terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Lincoln

Há uma cena em "Lincoln", mais novo filme de Steven Spielberg ("Cavalo de Guerra"), em que vários militares e funcionários da Casa Branca estão aguardando uma notícia ao lado do telégrafo, e o presidente Abrahan Lincoln, cansado de esperar, começa a contar uma anedota. Um dos presentes diz: "Acho que não aguento escutar outra de suas histórias neste momento!".  A cena, de forma proposital ou não, ilustra bem o que significa assistir a este filme: apesar de bem feito e frequentemente interessante, "Lincoln" é lento e verborrágico. É um projeto antigo de Spielberg, que trabalha com sua equipe habitual: Janusz Kaminski na ótima fotografia, Michael Kahn na edição, John Williams na trilha sonora, Rick Carter nos cenários, tudo tecnicamente impecável , o que já era de se esperar. O problema está no roteiro de Tony Kushner e, por que não, na direção de Steven Spielberg, excessivamente baseada nos diálogos. É estranho ver um diretor como ele, que sempre foi um mestre em contar histórias através de imagens, filmar atores trocando longos diálogos por quase três horas. O filme se parece tanto com um especial de algum canal a cabo que vários dos personagens são identificados por letreiros explicativos, do tipo "Fulano de Tal, Deputado por Illinois". É como se Spielberg, um autodidata que cresceu ávido consumidor de cinema e cultura pop, se mostrasse reverente e respeitoso demais com a História com "H" maiúsculo.

O filme se passa nas semanas finais da Guerra de Secessão (conflito entre o Norte abolicionista e o Sul escravagista entre 1861-1865). O presidente Lincoln (o extraordinário Daniel Day-Lewis) luta para conseguir aprovar a 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, proibindo a escravidão. Não só os estados do Sul, dependentes da mão de obra negra em suas plantações, são contra a medida. A abolição da escravatura é um tema delicado e, na Câmara dos Deputados, o Partido Republicano (de Lincoln) não tem votos suficientes para passar a nova lei. Cabe ao chefe de gabinete William Seward (David Straitharn, de "Boa Noite, Boa Sorte"), tentar convencer membros do Partido Democrata a votar junto com o governo. É interessante saber que, naquela época, os conservadores eram os democratas, contra os "radicais" do Partido Republicano (exatamente o oposto dos dias de hoje). Lincoln e equipe usam de métodos extremamente duvidosos para tentar conseguir este feito, inclusive oferecendo cargos em troca do apoio dos democratas. Outra questão moralmente duvidosa levantada pelo filme é o uso político de Lincoln do conflito entre o Norte e o Sul. Na Guerra de Secessão morreram quase um milhão de americanos e na época mostrada no filme o Sul já estava fraco e aberto a negociações de paz. O problema é que se a guerra terminasse dificilmente a lei abolicionista seria aprovada, então interessava a Lincoln que o conflito continuasse pelo menos até a votação na Câmara. Uma delegação do Sul já estava negociando a paz com o General Grant (do Norte) enquanto Lincoln tentava passar a emenda. O roteiro é detalhista nestas manobras políticas, o que não deixa de ser "educativo" mas, como cinema, é falho. A não ser que Spielberg tivesse à disposição um roteirista bom em diálogos e intrigas políticas como Aaron Sorkin (de "A Rede Social" e da série "The West Wing", passada na Casa Branca), o que não é o caso.

