Grant e Fiona estão casados há 44 anos. Foi ela quem propôs, aos 18 anos, a idéia de que "seria legal se eles se casassem". Ele aceitou na hora porque não conseguiria ficar longe dela. Agora, na casa dos 60 anos, eles ainda se amam e estão juntos fisicamente, mas há um problema. Fiona (Julie Christie) está apresentando os primeiros sinais de Alzheimmer, e seu marido Grant (Gordon Pincent) nada pode fazer a não ser apoiá-la e estar com ela. Este é um fime que poderia, em mãos menos hábeis, ter se transformado em um dramalhão pronto para a TV, mas a roteirista e diretora Sarah Polley conduz a narrativa com grande talento e sensibilidade. O elenco ajuda muito. Julie Christie está ótima (concorreu ao Oscar de Melhor Atriz no início do ano). Ela é uma verdadeira "dama", nas palavras de uma personagem. O marido a descreve como "direta e vaga... doce e irônica". Os dois são obviamente apaixonados mas inteligentes e cultos o suficiente para saber que o futuro não é promissor. Gordon Pincent dá uma interpretação tocante como um marido que está perdendo a esposa que conhece em frente de seus olhos. Fiona, como que preparando o marido para o pior, e para manter a cabeça ocupada, lê em voz alta livros que descrevem os sintomas da doença e suas conseqüências. quarta-feira, 30 de julho de 2008
Longe Dela
Grant e Fiona estão casados há 44 anos. Foi ela quem propôs, aos 18 anos, a idéia de que "seria legal se eles se casassem". Ele aceitou na hora porque não conseguiria ficar longe dela. Agora, na casa dos 60 anos, eles ainda se amam e estão juntos fisicamente, mas há um problema. Fiona (Julie Christie) está apresentando os primeiros sinais de Alzheimmer, e seu marido Grant (Gordon Pincent) nada pode fazer a não ser apoiá-la e estar com ela. Este é um fime que poderia, em mãos menos hábeis, ter se transformado em um dramalhão pronto para a TV, mas a roteirista e diretora Sarah Polley conduz a narrativa com grande talento e sensibilidade. O elenco ajuda muito. Julie Christie está ótima (concorreu ao Oscar de Melhor Atriz no início do ano). Ela é uma verdadeira "dama", nas palavras de uma personagem. O marido a descreve como "direta e vaga... doce e irônica". Os dois são obviamente apaixonados mas inteligentes e cultos o suficiente para saber que o futuro não é promissor. Gordon Pincent dá uma interpretação tocante como um marido que está perdendo a esposa que conhece em frente de seus olhos. Fiona, como que preparando o marido para o pior, e para manter a cabeça ocupada, lê em voz alta livros que descrevem os sintomas da doença e suas conseqüências. terça-feira, 29 de julho de 2008
Não Conte à Ninguém
"Não conte à ninguém" é um bom thriller francês dirigido por Guillaume Canet. Alex Beck (François Cluzet) é um pediatra que vai passear com a esposa, Margot (Marie-Josée Croze), em um lago. Em um momento em que estão separados, Alex escuta um grito da mulher, é atacado e perde a consciência, caindo na água. Oito anos depois, Alex ainda sente falta da esposa, que foi encontrada morta e desfigurada. Ela teria sido vítima de um serial killer que matou várias mulheres na mesma época. Mas a polícia tem suas dúvidas, e desconfia que foi Alex quem a matou. Ele fora encontrado desacordado fora do lago, e não se sabe quem o tirou da água, por exemplo. Agora, oito anos depois, dois corpos foram encontrados perto do lago e há indícios que podem implicar o pediatra.domingo, 27 de julho de 2008
Belowars (Animamundi parte 2)
Continuando o relato abaixo, após a desastrada sessão de curtas das 17h saí antes do final da Sala 2 e corri para a Sala 1 acompanhar o único longa metragem brasileiro do Animamundi, chamado "Belowars". O filme foi dirigido por Paulo Munhoz e é baseado no livro "A Guerra dentro da Gente", de Paulo Leminski, que não li. Animamundi
Fui ontem conferir um dia na 16a. edição do Festival Animamundi, em São Paulo, no Memorial da América Latina. Dia frio em Sampa, mas havia um grande público presente ao evento. A fila para comprar ingressos para as exibições de curtas e longas era grande, mas andava rápido. O problema é que ainda há certa desorganização nestes festivais, infelizmente. A moça na bilheteria me garantiu que seria possível assistir uma mostra de curtas às 16h, outra às 17h e o longa das 18h, a um valor de seis reais cada uma. Consegui ver a das 16h tranquilo, ok, mas quando ela terminou já eram cinco e quinze, o que significa que a outra sessão, em outra sala, já havia começado. Para complicar, não havia mais lugares para sentar e grande número de pessoas ficou ou em pé ou tendo que discutir com os monitores que não permitiam que se sentasse nas escadas. A problema do horário se repetiu; apesar da programação indicar que a sessão durava menos que uma hora (o que permitiria assistir ao longa das 18h de volta na Sala 01), já era quase 18h e ainda faltavam dois curtas para terminar. Conclusão, dos sete curtas exibidos nesta sessão, pude ver apenas quatro, porque perdi o primeiro e os dois últimos por causa do horário. É ótimo ver que há grande público para este tipo de festival no Brasil e que a animação está atraindo cada vez mais atenção, mas falta ainda um pouco mais de organização (ou informação) na hora de lidar com o público.
