SPOILERS feito. Não leia o texto antes de ver o filme, esteja avisado.

"Além da Escuridão- Star Trek" é o segundo filme da nova fase da milionária franquia da Paramount. Star Trek é um fenômeno só comparável com Star Wars, de George Lucas, e tem uma legião de seguidores tão grande (e tão fanática) quanto. Após várias séries cultuadas na televisão e diversos filmes no cinema estrelados pelas tripulações originais da nave Enterprise (velha e nova gerações), a franquia ganhou sangue novo em 2009 com a vinda do diretor J.J. Abrams, menino prodígio da TV responsável pelas séries "Alias" e "Lost". O "Star Trek" de Abrams foi muito bem sucedido e, apesar da gritaria de alguns fanáticos, conseguiu recuperar muito bem a famosa "química" que fez o sucesso da série original, com atores novos representando os papéis do Capitão Kirk (Chris Pine), Sr. Spock (Zachary Quinto, de "Margin Call"), Dr. McCoy (Karl Urban), Uhura (Zoe Saldana), Scotty (Simon Pegg, de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma"), Chekov (Anton Yelchin) e Sulu (John Cho). O filme contou até com a benção de Leonard Nimoy, o Sr. Spock original, que fez uma aparição especial.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Missão: Impossível - Protocolo Fantasma

Tom Cruise, aos 49 anos, produz e estrela este quarto filme da série Missão: Impossível, que foi levada ao cinema pela primeira vez em 1996 por Brian De Palma. O segundo filme, dirigido pelo chinês John Woo em 2000, transformou a série em um veículo para o estrelismo de Cruise, que se tornou um James Bond alternativo. J.J. Abrams, em 2006, deu ao agente Ethan Hunt um motivo mais humano para lutar, colocando Michelle Monaghan como a namorada em perigo que ele tem que salvar.

Quando o tema já parecia esgotado, eis que surge Cruise novamente com direção de Brad Bird, que fez sua carreira no mundo da animação. Ele começou dirigindo episódios da série "Os Simpsons" e fez um ótimo longa metragem, "O Gigante de Ferro" (1999), que foi vítima de um mau lançamento dos estúdios Warner, tornando-se um fracasso. Os estúdios Pixar reconheceram seu talento e Bird fez dois sucessos em seguida, "Os Incríveis" (2004) e "Ratatoille" (2007). Quem viu "Os Incríveis" vai reconhecer o talento de Bird em criar cenas de suspense e de espionagem. As cenas em que o Sr. Incrível e a Sra. Elástico têm que invadir o quartel general do vilão Síndrome lembram muito "Missão: Impossível".

"Protocolo Fantasma" traz de volta o espírito de equipe da série original, assim como um senso de humor muito bem vindo. Ethan Hunt se vê envolvido em uma trama que retoma os temas da Guerra Fria quando um agente russo chamado Cobalto (Michael Nyqvist) rouba um lançador de mísseis nucleares do Kremlin. Ele tem um plano (apropriadamente maluco) de que a paz mundial pode ser alcançada após uma guerra nuclear, assim como Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos depois da II Guerra Mundial. Hunt é acompanhado pelos agentes Benji (o britânico Simon Pegg), Jane (Paula Patton) e Brandt (Jeremy Renner) em uma aventura passada em Moscou, Dubai, Bombain e São Francisco. A sequência passada em Dubai é a mais espetacular e, paradoxalmente, a que menos faz sentido. Para alcançar os servidores do prédio mais alto do mundo, o "Burj Khalifa", Ethan Hunt tem que escala-lo por fora, estilo "homem-aranha", usando luvas especiais. A cena é muito bem feita, com Cruise pendurado a centenas de metros do chão, mas uma pergunta simples derruba qualquer verossimilhança: ninguém pode vê-lo de dentro do prédio? Mais interessantes são as cenas em que Hunt e Benji invadem o Kremlin usando uma tela que os faz invisíveis, ou a sequência em que Paula Patton usa seu "charme" para conquistar um playboy da mídia em Bombain, Índia.