O elenco, é verdade, deixa tudo mais suportável. Daniel Day-Lewis cria um Lincoln que, apesar de todos os esforços do filme para santificá-lo, é extremamente humano. Seu presidente é um homem de fala mansa, carregada de ironias e anedotas, e Daniel Day-Lewis é o virtual vencedor de melhor ator no próximo Oscar (será seu terceiro prêmio). Coadjuvantes como Hal Holbrook, James Spader, Joseph Gordon-Levitt e, principalmente, Tommy Lee Jones, estão muito bem em seus papéis. Já Sally Field, careteira e exagerada, está sobrando como a esposa do presidente. Falando em Oscar, "Lincoln" está indicado a 12 categorias, mas não vem se dando bem em prêmios como o Globo de Ouro, por exemplo, em que perdeu para "Argo", de Ben Affleck (que também levou o prêmio de melhor diretor).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Moonrise Kingdom

Associar o adjetivo "estranho" ao diretor e roteirista americano Wes Anderson é uma redundância. "Genial" pode também ser usado, com mais parcimônia. O trabalho de Anderson sempre carrega uma preocupação com o ligeiramente bizarro, pela direção de arte precisa e por grandes atores em papéis normalmente não associados a eles (quem imaginaria George Clooney dublando uma raposa na animação "O Fantástico Sr. Raposo"?).

"Moonrise Kingdom" traz todas estas características em um filme que, na falta de uma melhor classificação, está sendo chamado de "infantil". Ele se passa em uma ilha habitada por poucas pessoas. O ano é 1965 e longos planos iniciais mostram crianças brincando antes da era da informática, escutando discos de música clássica, jogando pingue pongue, lendo ou acampando. É de um campo de escoteiros que foge o herói da trama, um órfão chamado Sam  (Jared Gilman) que parte em direção ao norte da ilha com uma canoa e grande quantidade de equipamento. Ele vai se encontrar com Suzy (Kara Hayward), uma menina igualmente precoce e inteligente que é filha dos advogados interpretados por Bill Murray e Frances MacDormand. Tanto Sam quanto Susy são infelizes, têm problemas em casa e querem escapar para um lugar melhor. Eles se apaixonaram à primeira vista durante uma apresentação de teatro infantil sobre a Arca de Noé, e haviam trocado cartas desde então, combinando a fuga. O roteiro (de Anderson e Roman Coppola, indicados ao Oscar) nunca os trata como crianças, pelo contrário, são os adultos que agem como tal. Bruce Willis é o Sr. Sharp, um policial solitário que tem um caso com a mãe de Susy. Edward Norton é o pobre líder do "Acampamento Ivanhoé" de escoteiros, de onde Sam foge; após se reunir com sua "tropa" e traçar os planos para tentar encontrar o garoto fujão, um garoto lhe pergunta se ele precisa de um "Phd" para fazer aquele trabalho. Há outros coadjuvantes famosos em pequenas pontas, como Harvey Keitel, Jason Schwartzman e Tilda Swinton (a "vilã" que quer enviar Sam para fazer um "tratamento" com choques elétricos).

Outro ponto notável é que não há nada de infantil no romance entre Sam e Susy. Os dois seguem uma antiga trilha indígena e vão parar em uma praia deserta onde montam acampamento e, em cenas que devem ter dado dor de cabeça aos censores americanos, começam a se aproximar de modo bastante físico (embora não vulgar). Anderson constrói planos extremamente precisos, auxiliado pela bela fotografia de Robert D. Yeoman e cenários de Adam Stockhausen. A duração enxuta (94 minutos) é bem-vinda, e "Moonrise Kingdom" nunca deixa de ser interessante.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Django Livre

Quentin Tarantino continua fazendo seu tipo característico de cinema, parte paródia, parte homenagem. Desde "Cães de Aluguel" (1992), passando por "Pulp Fiction" (1994), "Jackie Brown" (1997), "Kill Bill" (2003 e 2004), "À prova de  morte" (2007) a "Bastardos Inglórios" (2009), Tarantino recriou e reciclou filmes de guerra, artes marciais, "blacksploitation", etc. Com "Django Livre", a coisa fica ainda mais complicada. É um "faroeste", mas não do tipo feito por mestres como John Ford. "Django Livre" é a paródia da paródia, um filme americano ao estilo dos "faroestes spaghetti" feitos pelos italianos nas décadas de 1960 e 1970. Tarantino inclusive "empresta" o título, os letreiros iniciais e até a trilha sonora de "Django" (1966), filme de Sergio Corbucci com Franco Nero (assista aqui). Nero, aliás, aparece em uma ponta rápida.