Dos filmes vistos, algumas impressões:
Curtas 12
- Fear - dirigido pelo argentino Augustin Grahan, o curta chama a atenção por ser um "animê" produzido por Grahan no Japão entre 2004 e 2007. Com 12 minutos e meio, o curta é tecnicamente muito interessante e extremamante japonês (bem desenhado, interessante, violento). Mostra o embate entre um adolescente e uma estranha criatura que se parece com um assassino que persegue, com um martelo nas mãos, o jovem. Grahan estava na platéia e disse algumas palavras antes do início da sessão.
- Replay - o curta que mais gostei. Sensível e tocante, o animado francês mostra um mundo pós hecatombe nuclear em que uma mulher encontra um gravador em meio aos escombros. Seu filho fica muito interessado na gravação, foge do abrigo e vai até a cidade deserta e morta. Usando um tubo de oxigênio e uma máscara, o menino anda pela cidade abandonada e vai escutando o passado através das gravações na máquina. Ele entra no pátio de uma escola, liga o gravador e escuta o som de crianças brincando, alegres, até que ele começa a ver realmente tais crianças, que o convidam para brincar com elas. Final triste mas emocionante. Com 08:20 de duração. Dirigido por Boumediane/ Delmeule/ Voisin/ Felicite-ZulmaFrança / France [2007].
- Plastic People - de Pavel Koutsky, República Tcheca, 06:00. Uma irônica crítica aos mundo das cirurgias plásticas, o filme é muito engraçado e mostra, através de uma animação simples e tradicional, como uma clínica se transforma em uma espécie de fábrica de mulheres iguais (loiras, seios imensos e cintura fina).
- Mahi (Os Peixes) - animado iraniano de Mahmoud Fakjrinejad, com 05:00. Muito bem feito, em preto e branco, simulando traços a lápis, mostra a vida de um peixe do fundo do mar até acabar dentro da sacola de um pescador.
- La Tête dans Les Flocons - de Bruno Collet, França, 03:00. Comédia meio absurda feita em stop motion mostrando uma corrida sobre skis maluca entre bonecos do "bem" e um do "mal" (todo de preto), montanha abaixo. O clima é bem nonsense e o público riu muito.
- Unpredictable Behaviour - Ernst Weber, Pasha Shapiro, EUA, 05:05. Computação gráfica muito bem feita, mas sem muita graça, mostrando um diálogo entre Sherlock Holmes e o Dr. Watson. Holmes seria, na verdade, um andróide criado pelo Dr. Watson.
- Cânone para 3 Mulheres - Carlos Eduardo Nogueira, Brasil, 08:40. Computação gráfica superproduzida, fianciada pela Petrobrás e contando com grande equipe mas... que filme é este? É uma crítica ao modo de vida de hoje ou um filme machista e preconceituoso mostrando um dia na vida de três mulheres que são idênticas ("gostosas" mas burrinhas, seios enormes, bumbum empinado) e seus chefes aproveitadores. Com mais de oito minutos (intermináveis), o filme é estilizado e é feito por uma série de "loops" animados. O público, ao final, nem aplaudiu.
