quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Eu, Anna

Saber "quem matou" é a coisa menos importante neste filme de suspense. "Eu, Anna" tem muito "clima" e boas interpretações da dupla principal de atores veteranos. Charlotte Rampling (também nas telas em "Trem Noturno para Lisboa") está com 67 anos e, ao contrário de muitas atrizes por aí, nunca fez questão de esconder a idade. Ela é Anna, uma mulher divorciada que, solitária, procura por um companheiro em reuniões de solteiros. Em uma destas reuniões entra Bernie (Gabriel Byrne, sempre sóbrio), um inspetor de polícia que está ali para...vamos por partes.

Bernie está investigando o assassinato de um homem, George Stone (Ralph Brown) que morreu com uma pancada na cabeça; Bernie chega à cena do crime às cinco da manhã e encontra, saindo do prédio, uma bela mulher (Rampling), com quem fica intrigado. Uma mistura de interesse pessoal e faro profissional o faz investigar Anna, a quem segue pelas ruas de Londres. Anna mora com a filha Emmy (Hayley Atwell, de "Capitão América: O Primeiro Vingador") e uma neta de dois anos, Chiara. Em flashbacks sangrentos, ficamos sabendo que Anna havia estado com o homem que foi assassinado, mas ela é culpada? Há outros suspeitos, como o filho do morto, Stevie (Max Deacon), que estava devendo dinheiro para traficantes; teria sido o crime motivado por um problema com drogas? Mas, como disse, saber quem foi o culpado ou culpada fica em segundo plano; o que importa ao filme é o estranho relacionamento entre o policial Bernie e Anna. Ele a segue até uma das reuniões de solteiros, se apresenta e os dois se sentem à vontade um com o outro, apesar de ser claro que ambos guardam segredos e mágoas do passado. Bernie está realmente interessado romanticamente ou quer desvendar um crime?


"Eu, Anna" foi escrito e dirigido pelo filho de Charlotte Rampling, Barnaby Southcombe (enteado do músico francês Jean-Michel Jarre), em sua estréia em longas metragens. Southcombe faz um filme com muita atmosfera, aproveitando muito a boa direção de fotografia de Ben Smithard e a trilha sonora (de alguém que assina "K.I.D."). O roteiro, baseado em um livro de Elsa Lewin, guarda surpresas para o final. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.

Câmera Escura

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Trem noturno para Lisboa

Raimond Gregorius (Jeremy Irons, de "Margin Call") é um professor suíço que salva a vida de uma garota em Berna, quando ela ia pular de uma ponte. A moça desaparece e deixa para trás um livro intitulado "Ourives das Palavras", de um médico português chamado Amadeu de Prado. Dentro do livro, Gregorius encontra uma passagem de trem para Lisboa e, em um impulso, vai para a estação e toma o trem; começa, assim, sua aventura em busca da moça que lhe deixou o livro e sobre o autor.

"Trem noturno para Lisboa" é dirigido por Bille August, que já havia trabalhado com Jeremy Irons em "A Casa dos Espíritos", de 1993. O roteiro (adaptado por Greg Latter e Ulrich Herrmann) é baseado no best seller do suíço Pascal Mercier (lançado em 2004). O filme tem um ritmo lento e segue a estrutura clássica de um thriller de mistério, ainda que Gregorius não saiba exatamente o que está procurando. Desconheço o tom do livro, mas o filme se aproxima perigosamente a cair em um daqueles textos de auto-ajuda, cheios de boas intenções mas um tanto superficiais. Gregorius fica fascinado com as palavras de Amadeu de Prado e, logo ao chegar em Lisboa, entra em contato com as pessoas que o conheceram em vida, como a misteriosa irmã Adriana (Charlotte Rampling) ou amigos como João Eça (Tom Courtenay), da época em que Prado havia lutado contra a ditadura de António de Oliveira Salazar. O filme, bem editado por Hansjörg Weißbrich, costura longos flashbacks dos anos 1970, durante a ditadura, com sequências no presente, seguindo Jeremy Irons enquanto ele tenta reconstruir a vida de Amadeu de Prado (Jack Huston).