Django (Jamie Foxx) é um escravo que é liberto por um caçador de recompensas alemão chamado Dr. King Schultz (o ótimo Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios" e "Deus da Carnificina"). A princípio, Schultz precisa que Django reconheça um trio que ele está procurando, mas os dois acabam formando uma parceria. Schultz fica comovido com a história de Django, que quer encontrar a esposa e libertá-la. O alemão também fica impressionado pelo fato dela se chamar Broonhilda, assim como em um mito germânico. Schultz e Django matam uma série de criminosos na primeira parte do filme e então, após o inverno, partem para a fazenda de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), onde a esposa de Django supostamente está servindo como escrava. O filme tem ótimas cenas, como uma em que Schultz mata o xerife de uma cidadezinha e sai ileso após um discurso que faz ao delegado. Longos diálogos, aliás, são outra marca registrada de Tarantino, e podem ser tanto um deleite quanto um problema. Este é um filme com quase três horas de duração e parte se deve a cenas esticadas demais pelos diálogos. É de se estranhar, também, algumas repetições escritas por Tarantino; logo no início, quando é liberto por Schultz, Django monta em um cavalo e acompanha o alemão através de uma cidade, e a frase "nunca vi um negro montando a cavalo" é repetida diversas vezes. Outra frase usada por Django, quando se refere ao prazer de ganhar dinheiro por matar brancos, também é repetida algumas vezes. O filme também tem um sério problema de ritmo e montagem. Quando um grupo da Ku Klux Klan (a organização racista do sul dos Estados Unidos) ataca o acampamento em que o Dr. Schultz e Django estariam dormindo, por exemplo, a cena é cortada por um momento engraçado em que os homens encapuzados reclamam que não conseguem ver nada através das máscaras. Apesar de ser o momento mais cômico do filme, a cena não faz sentido como está montada. O final também sofre quando um banho de sangue, que deveria ser a conclusão da história, é interrompido desnecessariamente (para continuar uns 15 minutos depois). Vale citar que a editora de todos os filmes de Tarantino, Sally Menke, morreu em 2010 e foi substituída neste filme por Fred Raskin, que era assistente dela, o que pode explicar alguns dos problemas.

Fãs do diretor, no entanto, vão se deleitar. "Django Livre" é bastante violento, divertido, bem interpretado e tem ótimos momentos. O fato de Tarantino ter tratado de um tema delicado como a escravidão causou controvérsia; o diretor Spike Lee declarou que o filme é desrespeitoso com seus ancestrais e que a escravidão não era um faroeste italiano, mas um Holocausto. Deve-se levar em conta que o mundo retratado nos filmes de Tarantino não é o real, mas sim uma realidade alternativa criada por sua imaginação. Interessante também o fato de que nada menos que três grandes produções de Hollywood neste ano ("Django", "Lincoln" e "A Viagem") tenham usado o tema da escravidão. "Django Livre" está indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor Ator Coadjuvante (Christoph Waltz), Melhor Roteiro Original (Quentin Tarantino) e Melhor Edição de Som (Wylie Stateman).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Amor

Georges não se recorda do nome do filme, mas lembra que ficou muito emocionado enquanto o assistia. Mais do que isso; ao encontrar um colega, na volta para casa, não pôde conter as lágrimas ao lhe narrar a história. "Por que você nunca me contou isso?", pergunta a esposa de Georges, Anne, que acabou de sofrer um derrame e está com o lado direito do corpo paralisado. Cenas como esta, de um casal ainda surpreendendo um ao outro mesmo depois de décadas de intimidade, é que fazem de "Amor", o novo filme do austríaco Michael Haneke, mais do que uma história sobre velhice e doença. Georges e Anne são interpretados por duas lendas do cinema francês, Jean-Louis Trintignant (de "Um homem e uma mulher") e Emmanuelle Riva (de "Hiroshima, moun amour") , e "Amor" venceu o último Festival de Cannes. É uma pequena obra-prima. É também, surpreendentemente, um filme muito sensível e mesmo "gentil" quando comparado à obras anteriores de Haneke, um mestre da frieza, como "Caché" e "A Fita Branca".