Há uma tentativa de humanizar a história com uma subtrama envolvendo o passado do personagem de Renner e Cruise, mas este é, essencialmente, um filme de ação. Neste aspecto, "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma" é extremamente bem sucedido. Brad Bird mantém a adrenalina alta o tempo todo sem atropelar o espectador. O filme é relativamente longo, com 133 minutos, e tem tempo de se desenvolver. O cinquentão Cruise tem várias cenas de heroísmo mas o roteiro dá chance aos outros personagens de ter seus momentos de aventura. A trilha de Michael Giacchino (o melhor compositor de trilhas atualmente) retoma o tema original de Lalo Schifrin, adaptando-o para os diversos países onde se passa o filme. Há uma cena final que deixa clara a possibilidade de outras contiuações; resta saber até quando Tom Cruise vai conseguir passar a imagem de galã de aventuras. Visto no Topázio Cinemas.


domingo, 14 de agosto de 2011

Super 8

Nos anos 60, nos Estados Unidos, um garoto "nerd" chamado Stevie pegou a câmera de 8 milímetros do pai e começou a fazer imagens com ela. Umas das primeiras foi um acidente de trem feito com um modelo; Stevie faria uma série de filmes de guerra, terror e ficção-científica com os amigos da escola. Com estas obras debaixo do braço, mais um curta metragem em 35mm chamado "Amblin", Stevie (sobrenome Spielberg) visitou os estúdios da Universal, em Hollywood, e se tornou o diretor mais jovem contratado pelo estúdio. Ou assim conta a lenda. O fato é que o Super-8, a menor bitola da película cinematográfica (que tem geralmente 35mm no cinema profissional) foi a escola de muitos diretores, como Spielberg, George Lucas, Martin Scorsese, James Cameron e tantos outros. Em uma época pré "home video" e décadas antes das câmeras digitais, era com o Super-8 que as famílias registravam seus aniversários e viagens e os futuros cineastas aprendiam a disciplina de filmar com cartuchos que duravam no máximo três minutos.


Corte para o Século XXI. Um diretor "nerd" chamado J.J. Abrams (de "Lost" e "Star Trek") propôs ao diretor Steven Spielberg uma parceria. O resultado, "Super 8", é uma bem intencionada homenagem não só ao formato de filmes caseiros mas, antes de tudo, ao cinema de Steven Spielberg. Há várias citações ao "mestre da fantasia" (como já foi chamado Spielberg), como o roteiro passado em uma cidade pequena, garotos andando de bicicleta, raios de luz cruzando a tela e um mistério que pode, ou não, ter vindo do espaço. Vale dizer que, por mais bem intencionada que seja a produção, a obra fica um pouco aquém do esperado.


Em 1979, com a chegada das férias de verão, o garoto Joe Lamb (Joel Courtney) e um grupo de amigos resolvem fazer um filme de zumbis. Joe está animado com a perspectiva de trabalhar com a bela Alice Dainard (a precoce Elle Fanning, de 13 anos), que aceitou fazer um papel. Uma noite todos vão à estação de trem da cidade para filmar uma cena e então (em clara citação a Steven Spielberg) testemunham um espetacular acidente entre um trem e uma caminhonete. A cena, diga-se de passagem, é a melhor do filme, e os efeitos sonoros foram feitos por Ben Burtt (antigo colaborador de Lucas e Spielberg). Nos destroços do trem os garotos encontram centenas de estranhos cubos brancos, e Joe vê que "alguma coisa" foge de um dos vagões. Os garotos pegam a câmera de Super-8 (que havia filmado o acidente) e desaparecem do local logo antes da chegada de um grupo do exército. O acidente e a presença do exército mudam a rotina da pequena cidade de Lilian, Ohio. Coisas estranhas começam a acontecer; os cachorros fogem; motores e aparelhos elétricos desaparecem misteriosamente; a eletricidade falha. De tantos em tantos minutos, em cenas coreografadas para que o espectador não veja o que está acontecendo, pessoas são atacadas por "algo". O que está acontecendo?