Há uma licença poética que pode confundir um pouco o espectador, que não vai conseguir entender em que língua os personagens estão falando. Todos, independente da nacionalidade, conversam entre si em inglês fluente. O fato de Gregorius ser interpretado por Jeremy Irons, com seu inglês britânico impecável, nos faz pensar que ele é um professor inglês que trabalha na Suíça. A coisa fica mais complicada em Portugal, já que os portugueses também se comunicam em inglês, mesmo nos flashbacks dos anos 1970, o que não faz nenhum sentido. Isso só se explica pelo fato do filme ser uma co-produção internacional, feita para o mercado mundial. O elenco, além de Jeremy Irons, tem grandes nomes como Mélanie Laurent (Truque de Mestre), August Diehl, Lena Olin e até uma participação de Christopher Lee (com 91 anos). A direção de fotografia de Filip Zumbrunn valoriza a luz de Lisboa e, nesta época de blockbusters de super heróis sendo lançados semanalmente, não deixa de ser um alívio ver um filme habitado por pessoas de carne e osso, andando por ruas de verdade, e não em cenários criados em computação gráfica. Em cartaz no Topázio Cinemas, em Campinas.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas

A continuação do filme de 2012, "Jogos Vorazes", chega com todas as características de um "filme do meio" de uma trilogia (a terceira parte, na verdade, será dividida em dois filmes). É mais sério, mais pesado e termina sem uma resolução. Baseado na série de livros adolescentes escritos por Suzanne Collins, "Em Chamas" é, também, um daqueles filmes à prova de crítica. Ele foi criado para um público cativo (jovens garotas, em sua maioria) que vão ao cinema sabendo exatamente o que os espera, e acompanham cada cena com gritinhos de prazer; na fileira de trás, uma garota recitava todas as frases dos personagens.

Dirigido por Francis Lawrence ("Eu sou a Lenda", "Constantine"), "Jogos Vorazes: Em Chamas" traz um elenco composto por grandes atores, como Philip Seymour Hoffman (que faz Plutarco, o novo organizador dos Jogos), Stanley Tucci (se divertindo ao interpretar um alucinado apresentador de TV), Woody Harrelson (Haymitch) e Donald Sutherland (Presidente Snow), mas as adolescentes foram ao cinema suspirar pelo "irmão do Thor", Lian Hemsworth, que interpreta Gale, um dos vértices do triângulo amoroso completado por Jennifer Lawrence (Katniss Everdeen) e Josh Hutcherson (Peeta Mellark). Após vencerem os 74º Jogos Vorazes (uma mistura de Coliseu romano com reality show), Katniss e Peeta precisam continuar a farsa de que eles se amam, enquanto visitam os distritos que fazem parte de Panen. Só que a vitória, ao invés de acalmar os distritos, como originalmente planejado, está sendo vista como um sinal de esperança pelo povo que sofre sob o jugo da Capital. O Presidente Snow planeja matá-los convocando-os para uma nova edição dos Jogos, que agora terão como competidores os vencedores anteriores do evento.


Grande parte do filme é uma repetição do capítulo anterior. Há a apresentação dos competidores em um desfile de bigas romanas (Katniss e Peeta entram novamente com as roupas em chamas), há sequências que mostram os competidores treinando para os Jogos, há entrevistas na TV apresentadas por Stanley Tucci (e, novamente, Peeta faz uma "revelação" bombástica), há diálogos quase idênticos entre Lawrence e Lenny Kravitz (que interpreta Cinna, o estilista de Katniss) e cenas de ciúmes entre o triângulo amoroso. De novidade há o novo design do "cenário" em que se passam os Jogos e os novos competidores. O público, claro, adorou o filme. Em uma cena climática, perto do final, uma garota no cinema gritou "Chupa, Snow!", e toda sala aplaudiu. Ano que vem tem mais.

domingo, 17 de novembro de 2013

Blue Jasmine

O telefone toca e Jasmine (Cate Blanchett) corre desesperada para ele. Ela está cansada, desiludida e está se recuperando de um colapso nervoso. Há pouco tempo ela estava organizando recepções em apartamentos de cobertura de Manhattan para o marido rico e bonito, Hal (Alec Baldwin). Hoje ela está vivendo de favor na pequena casa da irmã Ginger (Sally Hawkins), em São Francisco, sem um tostão na carteira e simplesmente desesperada por uma chance de voltar à vida boa, nem que isto signifique depender de outro homem rico.