Não que "Amor" seja um filme fácil. A lenta desintegração física e mental pela qual passa Anne no desenrolar da trama é tão desoladora quanto inevitável. Haneke filma em planos longos, quase teatrais. Há uma conversa entre Georges e a filha Eva (a sempre competente Isabelle Huppert, de "Minha Terra, África" e "Copacabana") em que a câmera fica em um canto da sala, imóvel, por minutos a fio enquanto pai e filha falam sobre a família. Eva é casada com um músico inglês que tem casos com outras mulheres; os filhos estão em internatos ou não falam com os pais. É um contraste grande com o Amor (com letra maiúscula) que existe entre Georges e Anne. Haneke os filma com carinho lidando, a princípio com um choque disfarçado, com os primeiros sinais da doença. Anne, apesar de precisar de muitos cuidados, é uma mulher inteligente e muito consciente dos esforços do marido em tratar dela. Ela o faz prometer que nunca vai levá-la a um hospital ou casa de repouso e, no início, o casal parece ter a situação sob controle. É então que Anne sofre um segundo derrame e fica naquele estado semi vegetativo em que não se sabe se a pessoa está consciente ou não, e é um tormento tanto para Georges quanto para o espectador testemunhar a mudança na mulher. Há uma cena extremamente corajosa de Riva em que ela (que tem 85 anos) é vista nua enquanto uma enfermeira lhe dá banho, e a atriz se entrega totalmente ao papel; não por acaso, ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Jean-Louis Trintignant também oferece uma interpretação sincera e emocionante como o marido devotado que sofre dia e noite para cuidar da esposa e lidar com as cobranças da filha.

Em uma época de relacionamentos rasos e com os índices de divórcio atingindo novos recordes, a relação mostrada em "Amor" pode parecer tanto uma benção quanto um tormento. O filme fala sobre o que todo mundo já sabe, ninguém consegue fugir da morte. O difícil é saber lidar com isto de forma digna e corajosa.

ps: falando em Oscar, "Amor" surpreendeu ao ser indicado em cinco categorias: Melhor Filme Estrangeiro (o virtual vencedor), Melhor Diretor (Michael Haneke, que pode tirar de Steven Spielberg seu terceiro prêmio), Melhor Roteiro (também de Haneke), Melhor Atriz (a já citada Emmanuelle Riva) e Melhor Filme de 2012.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Holy Motors

Um homem acorda em um quarto estranho. Vai até uma parede e a empurra, abrindo uma passagem secreta que  vai dar em um cinema cheio. Logo em seguida, uma série de histórias desconexas começam a acontecer. Um personagem, o Sr. Oscar, interpreta vários tipos diferentes ao ser levado de um "compromisso" a outro em uma enorme limousine branca. "Holy Motors" não é um filme de digestão fácil, embora sua mensagem seja bem menos enigmática ou misteriosa quanto o que o roteirista/diretor, Leos Carax, aparentemente pretendia.