- Como Instalar seu Home Theater - de Kevin Deters e Stevie Wermers-Skelton, EUA, 06:18. E, de repente...um desenho animado do Pateta?? Este ótimo curta metragem da Disney resgata o clima gostoso dos curtas de antigamente e mostra, com muita ironia, a que ponto chegou a tecnologia das TVs ultra gigantes e dos Home Theaters. Pateta quer assistir aos jogos de futebol americano com a melhor qualidade possível e vai à uma loja procurar pelas novas maravilhas tecnológicas. Seria uma crítica da Disney ao Home Theater, que está tirando espectadores das salas de cinema? Talvez. O fato é que o curta é muito engraçado e fechou com chave de ouro a sessão.
No próximo post, a parte dois do Animamundi.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Nome Próprio
Orkut. Blog. Fotolog. MSN. MySpace. Hotmail. Google. Skype. Youtube. Gmail. Blogger... há dez anos, grande parte destas palavras sequer existia. Hoje há pessoas que passam suas vidas, ou grande parte delas, se expondo online através destas ferramentas. Eu não sou exceção e, se você está lendo este texto agora, é bem possível que também não seja. "Nome Próprio" é um filme forte e atual sobre uma moça que é personagem de si mesma. Uma mulher que decidiu que vai "viver intensamente" e que, quando a vida não é intensa por si só, faz alguma coisa para puxar o próprio tapete. Uma pesquisa rápida no orkut pelas palavras "viver intensamente" retorna mais de mil resultados. Nestas comunidades você lê descrições como: "VIVA A VIDA INTENSAMENTE, CURTA CADA MOMENTO DE SUA VIDA", ou "A vida acontece sempre no presente.. não devemos economiza-la!O melhor sempre acontece no AGORA!...". É de se pensar que tipo de felicidade é esta que se busca a qualquer preço, a qualquer momento. domingo, 20 de julho de 2008
Control
Pouca gente ouviu falar na banda inglesa Joy Division. Nascida no movimento punk, em Manchester, Inglaterra, a banda lançou apenas dois álbuns e prometia uma carreira de muito sucesso não fosse o suicídio de seu vocalista e letrista Ian Curtis. Aos 23 anos, sofrendo de epilepsia e problemas familiares, Curtis se matou e entrou para a galeria dos famosos póstumos do rock, enquanto os sobreviventes de sua banda deram uma guinada musical e se reformaram como o New Order, uma das bandas pop/eletrônico mais populares da história. A história de Ian Curtis e do Joy Division se tornou filme nas mãos de Anton Corbijn, fotógrafo europeu que fez grande carreira como um dos criadores do visual da banda irlandesa U2, nos anos 80, e que dirigiu vários videoclipes do grupo. O filme, claro, tem uma bela direção de fotografia em preto e branco que retrata a Inglaterra no final dos anos 70. Os atores recriaram perfeitamente a banda original nos mínimos detalhes, chegando inclusive a tocar as músicas de Curtis e do Joy Division. Há vários videos no youtube mostrando a banda real tocando, e o retrato mostrado no filme é bastante fiel.