Jasmine é a personagem principal do novo filme de Woody Allen ("Vicky, Cristina, Barcelona", "Tudo pode dar certo", "Meia noite em Paris"), o gênio novaiorquino que lança um filme por ano há décadas, com resultados variáveis. "Blue Jasmine", felizmente, está entre os ótimos trabalhos do diretor. E grande parte desse sucesso se deve à escalação da atriz australiana como Jasmine. Blanchett está extraordinária. Jasmine é patética; passou anos ao lado de um homem que lhe dava tudo do bom e do melhor, mas ela nunca se questionava de onde o dinheiro vinha. Também fazia vista grossa aos vários casos que Hal tinha com secretárias, modelos, babás e todo tipo de mulher bonita. As atividades criminosas do marido são descobertas pelo FBI e ele acaba se matando na prisão, deixando Jasmine completamente desestruturada. Já a irmã dela, Ginger, é o retrato da mulher comum, trabalhadora (é caixa em um supermercado de São Francisco), tem dois filhos de um casamento fracassado com Augie (Andrew Dice Clay) e está namorando outro "perdedor" (na concepção de Jasmine), um cara chamado "Chili" (Bobby Canavale). Allen está inspirado e escreve cenas generosas para as duas atrizes, e Sally Hawkins faz um ótimo trabalho contracenando com Blanchett.


Apesar de grande parte do filme se passar em São Francisco, os flashbacks que mostram a vida rica de Jasmine são na Nova York de Woody Allen, fotografada em tela larga e cores quentes por Javier Aguirresarobe (o mesmo de "Vicky, Cristina, Barcelona"). O roteiro de Allen usa cenas do presente e do passado para ilustrar a esquizofrenia de Jasmine, que pode ser levada a pensar na vida que levava por coisas simples como o cheiro de um perfume francês. Todo elenco está muito bem e o filme conta ainda com participações de Peter Sarsgaard (de "Lovelace"), do comediante Louis CK e de Michael Stuhlbarg (de "Um Homem Sério"). Allen, aos 77 anos, ainda está em plena forma. Visto no Topázio Cinemas.

Câmera Escura

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma Noite de Crime

Em 2022, os Estados Unidos estão vivendo dias com baixo desemprego e criminalidade graças a uma nova lei instituída pelos novos "Pais da Nação" (referência aos "Founding Fathers", os revolucionários do século 18 que libertaram o país do domínio britânico); a lei institui que, um dia por ano, todos os crimes são permitidos, incluindo assassinato. Na teoria, este dia de expurgo (tradução melhor para o título original, "The Purge") serviria para "limpar" o país da violência ao permitir que todo cidadão liberasse sua "besta interior", em um efeito catártico. Na prática, a lei permite uma limpeza social e racial uma vez por ano, uma vez que os mais atingidos são os pobres e indefesos.