A metáfora, na verdade, é até bem simples (e mesmo um pouco batida). A vida é um palco (ou um filme), e o Sr. Oscar e os companheiros com quem encontra na viagem somos todos nós, vivendo dia após dia, representando diversos papéis. Alguns são papéis "comuns" (mas difíceis) como o de pai, marido. Outros são mais cinematográficos, como um assassino profissional que (em outra viagem de Carax) mata um homem apenas para transformá-lo em uma cópia dele mesmo. Há momentos ainda mais bizarros, como o personagem de um "maluco" (já usado por Carax em outras produções) que sai do esgoto em pleno cemitério de Paris (onde nas tumbas pode-se ler "visite meu website") e começa a comer as flores e atacar as pessoas. Ele finalmente invade uma sessão fotográfica, sequestra a modelo (Eva Mendes) e transforma seu parco vestido em uma burca improvisada. A cantora australiana Kylie Minogue interpreta uma "companheira de profissão" do Sr. Oscar que, em uma paródia aos musicais americanos, conversa com ele cantando. Há uma sequência fantástica em que o Sr. Oscar veste uma daquelas roupas pontilhadas usadas por atores em filmes de computação gráfica; ele e uma companheira interpretam uma cena de sexo virtual que, em outra tela, pode ser vista finalizada.

É um filme incomum e, a bem da verdade, é necessário estar com o espírito preparado para apreciá-lo. Percebe-se grande influência dos filmes de David Lynch. Há ótimos momentos isolados (como uma sequência musical interpretada por um grupo de sanfoneiros, veja clicando aqui) entrecortados  por sequências feitas aparentemente apenas para chocar ou, o que é pior, terem algum significado "artístico" ou "intelectual". O título (também incomum) encontra explicação nas cenas finais, quando várias limousines iguais são vistas entrando em um prédio enorme. "Holy Motors" vale por algumas cenas específicas e pelo seu modo anárquico mas, repetindo, não é para todos os gostos. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Viagem

O título brasileiro para "Cloud Atlas" não poderia ser mais apropriado (ou irônico). Feito a seis mãos, "A Viagem" é um épico que mistura gêneros, épocas e até mesmo raças para contar uma história geral a partir de seis tramas individuais. A direção, produção e roteiro é dos irmãos Andy e Lana Wachowski, criadores da série "Matrix", e do alemão Tom Tykwer, baseados em um livro escrito por David Mitchell. O filme é quase impossível de resumir. São várias histórias e diversos personagens interpretados por um mesmo grupo de atores, Tom Hanks (Tão Forte e Tão Perto), Halle Berry, Jim Sturgess, Jim Broadbent, Hugo Weaving (O Hobbit), Ben Whishaw (Skyfall), Doona Bae, Keith David e James Darcy, entre outros.

Em uma época em que os cinemas estão cheios de remakes, continuações e/ou adaptações de quadrinhos, é louvável que um filme original como este tenha sido feito. O problema com "A Viagem" é que ele promete muito mais do que efetivamente cumpre. A campanha publicitária para a produção, que foi um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos, foi enorme e um trailer de aproximadamente seis minutos foi exibido por vários meses no Brasil, enaltecendo o lado "inspirador" e de "autoajuda" do filme, com direito a um narrador tentando explicar a história ao dizer que "tudo está conectado".

As tramas lidam, basicamente, com situações que mostram uma classe superior explorando uma classe inferior. No século 19, Jim Sturgess é um advogado que faz amizade com um escravo fugitivo que entrou como clandestino em um navio. Nos anos 1930, Ben Whishaw é um músico homossexual que começa a trabalhar para um grande (mas decadente) compositor interpretado por Jim Broadbent. Nos anos 1970, Halle Berry é uma jornalista que está investigando uma empresa corrupta que explora a energia nuclear. Em 2012, Jim Broadbent é um editor de livros que é enviado contra própria vontade a  uma casa de repouso e tenta escapar. Em um futuro distante, na "Nova Seoul", Coréia, uma garçonete-clone chamada Sonmi-451 é recrutada pela rebelião para ser a líder da resistência contra a "Unanimidade". Um século depois, Tom Hanks vive em um mundo pós-apocalíptico em que sua tribo (que vive em um estado quase pré-histórico) convive com uma raça superior representada por Halle Berry, que quer enviar um sinal para colônias espaciais. Em todas estas histórias há uma relação entre uma casta superior e outra inferior, praticamente escrava, que quer se rebelar. Algumas tramas são muito mais interessantes que outras, em particular as que envolvem Ben Whishaw como músico, a Coréia futurista e principalmente a sociedade pós-apocalíptica vivida por Tom Hanks. Outras tramas são indiferentes ou mesmo desnecessárias; a que se passa na casa de repouso pode ter algumas das poucas cenas engraçadas do filme (que no geral é bastante sério), e Jim Broadbent é sempre um ótimo ator, mas poderia ser facilmente descartada.