J.J. Abrams é bom diretor ("Star Trek" é impecável) mas está longe de ser um Spielberg na hora de lidar com cenas de ação ou emoção. "Super 8" flui bem quando foca nos garotos fazendo seu filme de zumbis ou vagando pela cidade, mas certas nuances escapam às mãos do diretor. A relação entre Alice e Joe poderia render muito mais, até porque falta ao jovem ator o que sobra de talento em Fanning. Em uma cena em que os dois estão vendo imagens em Super-8 da mãe de Joe, por exemplo, Alice se emociona e chora de verdade enquanto o garoto não demonstra nada. E por que será que Abrams é obcecado por monstros escondidos? Assim como em "Lost" e em "Cloverfield" (produzidos por ele), a criatura em "Super 8" permanece invisível por quase todo o filme. Isso é interessante para criar suspense, sim, mas após certo tempo o recurso acaba cansando (e, assim como em "Cloverfield", quando é revelado, o monstro parece mais feio do que realista).


Com citações a "Tubarão", "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Os Goonies", "E.T. O Extraterrestre", entre outros, sobram homenagens mas falta um pouco de talento ao filme de Abrams. "Super-8" está pronto para uma boa "Sessão da Tarde", mas nada além. Imperdível: durante os créditos, o filme de zumbis que os garotos estavam fazendo é exibido na íntegra.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

LOST - The End

Acabou. Após seis anos de mistérios, especulações, viagens reais e imaginárias, mortes, renascimentos, mudanças no tempo e no espaço, a história dos passageiros do Vôo 815 da Oceanic finalmente chegou ao fim. O final, a bem da verdade, não explica muito (ou não explica tudo) o que realmente aconteceu nestas seis temporadas. E não poderia ser diferente. "Lost" sempre foi muito mais sobre os mistérios do que sobre as explicações, sobre as perguntas deixadas no ar que faziam a delícia (e agonia) de milhões de fãs no mundo todo.

"Lost" já foi muito bom e muito ruim. Em seu melhor, a série levantava questões sobre a natureza humana, sobre o poder do destino, sobre a validade da ciência contra o poder da fé, o valor da amizade e do companheirismo. Em seu pior, era uma história "nerd" que misturava civilizações egípcias com seres imortais vindos não se sabe de onde e uma "luz da vida" convenientemente criada nos últimos episódios para ajudar a "explicar" tudo. Em suma, "Lost" era uma série ótima quando tratava dos personagens, mas derrapava quando tentava explicar seu lado "nerd". Uma das melhores sacadas dos roteiristas, sem dúvida, foi saber usar do recurso do flashback como nunca. Ao jogar um grupo de personagens em uma ilha, a saída genial de dar cor e vida à série foi mostrar a vida pregressa de cada um deles através de uma série de engenhosos flashbacks, que não só mostravam quem era cada uma daquelas pessoas, como também criava curiosas conexões entre elas. A primeira (e melhor) temporada explorou como nunca o recurso, que ganhou uma "virada" também genial algumas temporadas depois, ao inverter a linha do tempo para o futuro na forma de flashforwards que mostravam os personagens fora da ilha. E que personagens. Jack (Mathew Fox), Kate (Evangeline Lilly), Sawyer (Josh Holloway), Sayid (Naveen Andrews), Hugo (Jorge Garcia), Jin (Daniel Dae Kim), Sun (Yunjin Kim), Locke (Terry O´Quinn), Claire (Emilie de Ravin), Charlie (Dominic Monagham), Desmond (Henry Ian Cusick)... nomes que, ano após ano, se tornaram parte do imaginário dos fãs e parte da "família" de "Lost".

Fica claro também que, ao contrário do que alguns fãs defendem, os roteiristas iam decidindo o caminho da série conforme o trilhavam. E mais, o próprio feedback dos fãs, em um volume inédito nesta era da internet, moldou o futuro da série. Mais do que espectadores, os fãs se tornaram verdadeiros co-autores de "Lost" ao discutirem, semana após semana, o que estava acontecendo e o que viria a acontecer com os personagens. É possível notar alguns caminhos experimentados pelos roteiristas conforme a série se desenrolava. Fica claro que, nas primeiras temporadas, "Lost" tinha tudo a ver com a "Iniciativa Dharma" e sua tentativa de "salvar o mundo" através da exploração dos "números malditos" (4, 8, 15, 16, 23, 42). Havia um clima que lembrava algum projeto secreto estilo "Projeto Manhattan" ou os anos paranóicos da Guerra Fria, principalmente na figura de Benjamin Linus (Michael Emerson) e sua vila. Mais tarde o rumo da série mudou para a figura misteriosa de "Jacob", que ninguém sabia exatamente quem era, mas que definitivamente não era a mesma "pessoa" que mostrariam depois. A série abraçou seu lado "nerd" de forma mais forte ao apresentar não só Jacob mas um "irmão" misterioso e, depois, uma "mãe" inexpicada e inexplicável. Pode ter funcionado para tentar solucionar vários mistérios da série mas, infelizmente, Jacob e companhia acabaram tirando perigosamente o foco dos personagens principais e, o que é pior, dava a impressão que eles eram indiferentes ao passado, presente e futuro da ilha.