Visto desta forma, a premissa de "Uma Noite de Crime" até promete um filme com alguma profundidade. Puro engano. Produzido por Jason Blum (da série "Atividade Paranormal") com baixíssimo orçamento (US$ 3 milhões de dólares), a trama é só uma justificativa para um "slasher" de terror B, daqueles em os personagens agem da forma menos inteligente possível para garantir os sustos da platéia. O elenco conta com Ethan Hawke, que adora fazer filmes de baixo orçamento e é amigo pessoal dos produtores, além de Lena Headey, a rainha Cercei Lannister de "Game of Thrones", no papel da esposa em perigo. Hawke interpreta James Sandin, o principal vendedor de uma empresa que instala equipamentos de segurança. Por causa da "noite do crime", ele enriquece rapidamente ao vender portas blindadas e sistemas de alarme avançados para toda a vizinhança onde mora. Para ele, tudo está correndo às mil maravilhas em sua família, composta por esposa dedicada e um casal de filhos adolescentes. Acontece que nesta "noite do crime" em especial algo dá errado; o filho de James, Charlie (Max Burkholder) fica com pena de um mendigo que vê pelas câmeras de segurança da casa e o deixa entrar para se proteger.


Alguns minutos depois a casa é cercada por um grupo de jovens vizinhos, todos ricos e educados, mas assassinos sanguinários que vieram reclamar seu direito de matar. Todos eles vem vestidos com seu "kit de filme de terror" particular, ou seja, com máscaras horrendas e facões pingando sangue. Eles conseguem cortar a luz da casa, a invadem, e então se desenrolam todos aqueles clichês que fazem a delícia dos fãs do gênero. Casa às escuras, a família resolve se separar (naquela lógica de filmes de terror) e ir cada um para um canto para enfrentar os invasores. Há várias cenas de corpos sendo atingidos por tiros de grosso calibre, machadadas, facadas, correrias no escuro e entes queridos salvos (ou não) no último instante. No fim das contas, um filme que tinha uma premissa interessante se desenrola como dúzias de outros filmes de suspense/terror que existem por aí. De qualquer forma, "The Purge" fez grande sucesso nas bilheterias americanas (e mais ainda mundo afora), recuperando várias vezes seu baixo orçamento, o que significa que continuações estão a caminho.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Capitão Phillips

Em abril de 2009 um navio cargueiro americano chamado Maersk Alabama foi abordado por quatro piratas da Somália que usavam um simples barco de pesca impulsionado por motores de popa. Apesar da região ser conhecida por este tipo de ataques, ninguém a bordo do Alabama estava armado, o que os fez presa fácil para os piratas. O capitão do navio se chamava Rich Phillips (Tom Hanks), que tentou negociar com Muse (Barkhad Abdi), o líder do grupo de somalianos, a liberação do navio e da tripulação. Hanks novamente interpreta o papel do "homem comum" (que ele faz tão bem) enfrentando uma situação extraordinária; ele será provavelmente indicado mais uma vez ao Oscar (já venceu dois) por causa de uma cena extraordinária no final do filme, da qual falaremos mais tarde.

"Capitão Phillips" é baseado em uma história real (embora aparentemente muito romanceada) e é dirigido por um mestre em filmes de ação, Paul Greengrass (de "A Supremacia Bourne", "O Ultimato Bourne", "Voo United 93", etc). Greengrass é famoso pela câmera nervosa e imagem granulada, em estilo documental, e ele novamente faz uso destas técnicas aqui, embora de forma mais comedida. Ele também tem grande domínio sobre o suspense, e as cenas iniciais de "Capitão Phillips", da partida do navio até o embarque dos piratas, são muito bem feitas, com um ritmo que começa lento e vai acelerando aos poucos. O fato de que praticamente todos os atores serem desconhecidos (ou mesmo amadores escolhidos especialmente para este filme) só aumenta o realismo (e a identificação com Tom Hanks).


Curiosamente, o filme perde um pouco do gás assim que os piratas chegam a bordo. Quase toda a tripulação do Alabama está escondida, e Phillips começa um jogo de paciência com Muse, tentando evitar que ele encontre o resto de seus homens. Há longas cenas mostrando os dois indo de um lado para o outro dentro do grande navio enquanto a tripulação tenta não ser encontrada. Após um confronto com os piratas, eles acabam fugindo do cargueiro em um pequeno barco baleeiro, levando o Capitão Phillips como refém, e o filme muda de rumo. Entra em cena a Marinha americana e Greengrass parece um pouco deslumbrado em mostrar o poderio bélico do gigante americano contra aqueles quatro piratas esqueléticos, desesperados e famintos dentro do barquinho de metal.