trailer:
o Joy Division (real) tocando:
sábado, 19 de julho de 2008
Batman - O Cavaleiro das Trevas

O "fantasma" do 11 de setembro paira sobre o filme. O Coringa é chamado várias vezes de "terrorista" e certas cenas lembram o ataque que destruiu o World Trade Center. O próprio poster do filme (veja acima), me lembrou muito a imagem do avião invadindo as Torres Gêmeas (compare ao lado). O Coringa não está interessado em dinheiro. Como diz Alfred (o grande Michael Caine) a seu patrão, algumas pessoas só querem ver o circo pegar fogo. Heath Ledger desaparece na figura terrível do Coringa, cujas cicatrizes no rosto o deixam permanentemente com um sorriso macabro. A trilha sonora (de Hans Zimmer e James Newton Howard) criou uma nota distorcida que fica soando toda vez que o Coringa está em cena, e há a sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. O tema do antagonismo, da existência de lados opostos e da escolha permeia todo o filme. O Coringa representa o próprio "Medo" encarnado, a existência de um mundo sem ética, moral ou regra de qualquer espécie. Há uma cena em que Batman está batendo nele, tentando tirar uma informação, e ele diz simplesmente que não há nada que ele possa fazer para assustá-lo, pois ele não conhece limites. Até Batman tem limites e regras, como foi visto no primeiro filme (quando Bruce Wayne, em seu treinamento no Oriente, se recusou a matar um homem desarmado).segunda-feira, 14 de julho de 2008
Wall-E
Engraçado como o cinema americano está fatalista ultimamente. É filme atrás de filme mostrando a Terra (ou os Estados Unidos, o que para eles é a mesma coisa) destruída por alguma catástrofe natural, um vírus, um meteoro, ou o que seja. O exemplar mais novo deste "gênero" vem dos estúdios da PIXAR na forma de um robô que, aparentemente, é o último ser "vivo" do planeta (sem contar uma barata que lhe faz companhia). Falar bem da PIXAR é chover no molhado, mas vamos lá: que filme bem feito tecnicamente. Os artistas "nerds" do estúdio californiano enchem a tela (e os olhos dos espectadores) com literalmente milhares de pequenos detalhes impressionantes. Não há um frame sequer desleixado em um filme da PIXAR, e é por isso que eles se tornaram o estúdio de animação mais bem sucedido e criativo do mundo nos últimos anos.O robô é chamado de Wall-e (que é a sigla para "alocador de lixo terrestre", ou algo assim), e sua única missão na vida é compactar o lixo em cubos e empilhá-lo em montanhas de dejetos. Estamos aproximadamente no ano de 2800, se minhas contas estiverem corretas, e a Terra se tornou, literalmente, um monte de lixo da superfície até a órbita, cheia de restos de satélites. O filme começa com uma surpresa, uma canção do musical "Hello Dolly", dirigido pelo gênio sapateador Gene Kelly, em 1969, com Barbara Streisend e Walter Matthau no elenco. Explica-se, a música é tocada pelo pequeno robô o tempo todo durante seu turno de trabalho, e ele guarda uma velha (muito velha) fita VHS do filme em sua "casa", um furgão cheio de bugigangas e peças de reposição. O cenário é impressionante e a trama vai sendo revelada aos poucos através de objetos de cena e outdoors animados que vão contando a história da humanidade: o mundo se tornou inabitável e os seres humanos fugiram para o espaço. Para trás ficaram robôs como Wall-e com a missão de limpar tudo e tornar o planeta habitável novamente. Mas 700 anos se passaram, o lixo se acumulou em pilhas maiores que os arranha-céus das metrópoles e os robôs foram parando um por um, com exceção de Wall-e que, fiel a seu propósito, continua trabalhando sem parar.
O filme é co-escrito e dirigido por Andrew Stanton, responsável por "Procurando Nemo", e ele comete algumas ousadias. Grande parte do animado é passado sem nenhum diálogo, apenas com imagens e expressões de Wall-e para passar a história. Há um sem número de referências, mas a principal (e que vai se tornando cada vez mais óbvia) é o clássico "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, que também tinha uma longa primeira parte passada no "silêncio" de uma Terra sem seres humanos. O filme tem um visual espetacular e uma "câmera" quase sempre em movimento, com constantes mudanças de foco e pequenos movimentos que parecem sugerir o ponto de vista de outra máquina. A tecnologia da computação gráfica percorreu um longo caminho desde que Toy Story estreou nos cinemas em 1995.
A solidão do pequeno robô termina quando uma gigantesca nave desce dos céus e dela sai outro robô, muito mais avançado tecnicamente do que Wall-e. Na verdade é "uma" robô chamada EVA, que veio à Terra procurar por sinais de vida. Wall-e se "apaixona" perdidamente por ela e tenta conquistá-la seguindo as cenas que sempre viu no musical "Hello Dolly". EVA só quer saber de sua missão e, de fato, ela encontra uma pequena planta e entra em "hibernação". A nave volta e retorna ao espaço com EVA a bordo, e Wall-e vai de carona. As cenas da viagem espacial são de uma poesia tocante e servem de ponte para a segunda parte do filme, passada dentro de uma gigantesca nave espacial onde os descendentes da Humanidade vivem. E a visão não deixa de ser assustadora. A nave (ou o novo lar dos humanos) é mostrado como um gigantesco shopping center em que as pessoas, gordas e sedentárias, são conduzidas de um lado para o outro em cadeiras flutuantes, se comunicando apenas por programas de "chats" e seguindo a mesma moda. É obviamente uma crítica à sociedade de consumo que produziu todo aquele lixo que destruiu o planeta e um retrato do americano médio, consumista, gordo e infantilizado. Se não estivesse assistindo a uma animação "para crianças" feita por um grande estúdio americano, juro que acharia que estava vendo uma crítica ácida e adulta ao mundo em que vivemos.