O problema com as tramas principais é que todas, apesar de uma edição bem feita que as conecta, criam um suspense e uma expectativa de que "algo" muito relevante vai acontecer no final, prometendo uma "revelação" que não chega. Por mais interessante que seja a história da clone coreana vivida por Doona Bae, fica difícil entender porque a resistência precisa dela; o que é que ela tem a oferecer? Esta trama, aliás, lembra muito o próprio "Matrix" dos irmãos Wachowski e é fácil entender o que os atraiu para este roteiro. Na trama protagonizada por Tom Hanks e Halle Berry, eles sobem uma montanha e o espectador fica esperando que algo espetacular seja encontrado lá em cima, mas não. E quem é aquela figura sombria, vestindo uma cartola e totalmente fora de lugar, que fica assombrando o personagem de Hanks? E para um filme que supostamente quer celebrar a "vida", "A Viagem" apresenta algumas saídas discutíveis para alguns personagens, particularmente um que escolhe o suicídio. Tecnicamente impecável, "A Viagem" tem boa fotografia, edição, efeitos especiais e, claro, maquiagem. Nos créditos, aliás, é possível ver os personagens que cada ator interpretou. "A Viagem" é ambicioso e original mas, com quase três horas de duração, é um espetáculo interessante enquanto está sendo visto, mas que não deixa sua marca ao final.

Vencedores Globo de Ouro 2013




Cinema

Melhor Filme – Drama
>>>"Argo"
"Lincoln"
"A hora mais escura"
"Django livre"
"As aventuras de Pi"

Melhor Filme – Comédia ou musical
>>>>"Os Miseráveis"
"O exótico hotel Marigold"
"Moonrise Kingdom"
"O lado bom da vida"
"Amor impossível"

Melhor diretor
>>>>Ben Affleck ("Argo")
Kathryn Bigelow ("A hora mais escura")
Ang Lee ("As aventuras de Pi")
Steven Spielberg ("Lincoln")
Quentin Tarantino ("Django Livre")

Melhor ator – Drama
>>>>Daniel Day-Lewis ("Lincoln")
Joaquin Phoenix ("O mestre")
Denzel Washington ("O voo")
Richard Gere ("A negociação")
John Hawkes ("As sessões")

Melhor ator – Comédia ou musical
>>>>Hugh Jackman ("Os miseráveis")
Jack Black ("Bernie")
Bradley Cooper ("O lado bom da vida")
Ewan McGregor ("Amor impossível")
Bill Murray ("Um fim de semana em Hyde Park")

Melhor atriz – Drama
>>>>Jessica Chastain ("A hora mais escura")
Marion Cotillard ("Ferrugem e osso")
Helen Mirren ("Hitchcock")
Naomi Watts ("O impossível")
Rachel Weisz ("The deep blue sea")

Melhor atriz – Comédia ou musical
>>>>Jennifer Lawrence ("O lado bom da vida")
Emily Blunt ("Amor impossível")
Judi Dench ("O exótico hotel Marigold")
Maggie Smith ("Quartet")
Meryl Streep ("Um divã para dois")

Melhor ator coadjuvante
>>>>Christoph Waltz ("Django livre")
Alan Arkin ("Argo")
Leonardo DiCaprio ("Django livre")
Philip Seymour Hoffman ("O mestre")
Tommy Lee Jones ("Lincoln")

Melhor atriz coadjuvante
>>>>Anne Hathaway ("Os miseráveis")
Amy Adams ("O mestre")
Sally Field ("Lincoln")
Helen Hunt ("As sessões")
Nicole Kidman ("The paperboy")