Especulações, teorias, suposições, apostas... como explicar, afinal, "Lost"? A melhor saída, na verdade, é não explicar. Assim, me arrisco a dizer (e que caia a ira de vários fãs) que Damon Lindelof e Carlton Cuse, os produtores e roteiristas principais (apesar da publicidade concedida a J.J. Abrams) acertaram no capítulo final. Não, não há uma "explicação" definitiva. Entre o lado "nerd" e o lado humano, venceu este último, e o episódio final de mais de uma hora de duração é praticamente uma celebração aos personagens. Acabamos descobrindo que o tal "mundo paralelo", na verdade, não passava de um "não-lugar" que era fruto da imaginação dos personagens, todos mortos. Não significa, atenção, que eles estivessem mortos durante a série (uma das várias teorias sobre "Lost"). Como explica o pai de Jack, Christian, eles não morreram todos ao mesmo tempo, mas estão ali para "se lembrarem...e para deixarem para trás". É assim, na verdade, que deve ser encarado este último episódio da série. Ou mesmo, talvez, toda a sexta temporada. Foi uma temporada para que os fãs pudessem se lembrar dos personagens, de suas histórias, dos que morreram, renasceram, aprenderam a falar outra língua, voltaram a andar, se amaram ou se odiaram...e os deixar para trás.

Sim, é brega, é new age, é produto pop cultural disfarçado de filosofia barata. Mas assim foi "Lost" durante todos estes anos. Se não foi a melhor série de todos os tempos (para mim, o título pertence à "Jornada nas Estrelas" original dos anos 60), chegou bem perto. Com todas suas contradições e buracos do tamanho de crateras, "Lost" contou com histórias intrigantes e, muitas vezes, extremamente inteligentes. Misturou filosofia, antropologia e religião ("Christian Shephard?" pergunta Kate, irônica) com viagens no tempo, sexo, drogas e rock ´n roll, um bocado de violência e atores acima da média (marcados, provavelmente, para o resto de suas carreiras pelos personagens). Mas tudo chega ao fim.

É hora dos fãs deixarem "Lost" para trás.


sábado, 9 de maio de 2009

Star Trek

"Space, the final frontier"... por qual outra frase começar um texto sobre "Jornada nas Estrelas" que não esta? Star Trek não é apenas uma série de ficção científica. Surgida nos anos 60, em plena corrida espacial, a série intergaláctica criada pelo ex-piloto militar e civil Gene Roddenberry se tornou um ícone. Roddenberry quebrou vários tabus, não só colocando uma mulher (uma mulher negra, ainda por cima) como membro de uma tripulação espacial, mas também um russo. Sua criação mais famosa, o vulcano Sr. Spock, com suas orelhas pontudas e sobrancelhas demoníacas, foi perseguido por várias instituições tradicionais, como a Igreja. Enquanto americanos e soviéticos brigavam em terra e no espaço durante a Guerra Fria, a tripulação mista da USS Enterprise semanalmente enfrentava dilemas morais (nos melhores episódios) ou, no mínimo, era uma boa e velha série de aventura espaço afora, a "última fronteira". A série original durou apenas três temporadas (entre 1966 e 1969), quando foi cancelada pela rede NBC. Mas com o sucesso de "Guerra nas Estrelas", de George Lucas, em 77, o elenco original da série partiu para a telona dos cinemas, rendendo lucros fabulosos para o estúdio Paramount e gerando vários outros produtos e novas séries de televisão. Os "trekkers", como são chamados os fãs do universo Star Trek, a tratam quase como uma religião e realizam convenções no mundo inteiro, muitas delas com a presença dos atores da série e dos filmes originais.