Wall-e tem um pouco de E.T., um pouco de Star Wars, um pouco de 2001, e muito da cultura pop atual. Quando Wall-e liga, por exemplo, faz o mesmo som que meu iMac 600 da Apple fazia (e, creio, os Macs ainda fazem ao ligar). A mensagem ecológica está meio batida hoje em dia, mas o filme é maior do que isso. E a PIXAR impressiona novamente com sua mágica de conseguir misturar alta tecnologia na produção com um coração que bate em seus roteiros elaborados. E que venha o próximo Oscar.
Vencedores do I Festival Paulínia de Cinema
Segue a lista dos vencedores:
- Melhor Filme: Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins
- Prêmio Especial do Júri: Walter Lima Júnior, diretor de Os Desafinados (leia crítica abaixo)
- Melhor Diretor: Selton Melo, por Feliz Natal
- Melhor Ator: Paulo José, por Pequenas Histórias
- Melhor Atriz: Claudia Abreu, por Os Desafinados
- Melhor Ator Coadjuvante: Ângelo Paes Leme, por Os Desafinados
- Melhor Atriz Coadjuvante: Darlene Gloria e Graziella Moretto, por Feliz Natal (por unanimidade)
- Melhor Roteiro: Helvécio Ratton, por Pequenas Histórias
- Melhor Documentário: Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Michael Langer
- Prêmios Especiais - Documentários: Iluminados, de Cristina Leal Castelar, e Nelson Dantas no País dos Generais, de Carlos Alberto Prates Correia
- Menção Especial: Fabrício Reis por sua atuação em Feliz Natal, de Selton Mello
- Melhor Fotografia: José Roberto Eliezer, por Encarnação do Demônio
- Melhor Montagem: Paulo Sacramento, por Encarnação do Demônio
- Melhor Trilha Sonora: André Abujamra e Marcio Nigro, por Encarnação do Demônio
- Melhor Edição de Som: Ricardo Reis, por Encarnação do Demônio
- Melhor Direção de Arte: Cássio Amarante, por Encarnação do Demônio
- Melhor Figurino: Fabio Namatame, por Onde Andará Dulce Veiga
domingo, 13 de julho de 2008
Feliz Natal
Li uma estatística uma vez que dizia que o stress das festas de final de ano é responsável por um aumento nas mortes por ataque cardíaco. Não sei se é verdade, mas me lembrei disso enquanto assistia a "Feliz Natal", filme de estréia na direção do ator Selton Mello, exibido dia 11 último no I Festival Paulínia de Cinema. Selton é sem dúvida uma das grandes figuras no cenário do cinema brasileiro recente, presente em filmes tão diferentes como "Lavoura Arcaica" e "O Cheiro do Ralo" como mais comerciais e leves como "O Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro". Pode-se até dizer que ele sofre de certo excesso de exposição, a ponto de se tornar um pouco repetitivo. Nada melhor, então, do que passar para o lado de trás das câmeras e colocar o chapéu de diretor. Em "Feliz Natal", Selton também assina a produção, o roteiro (com Marcelo Vindicatto) e a edição do filme. Selton Mello, grande fã do cinema nacional, europeu e do cinema americano marginal, claramente bebeu dessas fontes para criar sua versão de cinema. Os silêncios "europeus" de "Feliz Natal" por vezes são entrecortados por momentos mais "marginais" de humor, vindos principalmente das crianças (uma delas filho de Guarnieri; o outro menino, maravilhoso, infelizmente não peguei o nome). A (má?) influência da internet, por exemplo, rende momentos engraçados como quando os garotos vão procurar a definição de "menstruação" na web e a descrevem para os outros convidados da festa. E há a presença sutil de Tarantino em alguns diálogos trocados pelos amigos de infância que Caio vai visitar em sua passagem pela cidade.