ATENÇÃO, AVISO DE (POSSÍVEIS) SPOILERS

E então chegamos à última cena, em que Tom Hanks dá um show que vai lhe garantir mais uma indicação ao Oscar. Esqueçam o suspense, as questões políticas, os erros e acertos do filme que, até aqui, havia sido bom, mas nada de excepcional. Resta apenas a belíssima interpretação de Tom Hanks, esgotado, surrado, coberto de sangue em em choque, em uma cena que vale o filme.

FIM DOS SPOILERS

Há controvérsias sobre se o verdadeiro Capitão Phillips teria sido realmente o herói retratado no filme. Na internet podem ser lidos artigos e entrevistas com outros tripulantes do navio refutando a versão presente no filme e no livro lançado pelo verdadeiro Rich Phillips há alguns anos. Como ficção, no entanto, "Capitão Phillips" é uma boa pedida.

Câmera Escura

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Thor - O Mundo Sombrio

Do grande cartel de super-heróis da Marvel, o deus nórdico Thor é, provavelmente, o mais fantasioso. O filho de Odin (Anthony Hopkins) tem uma enorme capa vermelha, veste uma armadura e tem como arma um martelo. Na pele de Chris Hemsworth ("Rush", "Thor", "Os Vingadores"), o herói é, além disso, um dos mais óbvios "homens objeto" da série produzida pela Marvel. Thor ganhou uma aventura solo em 2011 dirigido pelo shakespeareano Kenneth Branagh, que fez um filme apenas correto, preparando terreno para "Os vingadores" e apresentando, além de Thor, seu meio-irmão Loki (Tom Hiddleston) que sempre rouba a cena quando aparece.

"Thor - O Mundo Sombrio" é dirigido por Alan Taylor, roteirista e diretor de vários episódios da série "Game of Thrones", o que lhe confere autoridade para lidar com um roteiro que mistura fantasia medieval com deuses nórdicos e elfos. É difícil se manter sério ao narrar a sinopse de um filme como este, mas vamos lá. Um prólogo narrado por Sir Anthony Hopkins conta a história dos "Elfos Negros", que viviam nas trevas e criaram uma arma mortal chamada de "éter". O pai de Odin derrotou o líder dos elfos, Malekith (Christopher Eccleston, irreconhecível debaixo da maquiagem) e enterrou o "éter" em um abrigo subterrâneo. Corte para Londres, milênios depois, onde Jane Foster (Natalie Portman) ainda espera pela volta do "rolo" dela, Thor, que sumiu há dois anos e não deu mais notícias (a não ser ao aparecer em Nova York para salvar o mundo em "Os Vingadores"). Foster ainda estuda fenômenos estranhos da Física e sua atenção é atraída para um lugar em Londres em que as leis da gravidade parecem ter ficado malucas. Ela acaba caindo em uma espécie de "portal" e vai parar justamente onde o "éter" estava escondido. Ela é possuída pelo "éter", que ameaça sua vida e faz com que Thor a leve para Asgard para tentar salvá-la. Só que a presença do "éter" em Asgard também atrai Malekith e seus Elfos Negros, que causam tanta destruição que fazem com que Thor peça ajuda a Loki, que está trancado nas masmorras.


O filme é melhor quando embarca de cabeça na fantasia de Asgard e dos outros "reinos" do que na Londres moderna. Londres, aliás, recentemente foi protagonista de outro filme de fantasia, "Além da Escuridão - Star Trek", e a cidade milenar leva uma sova no final deste filme, mesmo que em uma proporção bem menor do que Nova York em "Os Vingadores". Mas Nova York é Nova York, afinal de contas. É curioso ver vencedores do Oscar como Sir Anthony Hopkins sendo ligeiramente canastrões neste filme, ou então ver Stellan Skarsgard pagar mico como Eric Selvig, cientista que parece ter perdido alguns parafusos desde "Os Vingadores". De qualquer forma, "Thor - O Mundo Sombrio" é, no mínimo, superior ao primeiro filme e vale como passatempo.