Com o envelhecimento e morte de vários destes atores e uma queda na popularidade dos filmes feitos para o cinema, decidiu-se por uma reformulação da franquia e por uma manobra ousada; Star Trek voltaria à origem dos personagens da série clássica, agora interpretados por atores jovens, repaginados e prontos para o século XXI. A idéia, a bem da verdade, não é nova. Em seu livro "Memórias dos Filmes", William Shatner (o capitão James T. Kirk original) revela que após "Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira" (1989), o produtor Harve Bennet começou a desenvolver um filme em que atores jovens viveriam os personagens antes de se tornarem membros da Enterprise. Mas a idéia foi abandonada e a tripulação original voltou em "Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida" (1991). Depois disso os membros da série "A Nova Geração" passaram a habitar a telona e a idéia de Bennet foi posta de lado pelos produtores.

Coube ao criador da série "Lost", J.J. Abrams, a missão de retomar a franquia do zero. O resultado é um filme ótimo, que consegue não só mostrar a origem dos personagens como, através de um "truque" da ficção-científica, dar ao roteiro uma trama surpreendente. Ao contrário do caráter previsível que atrapalhou séries como "Star Wars" ou o novo "Wolverine", no "Star Trek" de Abrams tudo pode acontecer, graças a uma "mudança temporal" que ocorre no início. Esse recurso cria uma espécie de universo paralelo em que o destino dos personagens clássicos Kirk, Spock, McCoy, Sulu, Chekov, Uhura e Scott pode ser reinventado ao gosto dos roteiristas. James T. Kirk (Chris Pine, substituindo William Shatner) é mostrado como um rapaz revoltado de Iowa, órfão do pai que morreu heróicamente durante uma batalha com os Romulanos. Spock (Zachary Quinto, incrivelmente parecido com Leonard Nimoy) sofre com sua genética mista, humana (emocional) e vulcana (lógica). Os dois vão parar na Academia da Federação dos Planetas Unidos, onde vemos como Kirk consegue passar no teste do "Kobayashi Maru", uma simulação teoricamente impossível de vencer criada pelo jovem Spock. Ao longo da trama vemos também Leonard McCoy (Karl Urban) e uma bela e sexy Uhura (Zoe Saldana), que vai mexer com o coração mulherengo de James Kirk. E é surpreendente ver como o novo elenco consegue recriar uma das chaves do sucesso da série clássica, a "química" existente entre William Shatner, Leonard Nimoy, DeForest Kelley e os outros membros da Enterprise.

"Star Trek" é suficientemente bom para interessar a quem não tem conhecimento anterior da série. O próprio J.J. Abrams não era profundo conhecedor do universo trekker. O que não significa que os fãs não irão reconhecer dezenas de ótimas referências, desde o design dos uniformes, naves e armas aos efeitos sonoros inconfundíveis como o teletransporte, o comunicador, o sinal de alerta e outros. A produção tem um curioso design que mistura modernidade com o ar "retrô" dos episódios dos anos 60. Mas a cereja do bolo realmente é participação especial de Leonard Nimoy, o Spock original. Nimoy se tornou mundialmente conhecido por causa do personagem, o que inclusive lhe causou problemas profissionais e psicológicos no início da carreira. Ele chegou a escrever um livro chamado "Eu não sou Spock" e foi o último ator a aceitar voltar ao elenco quando a série passou para o cinema, nos anos 70. Com o passar dos anos, no entanto, Nimoy se tornou o "portador da chama" de Star Trek, tendo inclusive dirigido dois dos melhores filmes para o cinema, "Jornada nas Estrelas III: À Procura por Spock" (1984) e "Jornada nas Estrelas IV: A Viagem para Casa" (1986). Sua presença no novo "Star Trek" é como o "selo de qualidade" que faltava para dar autenticidade ao filme e desejar sorte ao novo elenco.

Assim, "Star Trek" ressurge como um dos melhores filmes de ficção-científica dos últimos anos, homenageando o passado com respeito e pavimentando o caminho para uma nova série de filmes. Vida longa e próspera.

Câmera Escura