Melhor trilha original
>>>>Mychael Danna ("As aventuras de Pi")
Alexandre Desplat ("Argo")
Dario Marianelli ("Anna Karenina")
Tom Tyker, Johnny Klimek, Rein Holdheil ("A viagem")
John Williams ("Lincoln")

Melhor canção original
>>>>"Skyfall" ("007: Operação Skyfall")
"For you" ("Ato de valor")
"Not running anymore" ("Amigos inseparáveis")
"Safe and Sound ("Jogos vorazes")
"Suddenly" ("Os miseráveis")

Melhor roteiro
>>>>Quentin Tarantino ("Django livre")
Chris Terrio ("Argo")
Mark Boal ("A hora mais escura")
David O. Russell ("O lado bom da vida")
Tony Kushner ("Lincoln")

Melhor filme estrangeiro
>>>>"Amor" (Áustria)
"Kon-tiki" (Noruega)
"Intocáveis" (França)
"O amante da rainha" (Dinamarca)
"Ferrugem e osso" (França/Bélgica)

Melhor animação
>>>>"Valente" (2012)
"Frankenweenie" (2012)
"Hotel Transilvânia" (2012)
"A origem dos guardiões" (2012)
"Detona Ralph" (2012)


 TV
Melhor série de TV – Drama
>>>>"Homeland"
"Boardwalk empire"
"Breaking bad"
"Downton abbey"
"The newsroom"

Melhor série de TV – Musical ou comédia
>>>>"Girls"
"The big bang theory"
"Episodes"
"Modern family"
"Smash"

Melhor ator em série de TV – Drama
>>>>Damian Lewis ("Homeland")
Steve Buscemi ("Boardwalk empire")
Bryan Cranston ("Breaking bad")
Jeff Daniels ("The newsroom")
Jon Hamm ("Mad men")

Melhor atriz em série de TV – Drama
>>>>Claire Danes ("Homeland")
Connie Britton ("Nashville")
Glenn Close ("Damages")
Michelle Dockery ("Downton abbey")
Julianna Margulies ("The good wife")

Melhor ator em série TV – Comédia ou musical
>>>>Don Cheadle ("House of lies")
Alec Baldwin ("30 Rock")

Louis C.K. ("Louis"
)
Matt LeBlanc ("Episodes")

Jim Parsons ("The big bang theory")

Melhor atriz em série de TV – Comédia ou musical
>>>>Lena Dunham ("Girls")
Zooey Deschanel ("New girl")
Tina Fey ("30 Rock")
Julia Louis-Dreyfus ("Veep")
Amy Poehler ("Parks and recreation")

Melhor minissérie ou filme para TV
>>>>"Virada no jogo"
"The Girl"
"Hatfields & McCoys"
"The hour"
"Political animals"

Melhor ator em minissérie ou filme para a TV
>>>>Kevin Costner ("Hatfields & McCoys")
Benedict Cumberbatch ("Sherlock")
Woody Harrelson ("Virada no jogo")
Toby Jones ("The girl")
Clive Owen ("Hemingway & Gelhorn")

Melhor atriz em minissérie ou filme para a TV
>>>>Julianne Moore ("Virada no jogo")
Nicole Kidman ("Hemingway & Gelhorn")
Jessica Lange ("American horror story")
Sienna Miller ("The girl")
Sigourney Weaver ("Political animals")

Melhor ator coadjuvante em minissérie ou filme para a TV
>>>>Ed Harris ("Virada no jogo")
Max Greenfield ("New girl")
Danny Huston ("Magic city")
Mandy Patinkin ("Homeland")
Eric Stonestreet ("Modern family")

Melhor atriz coadjuvante em minissérie ou filme para TV
>>>>Maggie Smith ("Downton abbey")
Hayden Panettiere ("Nashville")
Archie Panjabi ("The good wife")
Sarah Paulson ("American horror story")
Sofia Vergara ("Modern family")