Câmera Escura

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lançado o primeiro trailer de "X-Men: Dias de um futuro esquecido"



O diretor Bryan Singer volta à franquia "X-Men" em um filme que vai juntar os mesmos personagens em duas épocas diferentes. Veteranos como Patrick Stewart (Xavier) e Ian McKellen (Magneto) vão dividir a tela com suas versões mais novas vistas em "X-Men: Primeira Classe", James McAvoy e Michael Fassbender. A ponte de ligação será o "imortal" Wolverine, vivido novamente por Hugh Jackman.

O filme tem estréia programada para Maio de 2014 e promete ser épico.

domingo, 27 de outubro de 2013

Exposição STANLEY KUBRICK

Excepcional a exposição sobre o diretor Stanley Kubrick no MIS São Paulo. A mostra toma quase todo o museu e os organizadores criaram ambientes para todos os filmes do genial diretor. Fotos, scripts, câmeras, lentes e objetos reais dos filmes são apresentados de forma muito original em salas que recriam cenas das produções. Na ala dedicada a "O Iluminado", por exemplo, o visitante percorre corredores estreitos que simulam o "Overlook Hotel". Atrás de portas corrediças encontram-se objetos do filme, como os vestidos vestidos pelas garotas gêmeas, ou a máquina de escrever usada por Jack Nicholson. A sala dedicada a "Barry Lyndon" exibe a câmera Mitchell BNC modificada por Kubrick para poder usar uma lente especial, com abertura 0.7, capaz de filmar à luz de velas.

Mas a ala mais impressionante é a dedicada a "2001 - Uma Odisséia no Espaço". Uma grande sala simula o quarto de hotel em que David Bowman vai parar no final do filme, e um monolito negro, no meio da sala, exibe imagens da produção. Há uma maquete da "centrífuga", cenário fantástico idealizado por Kubrick para rodar as cenas no interior da espaçonave Discovery. Também podem ser vistas a roupa dos astronautas e até a "fantasia" de macaco usada por atores para simular os habitantes da Terra pré-histórica vista no começo de "2001". A exposição fica no MIS até janeiro de 2014, mas ainda assim a fila para entrar estava bem longa. Um dos motivos é que a organização deixa entrar só algumas pessoas de cada vez. Por um lado é bom, pois o visitante pode percorrer praticamente sozinho todo o local. Por outro lado, a espera fora do museu é longa. Programa obrigatório para fãs de Kubrick e cinema em geral.

MIS São Paulo
Av. Europa, 158 - Jardim Europa, São Paulo - SP, 01449-000
Telefone(11) 2117-4777

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os Belos Dias

Caroline acabou de entrar na "terceira idade" (ou "melhor idade", ou "velhice", depende de como se queira chamar esta fase), mas ainda carrega um "fogo" que a impede de sossegar. Interpretada por uma lenda do cinema francês, Fanny Ardant (ainda bela aos 64 anos), Caroline é uma dentista aposentada que ganha de presente das filhas um "vale" para uma clínica de repouso. Ela vai visitar o lugar e não aguenta passar uma tarde por lá. "Fui humilhada por uma moça de 30 anos", diz ela ao marido, o também dentista Philippe (Patrick Chesnais). Apesar disso, na casa ela conhece um jovem professor de informática, Julien (Laurent Lafitte), que é um conquistador nato. Eles saem para almoçar, ela bebe uma garrafa de vinho e, quando menos se espera, os dois estão se agarrando dentro do carro dele.