sábado, 12 de julho de 2008
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Os Desafinados
É uma e vinte da manhã e acabei de chegar da exibição de "Os Desafinados" no I Festival de Cinema de Paulínia. O filme foi mostrado no novíssimo teatro da cidade que, assim como todo o projeto cinematográfico de Paulínia, tem proporções faraônicas. O auditório tem capacidade para mil e trezentas pessoas, e a entrada estava decorada estilo "Hollywood", com direito a luzes cortando o céu e um longo tapete vermelho (simulando o Oscar) até a entrada do teatro. O filme estava marcado para começar às 20h, mas houve um atraso considerável até a entrada ser liberada para o público que esperava na fila no saguão do teatro.O apresentador Serginho Groisman deu as boas vindas ao público e, antes da exibição do longa metragem, chamou ao palco Elke Maravilha, espalhafatosa como sempre, pois seria exibido um curta metragem a seu respeito (o curta é apenas razoável, dirigido pela filha de Sérgio Rezende). O ator Ney Latorraca entregou um prêmio especial ao diretor Mauro Lima pelo filme "Meu nome não é Johnny", que foi aceito pela produtora do filme e por Selton Mello, grande figura do cinema nacional recente. Selton mal desceu do palco e teve que voltar novamente, como parte do elenco de "Os Desafinados", o filme principal da noite. Também ao palco subiu o diretor Walter Lima Jr, que falou um pouco sobre a produção. Ele disse que parte do filme foi feita em Nova York e que as cenas da década de 1960 foram todas compradas de arquivos de imagens americanos. "Eles são muito organizados", disse o diretor. Na prática, o filme levou oito anos para ser finalizado, mas Walter Lima disse que o filme estava com ele há trinta anos. "Há vários filmes dentro da gente. Quando se encontram pessoas que sonham junto, a gente se enche de coragem", disse o diretor. E então, finalmente, "Os Desafinados" foi exibido.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Escutando Eduardo Coutinho
terça-feira, 1 de julho de 2008
Navegando no deserto
CORTE
Anos depois eu estava no Cine Paulista, em São Paulo, tremendo de frio por causa do ar condicionado e, para meu espanto, aquela memória da infância estava se repetindo na tela. Era o ano de 1989 ou 1990, creio, e os cinemas estavam reprisando o clássico "Lawrence da Arábia", de 1962, em versão restaurada. Nunca havia visto o filme inteiro, e apesar da tela do Paulista não ser nenhuma super tela, era bom poder apreciar o clássico de David Lean no cinema. Revi o filme (de quase quatro horas de duração) umas quatro ou cinco vezes nos cinemas, depois em VHS e finalmente em DVD. Lawrence foi talvez o maior dos épicos, influenciador de vários cineastas que fizeram sucesso depois, como Steven Spielberg e Martin Scorsese. Várias marcas de Lawrence podem ser vistas no cinema de Spielberg, como as grandes paisagens, os travellings acompanhando os personagens e a presença do Sol na tela, em filmes como Caçadores da Arca Perdida, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Império do Sol, entre outros. Spielberg declarou que o filme é um dos que sempre assiste antes de começar qualquer nova produção. Ele e Scorsese financiaram o restaurador Robert A. Harris no trabalho arqueológico de procurar as cópias restantes do filme mundo afora para remontar a versão original de 1962, que estava praticamente perdida.
O filme deu a Peter O´Toole seu primeiro papel no cinema e ele está estupendo. No resto do elenco atores do calibre de Alec Guinness, Anthony Quinn, Claude Rains, Arthur Kennedy, entre outros, e praticamente nenhuma mulher. A maravilhosa trilha sonora foi composta por Maurice Jarre, que se tornaria colaborador frequente de David Lean. No video abaixo pode-se ver uma apresentação de Jarre regendo a trilha do filme em homenagem a Lean, que morreu em 1991. São várias as cenas antológicas: o corte do fósforo que O´Toole assopra para a cena do deserto, a primeira cena de Omar Sharif surgindo no horizonte, a sequência da tomada de Aqaba, o sol nascendo na tela exatamente no momento em que um ator a cruza, a já citada cena do navio em pleno deserto. Obra prima.