Este poderia ser o começo de um drama pesado, mas "Os Belos Dias" não é este tipo de filme. Não chega a ser uma comédia como "Copacabana", com Isabelle Ruppert, sendo um pouco mais sofisticado. Fanny Ardant, com 64 anos, está à vontade no papel e seu personagem é melhor que o próprio filme. Com relação ao tema da terceira idade, "Os Belos Dias" está muito longe da realidade cruel de "Amor", de Michel Haneke. O roteiro e direção de Marion Vernoux é bastante leve, sem muita profundidade, como em "O Quarteto" ou "O Exótico Hotel Marigold". O relacionamento entre Julien e Caroline é aquela mistura de atração carnal com amor materno que existe entre casais com grande diferença de idade. Mesmo quando a traição é exposta, os personagens são muito civilizados (talvez até demais) para fazer muito drama. O filme está em cartaz no Topázio Cinemas, em Campinas.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Feliz Dia dos Professores

Ao mestre com carinho (1967)
Direção: James Clavell (que se tornaria um escritor de bestsellers como "Shogun")
Com Sidney Poitier

  


The Wall (1982)
Direção: Alan Parker
Com Bob Geldolf



Sociedade dos Poetas Mortos (1989)
Direção: Peter Weir
Com Robin Williams, Ethan Hawke, Josh Charles, Robert-Sean Leonard

   


Mentes Perigosas (1995)
Direção: John N. Smith
Com Michelle Pfeiffer




Meu Adorável Professor (1995)
Direção: Stephen Herek
Com Richard Dreyfuss




Escola de Rock (2003)
Direção: Richard Linklater
Com Jack Black

 


A Onda (2008)
Direção: Dennis Gansel
Com Jürgen Vogel

domingo, 13 de outubro de 2013

Gravidade

O diretor mexicano Alfonso Cuarón, que não laçava um filme no cinema desde o excepcional "Filhos da Esperança" (2006), volta à tela grande com um espetáculo audiovisual de tirar o fôlego. "Gravidade" segue a linha de bons filmes realizados sobre astronautas, de "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968), obra-prima de Stanley Kubrick, passando por filmes como "Os Eleitos" (1983), de Philip Kaufmann, ou "Apollo 13", de Ron Howard. Cuarón é um mestre em reger planos sequência que duram por vários minutos (quem não se lembra daquela sequência incrível passada dentro de um carro em "Filhos da Esperança") e, em "Gravidade", usa e abusa do cinema digital, criando sequências intermináveis que mesclam com perfeição efeitos especiais com interpretações de atores de carne e osso (Sandra Bullock e George Clooney).

O filme transcorre como uma longa sequência que se passa quase que em tempo real, mostrando desde o momento em que Bullock e Clooney ficam "náufragos" no espaço após o ônibus especial deles ser destruído por uma chuva de detritos espaciais, até um final apoteótico (e bastante metafórico), que não vamos revelar.

Assista à crítica em vídeo, abaixo, e deixe seus comentários.



Câmera Escura

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aposta Máxima

A crítica deste filme foi feita em forma de vídeo. Não pretendo abandonar as críticas escritas, até porque nem sempre terei as condições para gravar e editar um vídeo, mas fica este como teste.

Divirta-se!



Câmera Escura

domingo, 6 de outubro de 2013

Obsessão

"Obsessão" é trash. Digo, quando o espectador imaginaria ver Nicole Kidman urinando em Zack Efron? Pois é, é neste nível de trash que estamos falando. Em 1969, um jornalista chamado Ward Jansen (Matthew McConaughey) volta para sua pequena cidade natal, na Flórida, para investigar um caso de assassinato. O suspeito é interpretado por John Cusack, que só poderia ser descrito como "nojento". Ele foi condenado à cadeira elétrica pela morte de um policial mas, sabe-se lá o porquê, o jornalista acredita na inocência dele.

O filme é escrito e dirigido por Lee Daniels (de "Preciosa"), com roteiro baseado em um livro de Pete Dexter. É passado no Sul dos Estados Unidos no final dos anos 1960, em uma época de luta pelos direitos humanos e contra o racismo, mas não fica muito claro o que isto tem a ver com a trama. Quando, no início, vemos McConaughey chegando à cidade de Lately, acompanhado de um repórter negro (David Oyelowo), lembramos de filmes como "Mississipi em Chamas" (1988), de Alan Parker, ou "Tempo de Matar" (1996), outro filme de McConaughey, em que ele interpretava um advogado responsável por defender Samuel L. Jackson. Mas "Obsessão" não é este tipo de filme. O racismo é visto o tempo todo, mas ninguém é inocente nesta história (muito menos o repórter negro). "Obsessão" não é um filme de mensagem (a não ser, talvez, a de que todo ser humano é podre). Nicole Kidman interpreta uma ninfomaníaca a quem o termo "vulgar" seria, talvez, um elogio. É daquelas mulheres que se apaixonam por presidiários (no caso, o personagem de John Cusack), com quem ela se corresponde sem nunca tê-lo conhecido. A cena em que os dois se encontram pela primeira vez, a propósito, faz a cruzada de pernas de Sharon Stone em "Instinto Selvagem" parecer uma história para crianças.


Tudo isto é filmado por Daniels com cores quentes e imagem granulada, e o filme cheira a suor, pântanos e jacarés. O propósito de chocar ou mesmo enojar a platéia é evidente e é uma pena que "Obsessão" sequer tente sair da linha trash. É de se imaginar como é que Lee Daniels conseguiu reunir um elenco destes para este filme (talvez o prestígio conseguido com "Preciosa"). Os atores, é verdade, devem ser elogiados pela ousadia. "Obsessão" não deixa de ser uma experiência curiosa mas, no final das contas, é apenas desagradável. Em cartaz no Topázio Cinemas, Campinas.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Renoir

Ambientado nas belas paisagens da Riviera Francesa, em 1915, "Renoir" mostra o ocaso de um grande artista e o nascimento de outro. O pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir (Michel Bouquet, muito bem no papel) estava com 74 anos e sofria com uma artrite aguda que quase o impedia de usar as mãos para pintar. O pintor é visto sendo carregado alegremente de um lado a outro de sua grande propriedade por um grupo de mulheres que, ao instalá-lo em uma paisagem, acabavam também posando para ele. Eram todas, na verdade, ex-modelos que foram ficando e terminaram como suas empregadas (há também a sugestão de que muitas tenham sido suas amantes). Na mesma época, chega da guerra (a I Guerra Mundial) o filho de Pierre-Auguste, Jean, que viria a se tornar o grande cineasta Jean Renoir (Vincent Rottiers). No momento, porém, ele só está interessado em se curar das feridas sofridas no campo de batalha e voltar para o front.

A vida de pai e filho é sacudida com a chegada de uma nova modelo chamada Andrée (Christa Theret). A garota diz que veio posar para o grande pintor, que fica impressionado com ela e volta a pintar todos os dias, apesar das dores provocadas pela artrite. A beleza da moça acaba também mexendo com o jovem Jean Renoir, mas o roteiro não se desenrola da maneira como se espera. Esta sinopse (e o trailer do filme) podem dar a entender que "Renoir" se trata da disputa entre pai e filho pelo amor de uma mesma mulher, mas não. Dirigido por Gilles Bourdos, o filme está mais interessado em mostrar como a beleza influencia a arte, e vice-versa. A ótima direção de fotografia de Mark Ping Bing Lee enche a tela de cores fortes e quentes, como os vermelhos dos pimentões sobre a mesa da cozinha, ou os cabelos ruivos de Andrée ou o amarelo das flores dos campos. Tudo regado pela trilha sonora de Alexandre Desplat.


Filmes sobre artistas costumam seguir algumas convenções, e "Renoir" não é exceção. A obsessão do pintor é retratada em diversas cenas que mostram a dor do artista ao querer pintar debilitado pela artrite, ou então nos problemas familiares causados por seu amor à arte. Por diversas vezes os personagens citam uma esposa que teria morrido recentemente, mas por vezes fica difícil entender quando (ou se) ela morreu. Quando a garota chega à casa de Renoir, por exemplo, ela diz que foi enviada pela esposa dele. "Uma desconhecida enviada por uma morta", diz o velho, filosoficamente. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.